O presidente do Conselho Deliberativo do Cruzeiro, Zezé Perrella, convocará oficialmente nesta quinta-feira, dia 3 de outubro, reunião extraordiária para o dia 21, às 19h, no Dayrell Hotel e Centro de Convenções, na qual serão votados os afastamentos do presidente Wagner Pires de Sá e de seus vice eleitos, Hermínio Lemos e Ronaldo Granata, e a instauração de um Comitê Gestor para administrar o clube de forma imediata.
A confecção do edital foi concluída em encontro de lideranças da oposição na manhã desta quarta-feira, na casa do ex-senador, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte.
Para conseguir afastar Wagner Pires de Sá, o grupo de oposição do Cruzeiro precisará da metade mais um dos votos do Conselho Deliberativo.
No edital, obtido nesta quarta-feira pelo Superesportes, Perrella usa como justificativa para pedir o afastamento de Wagner os incisos III e IV do artigo 30 do Estatuto do Cruzeiro, que trata do afastamento de membros da direção executiva. Como não há qualquer especificação sobre quórum qualificado, os conselheiros entendem que a votação será vencida por quem tiver a metade mais um dos votos, que serão abertos.
Ainda segundo a convocação, “os Conselheiros que recebem remuneração do Cruzeiro Esporte Clube, sob qualquer modalidade de contratação (CLT, RPA, Pessoa Jurídica), terão os votos registrados e computados separadamente”. Logo, serão computados nessas deliberações apenas os votos de conselheiros que não mantém relação trabalhista e comercial com o Cruzeiro.
O documento cita a decisão judicial que impede conselheiros remunerados de participar de decisões do clube.
O documento cita a decisão judicial que impede conselheiros remunerados de participar de decisões do clube.
Wagner não perderia mandato
Ainda que o resultado da votação do dia 21 seja pelo afastamento de Wagner, ele não deixará de ser presidente do Cruzeiro. O mandatário será apenas afastado de suas funções por período determinado e decidido antes do início da votação. Destituição ou impedimento de Pires de Sá exigiria dois terços do votos.Itair, Sérgio Nonato e demais diretores
Embora o edital não cite os afastamentos do vice-presidente de futebol Itair Machado, do diretor-geral Sérgio Nonato e de outros integrantes da diretoria executiva, o futuro deles estaria nas mãos do Comitê Gestor caso Wagner seja mesmo retirado temporariamente do cargo. O novo órgão teria, por exemplo, autonomia para demiti-los.
A estratégia para tentar afastar Wagner Pires de Sá foi definida na última segunda-feira, em apresentação para cerca de 80 conselheiros. Segundo apurou a reportagem, nenhum dos convidados pôde fotografar ou realizar gravações durante o encontro.Crise institucional
O afastamento de Wagner Pires de Sá é pauta da oposição do Cruzeiro desde maio, quando o programa Fantástico, da TV Globo, divulgou uma série de denúncias contra a diretoria do clube baseadas em investigações da Polícia Civil. Dirigentes da atual gestão são suspeitos de cometer crimes de lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e falsificação de documentos. Paralelamente, a instituição também é investigada pelo Ministério Público.
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O Cruzeiro ainda é suspeito de quebrar regras da Fifa e da Confederação Brasileira de Futebol na transferência de jogadores.
Na gestão de Wagner Pires de Sá, o Cruzeiro aumentou sua dívida, antecipou receitas da TV Globo até 2022 e passou a atrasar os salários não só de atletas, mas de funcionários das áreas administrativas, das Tocas da Raposa I e II e dos clubes sociais. Ironicamente, diretores, gerentes e outros colaboradores com cargos de coordenação tiveram aumento substancial dos seus salários neste mandato.
Em campo, o time corre risco de rebaixamento no Campeonato Brasileiro.
Sem previsão de receitas extras para 2020, o clube tende a entrar num longo período de austeridade, ainda que confirme sua permanência na elite nacional.