A curta passagem de Ceni pela Toca ficou marcada pelos atritos com atletas experientes, casos do lateral-direito Edilson, do zagueiro Dedé e do meia Thiago Neves. Em contrapartida, o ex-goleiro do São Paulo foi o responsável por dar sequência a jovens como Fabrício Bruno, Cacá e Éderson - este bastante elogiado pela segurança na marcação e na construção de jogadas ofensivas no meio-campo celeste.
Rogério comandou o Cruzeiro em sete jogos no Brasileiro. Sua estreia foi com vitória sobre o Santos, por 2 a 0, no Mineirão. A despedida ocorreu diante do Ceará, no Castelão, com empate por 0 a 0. O treinador contabilizou dois triunfos, dois empates e três derrotas (38% de aproveitamento). Houve ainda uma partida pela Copa do Brasil, da qual o time celeste sofreu revés para o Internacional, por 3 a 0, pela semifinal.
Os oito pontos somados pelo Cruzeiro com Rogério Ceni na Série A já foram superados sob o comando de Abel Braga, no clube desde 27 de setembro. Em seis jogos, a equipe ganhou dois, empatou três e perdeu um, totalizando nove pontos e 50% de aproveitamento. Diferentemente do antecessor, o atual chefe do elenco goza de grande prestígio com os atletas, sobretudo pelo estilo “paizão” e motivador.
O início do trabalho de Abel no Cruzeiro foi com derrota para o Goiás, por 1 a 0, no Serra Dourada, em Goiânia. Depois, dois empates no Mineirão, com Internacional (1 a 1) e Fluminense (0 a 0) - neste último, a arbitragem errou ao anular um gol de cabeça de Fred após consulta ao VAR. No quarto jogo, mais um empate, ante a Chapecoense, com gol sofrido no último lance. Abelão chegou a considerar devastador o momento crítico, porém os atletas responderam da melhor forma possível vencendo São Paulo e Corinthians.
“Não sei se vou estar certo no que vou te responder. Pensei no efeito contrário. Eu estava enganado. Aquele gol, naquele momento, lágrimas no vestiário. Pensei: ‘não sou formado em psicologia, nem nada. Como vou levantar esses caras?’. Eu só sabia que na quarta-feira tinha o São Paulo. Foi uma viagem que desgastou, porque chegamos em casa às 3h. Não fizemos na segunda e nem na terça, fomos para o jogo. Só treinamos um pouquinho taticamente para saber como marcaríamos a saída de bola do São Paulo. Acho que estava errado no que pensei, porque eles reagiram muito bem àquele empate. Isso é surpreendente”, disse Abel Braga.
“Falei no último jogo: estou aqui para ajudar esses caras, para ajudar o clube. Não sei se pensaram, quando o Rogério saiu, em me contratar, ou se tinham outro nome. Falam que um ou outro não quis pegar. Mas conhecendo o clube e a capacidade dos jogadores, eu falei: ‘estou dentro’. O torcedor me deu incentivo muito legal. Então é isso, o que está acontecendo não tem nada a ver comigo, mas com eles. A única coisa que pesa ao meu favor é que eles estão acreditando em mim. Mas são eles quem estão resolvendo. Espero que continue assim”, acrescentou.
Caso o Cruzeiro supere o Fortaleza no sábado, Abel Braga ultrapassará a campanha de Mano Menezes (10 pontos em 11 rodadas - 30,3%) e alcançará a terceira vitória consecutiva no Brasileiro, feito inédito para o clube na edição de 2019.
O Fortaleza também vem em alta em razão do triunfo sobre o Grêmio, por 2 a 1, no Castelão. Com o resultado, o time de Rogério Ceni deu importante passo na luta para permanecer na Série A, chegando a 31 pontos. Ao ser perguntado sobre o reencontro com o ex-clube, o treinador evitou polemizar. “Enfrentar o Cruzeiro é como enfrentar qualquer outro grande time de Série A. Qualquer jogo é sempre motivo de orgulho e isso é muito especial. Para mim todos os jogos são importantes”, comentou o treinador.
Antes de pensar no Fortaleza, o Cruzeiro ficará de olho nesta segunda-feira nos jogos de seus concorrentes na parte de baixo da classificação. O Ceará, 17º, com 26 pontos, enfrentará o Bahia, às 19h30, no Estádio de Pituaçu, em Salvador. Já o CSA, 18º, também com 26, pegará o Botafogo, às 20h, no Estádio Nilton Santos, no Rio de Janeiro. Para seguir fora do Z4, o time celeste - 16º, com 28 - conta com tropeços dos rivais.
Preparação
Como prêmio pelas vitórias sobre São Paulo e Corinthians, Abel Braga estendeu a folga dos jogadores do Cruzeiro. A reapresentação, que ocorreria na tarde desta segunda, passou para a manhã de terça. Existe também a preocupação psicológica em esquecer um pouco a colocação ruim na tabela.
“Na segunda-feira à tarde iríamos nos apresentar, agora não mais. Vamos nos apresentar na terça de manhã, para tirar um pouco da cabeça. Sei bem o que é isso (luta contra o rebaixamento), porque vivi com a Ponte Preta até o último jogo (2003). Esse negócio de cair é uma coisa absurda no aspecto mental”.
O Cruzeiro ainda avaliará a situação clínica do zagueiro Dedé, substituído aos 18 minutos do primeiro tempo contra o Corinthians com dor no joelho direito. Caso ele não tenha condições de enfrentar o Fortaleza, a defesa terá Cacá e Fabrício Bruno.
Desfalque confirmado é o volante Éderson, suspenso pelo terceiro cartão amarelo, que dará lugar a Ariel Cabral ou Jadson. Por outro lado, Abel terá de volta o atacante David, que cumpriu suspensão em São Paulo. A tendência é que ele retorne à equipe na vaga de Marquinhos Gabriel.
Depois do Fortaleza, os rivais do Cruzeiro no Brasileiro são Botafogo (fora), Bahia (casa), Athletico-PR (fora), Atlético (casa), Avaí (casa), Santos (fora), CSA (casa), Vasco (fora), Grêmio (fora) e Palmeiras (casa).
TÉCNICOS DO CRUZEIRO NO BRASILEIRO
Entre parênteses, o aproveitamento de cada um
Abel Braga (50%)
9 pontos
6 jogos
2 vitórias
3 empates
1 derrota
Rogério Ceni (38%)
8 pontos
7 jogos
2 vitórias
2 empates
3 derrotas
Mano Menezes (30,3%)
10 pontos
11 jogos
2 vitórias
4 empates
7 derrotas
Ricardo Resende - interino (33,3%)
1 ponto
1 jogo
1 empate
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