Torcedores do Cruzeiro iniciaram, nessa quarta-feira, campanha para o afastamento do presidente Wagner Pires de Sá. “2/1 nascemos, 21 renasceremos”, diz a arte divulgada nas redes sociais.
A imagem lembra da criação do clube em 2 de janeiro de 1921 e a data da reunião do Conselho Deliberativo, que votará a possível saída por prazo determinado do atual mandatário celeste. O encontro está marcado para 21 de outubro (segunda-feira), às 19h, no auditório do Hotel Dayrell, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte.
Além dos torcedores, vários conselheiros do clube também adotaram a campanha e publicizaram seus votos a favor do afastamento. Ex-candidato à presidência, derrotado nas urnas por Pires de Sá no segundo semestre de 2017, o advogado Sérgio Santos Rodrigues foi o primeiro deles.
Conselheiro nato e ex-integrante do Conselho Fiscal, Anísio Ciscotto também revelou que votará pelo afastamento de Wagner. No Twitter, ele recebeu grande apoio dos torcedores celestes.
Além de Wagner Pires de Sá, os conselheiros de oposição do Cruzeiro tentarão afastar seus vices, Hermínio Lemos e Ronaldo Granata. No edital publicado nesta quinta-feira, o presidente do Conselho Deliberativo, Zezé Perrella, usa como justificativa os incisos III e IV do artigo 30 do Estatuto do Cruzeiro.
Aí está! pic.twitter.com/WWbji81nWt
%u2014 Anísio Ciscotto (@AnisioCiscotto) October 3, 2019
Como não há qualquer especificação sobre quórum qualificado, os conselheiros entendem que a votação será vencida por quem tiver a metade mais um dos votos, que serão abertos.
Para tentar evitar a reunião e o afastamento, Wagner Pires de Sá e a cúpula do Cruzeiro já trabalham por uma ação na Justiça.
Para tentar evitar a reunião e o afastamento, Wagner Pires de Sá e a cúpula do Cruzeiro já trabalham por uma ação na Justiça.
Wagner não perderia mandato
Ainda que o resultado da votação do dia 21 seja pelo afastamento de Wagner, ele não deixará de ser presidente do Cruzeiro. O mandatário será apenas afastado de suas funções por período determinado e decidido antes do início da votação. Destituição ou impedimento de Pires de Sá exigiria dois terços dos votos.
Itair, Sérgio Nonato e demais diretores
Embora o edital não cite os afastamentos do vice-presidente de futebol Itair Machado, do diretor-geral Sérgio Nonato e de outros integrantes da diretoria executiva, o futuro deles estaria nas mãos do Comitê Gestor caso Wagner seja mesmo retirado temporariamente do cargo. O novo órgão teria, por exemplo, autonomia para demiti-los.
A estratégia para tentar afastar Wagner Pires de Sá foi definida na última segunda-feira, em apresentação para cerca de 80 conselheiros. Segundo apurou a reportagem, nenhum dos convidados pôde fotografar ou realizar gravações durante o encontro.
Crise institucional
O afastamento de Wagner Pires de Sá é pauta da oposição do Cruzeiro desde maio, quando o programa Fantástico, da TV Globo, divulgou uma série de denúncias contra a diretoria do clube baseadas em investigações da Polícia Civil. Dirigentes da atual gestão são suspeitos de cometer crimes de lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e falsificação de documentos. Paralelamente, a instituição também é investigada pelo Ministério Público.
O Cruzeiro ainda é suspeito de quebrar regras da Fifa e da Confederação Brasileira de Futebol na transferência de jogadores.
Na gestão de Wagner Pires de Sá, o Cruzeiro aumentou sua dívida, antecipou receitas da TV Globo até 2022 e passou a atrasar os salários não só de atletas, mas de funcionários das áreas administrativas, das Tocas da Raposa I e II e dos clubes sociais. Ironicamente, diretores, gerentes e outros colaboradores com cargos de coordenação tiveram aumento substancial dos seus salários neste mandato.
Em campo, o time corre risco de rebaixamento no Campeonato Brasileiro.
Sem previsão de receitas extras para 2020, o clube tende a entrar num longo período de austeridade, ainda que confirme sua permanência na elite nacional.