Vices-presidentes do Cruzeiro, Hermínio Lemos e Ronaldo Granata foram notificados, nessa segunda-feira, sobre a Reunião Extraordinária do Conselho Deliberativo que votará o afastamento da chapa eleita em outubro de 2017.
O encontro está marcado para as 19h do próximo dia 21 (segunda-feira), no auditório do Dayrell Hotel, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte.
O documento obtido pelo Superesportes, assinado por Zezé Perrella, presidente do Conselho Deliberativo, também serve para assegurar aos vices o direito à ampla defesa e ao contraditório. Hermínio e Granata poderão apresentar suas defesas por escrito em até cinco dias.
Além disso, conforme oficializou o documento, eles terão 30 minutos na reunião para fazer uma defesa oral aos conselheiros presentes. Antes, outro grupo de associados defenderá razões para que o afastamento seja efetivado. Eles também terão 30 minutos de explanação.
Granata descarta renúncia
Embora todos os trâmites formais estejam sendo cumpridos, ainda há expectativa no Cruzeiro de que Hermínio e Granata, além do presidente Wagner Pires de Sá, decidam pela renúncia coletiva até quinta-feira, data limite determinada por Perrella. Se isso acontecer, a reunião será cancelada.
À reportagem, porém, Granata garantiu que não renunciará. “Jamais renunciei a qualquer coisa na minha vida. Sempre cumpri com meus compromissos de forma honesta. Renuncia ou se afasta de seus cargos que tem problemas, cometeu crimes, não seguiu o que manda o estatuto. Eu não posso ser colocado no mesmo balaio de pessoas que aparecem constantemente em denúncias”, disse.
Na última sexta, quando foi apresentado como novo gestor de futebol do Cruzeiro, Perrella afirmou que já havia recebido um contato extraoficial do segundo vice-presidente. Ele estaria disposto a renunciar. Questionado, Granata deu sua versão.
“Quando o Zezé nos procurou ele disse que iria cassar a chapa que tinha sido eleita em 2017. Eu respondi que, como presidente do Conselho, ele deveria ter tomado essa decisão há dois anos. Depois, na mesma reunião, na frente de várias pessoas, ele disse que queria a nossa renúncia. Nesse momento, o Hermínio e eu nos levantamos e deixamos a sala”, relatou.
“Quando o Zezé nos procurou ele disse que iria cassar a chapa que tinha sido eleita em 2017. Eu respondi que, como presidente do Conselho, ele deveria ter tomado essa decisão há dois anos. Depois, na mesma reunião, na frente de várias pessoas, ele disse que queria a nossa renúncia. Nesse momento, o Hermínio e eu nos levantamos e deixamos a sala”, relatou.
O segundo vice-presidente aproveitou para disparar contra Perrella. Chamou o ex-senador de “semideus” do Cruzeiro e criticou o fato de ele acumular as funções no futebol e na presidência do Conselho.
“O que presenciamos foi simplesmente a troca do semideus do Wagner. Ele tirou os poderes que havia delegado ao Itair (Machado) e entregou ao Zezé. Existe uma perigosa inversão nessa história. Em vez de se preocupar em investigar as denúncias quanto ao maior causador dos estragos que aconteceram no Cruzeiro, o presidente do conselho se uniu ao presidente do clube”, afirmou.
“Quanto ao presidente do Conselho, vejo que ele hoje acumula funções inteiramente incompatíveis. Como pode a pessoa que tem a obrigação de fiscalizar os atos da diretoria ao mesmo tempo fazer parte dela?”, questionou Granata.
Hermínio também irredutível
Primeiro vice-presidente, Hermínio Lemos transferiu os poderes da negociação de uma possível renúncia ao irmão, José Francisco Lemos. Nessa segunda, ao Superesportes, o decano do Conselho Deliberativo do Cruzeiro também indicou que Hermínio não renunciará ao seu mandato.
"Estamos conversando, discutindo. É um conjunto de coisas, precisamos de um entendimento entre as correntes para buscar paz no Cruzeiro", disse Francisco Lemos.
Perguntado se Hermínio estava disposto a renunciar caso a ‘paz’ do clube só fosse possível com essa atitude, José Francisco Lemos foi claro: "Isso não é paz. Se você obriga alguém a fazer algo que não quer, isso não é paz", finalizou.