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Diretoria do Cruzeiro prepara ação na Justiça para impedir reunião do Conselho Deliberativo

Presidente do clube, Wagner Pires de Sá espera que encontro para votar seu afastamento, marcado para 21 de outubro, nem sequer seja realizado

postado em 02/10/2019 19:10 / atualizado em 02/10/2019 20:51

<i>(Foto: Bruno Haddad/Cruzeiro)</i>
Capitaneada pelo presidente Wagner Pires de Sá, a diretoria do Cruzeiro prepara ação na Justiça para tentar impedir a realização da reunião do Conselho Deliberativo marcada para as 19h do próximo dia 21, no auditório do Dayrell Hotel, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte.  

A convocação será feita nesta quinta-feira por meio de edital assinado por Zezé Perrella, presidente do Conselho Deliberativo do Cruzeiro. O objetivo é votar um possível afastamento de Pires de Sá e de seus vices, Hermínio Lemos e Ronaldo Granata, além da instauração de um Comitê Gestor.

A informação foi divulgada inicialmente pelo Yahoo Esportes e confirmada pelo Superesportes. Os principais argumentos da diretoria celeste são que não há "instrução processual", "direito da ampla defesa" e outros pontos considerados importantes num rito de afastamento presidencial. O grupo não crê que a Justiça vá autorizar, sequer, a realização da reunião.

Já os opositores entendem que o Estatuto do Cruzeiro dá respaldo para realização da reunião para o afastamento de Wagner. Esse seria, na opinião deles, o primeiro passo do rito. "Não tem como averiguar nada antes do afastamento, porque eles sonegam, inclusive, os documentos", alegou um representante à reportagem.

No edital, divulgado nesta quarta, Perrella usa como justificativa para pedir a saída de Wagner os incisos III e IV do artigo 30 do Estatuto do Cruzeiro, que trata do afastamento de membros da direção executiva. 

Como não há qualquer especificação sobre quórum qualificado, os conselheiros entendem que a votação será vencida por quem tiver a metade mais um dos votos. De acordo com o presidente do Conselho Deliberativo, o pleito será todo aberto.

Ainda segundo a convocação, “os Conselheiros que recebem remuneração do Cruzeiro Esporte Clube, sob qualquer modalidade de contratação (CLT, RPA, Pessoa Jurídica), terão os votos registrados e computados separadamente”. Logo, serão computados nessas deliberações apenas os votos de conselheiros que não mantém relação trabalhista e comercial com o Cruzeiro.

Mesmo que o resultado da votação do dia 21 seja pelo afastamento de Wagner, ele não deixará de ser presidente do Cruzeiro. O mandatário será apenas afastado de suas funções por período determinado e decidido antes do início da votação. Destituição ou impedimento de Pires de Sá exigiria dois terços dos votos.

O Cruzeiro foi procurado e enviou a seguinte resposta à reportagem: "O departamento jurídico acha por bem somente se manifestar se houver a publicação oficial da convocação do Conselho Deliberativo, o que até o momento não aconteceu", disse, por meio de nota. 

Itair, Sérgio Nonato e demais diretores

Embora o edital não cite os afastamentos do vice-presidente de futebol Itair Machado, do diretor-geral Sérgio Nonato e de outros integrantes da diretoria executiva, o futuro deles estaria nas mãos do Comitê Gestor caso Wagner seja mesmo retirado temporariamente do cargo. O novo órgão teria, por exemplo, autonomia para demiti-los.

A estratégia para tentar afastar Wagner Pires de Sá foi definida na última segunda-feira, em apresentação para cerca de 80 conselheiros. Segundo apurou a reportagem, nenhum dos convidados pôde fotografar ou realizar gravações durante o encontro.

Crise institucional

O afastamento de Wagner Pires de Sá é pauta da oposição do Cruzeiro desde maio, quando o programa Fantástico, da TV Globo, divulgou uma série de denúncias contra a diretoria do clube baseadas em investigações da Polícia Civil. Dirigentes da atual gestão são suspeitos de cometer crimes de lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e falsificação de documentos. Paralelamente, a instituição também é investigada pelo Ministério Público.

Leia também: Veja tudo que publicamos e sabemos sobre a crise no Cruzeiro 

O Cruzeiro ainda é suspeito de quebrar regras da Fifa e da Confederação Brasileira de Futebol na transferência de jogadores.

Na gestão de Wagner Pires de Sá, o Cruzeiro aumentou sua dívida, antecipou receitas da TV Globo até 2022 e passou a atrasar os salários não só de atletas, mas de funcionários das áreas administrativas, das Tocas da Raposa I e II e dos clubes sociais. Ironicamente, diretores, gerentes e outros colaboradores com cargos de coordenação tiveram aumento substancial dos seus salários neste mandato.

Em campo, o time corre risco de rebaixamento no Campeonato Brasileiro.

Sem previsão de receitas extras para 2020, o clube tende a entrar num longo período de austeridade,  ainda que confirme sua permanência na elite nacional.

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