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Cruzeiro reencontra Inter, catalisador de demissão, eliminação e desgaste no clube

Derrotas para equipe gaúcha impulsionaram crise no elenco e comprometeram até mesmo a parte financeira da Raposa

postado em 02/10/2019 09:41 / atualizado em 02/10/2019 10:54

<i>(Foto: LUIZ MUNHOZ/RECORTE DO OLHAR/ESTADAO CONTEUDO )</i>

Na maior crise política e administrativa de sua história, o Cruzeiro tenta ao menos se recuperar no âmbito esportivo e amenizar a insatisfação dos torcedores. No sábado, às 21h, no Mineirão, o time celeste receberá seu maior algoz em 2019, o Internacional, pela 23ª rodada do Campeonato Brasileiro. O adversário traz más lembranças para os cruzeirenses. Foram três derrotas em três duelos em 2019.

O primeiro encontro do ano aconteceu em 12 de maio, no Beira-Rio, em Porto Alegre, pela quarta rodada do Brasileiro. O Cruzeiro tomou dois gols em rebotes de cobranças de falta - Nonato e Rodrigo Moledo - e um de bate-rebate na grande área, de Paolo Guerrero, e perdeu por 3 a 1. Dedé anotou o tento celeste ao pegar de primeira cruzamento de Thiago Neves.

Três meses depois, Cruzeiro e Inter se enfrentaram no Mineirão, em 7 de agosto, pela ida da semifinal da Copa do Brasil. O técnico Mano Menezes estava sob pressão em função do retrospecto ruim de uma vitória em 17 partidas, dos sete jogos sem fazer gol e da eliminação nas oitavas de final da Copa Libertadores, para o River Plate (empates por 0 a 0 e derrota nos pênaltis por 4 a 2).

Apesar de ter mais posse de bola, o Cruzeiro não conseguiu envolver a defesa rival e praticamente não fez o goleiro Marcelo Lomba trabalhar. Já o Inter, especialmente no segundo tempo, criou chances para marcar. Fábio defendeu bem as finalizações de Wellington Silva e Guerrero. Aos 30min, ele voltaria a salvar o Cruzeiro, em mais um chute de Guerrero, de falta, porém não pôde evitar o rebote nos pés de Edenílson. Depois do revés por 1 a 0, o técnico Mano Menezes pediu demissão do clube por “não querer mais estender a fase difícil”.

“A série de jogos, a maneira como a gente está perdendo e as coisas que acontecem como aconteceram hoje dizem que algo precisa ser mudado. Então a conversa foi neste nível e nós entendemos que deveríamos vir aqui fazer este comunicado para o torcedor do Cruzeiro. É isso que estamos fazendo. Acho que não temos muito a falar a respeito disso”, frisou Mano na ocasião.

O escolhido pela diretoria para substituir Mano Menezes foi Rogério Ceni, que estava no Fortaleza. Em sua entrevista, o treinador ressaltou o desafio de tirar o time da parte de baixo da classificação do Campeonato Brasileiro e também o desejo de se tornar campeão da Copa do Brasil. Para ele, era viável conseguir a reviravolta no Beira-Rio, em 4 de setembro.

“Temos ainda um jogo de Copa do Brasil. Claro que tem dificuldades, contra o Internacional, em Porto Alegre, o favoritismo do Inter pelo resultado obtido no primeiro jogo. Mas talvez tenha sido um dos grandes fatos que moveu minha vinda até aqui. Não se joga fora uma oportunidade de ser campeão quando se trata do Cruzeiro”.

Rogério começou bem sua trajetória no Cruzeiro. Na estreia, o time venceu o Santos, então líder do Brasileirão, por 2 a 0, no Mineirão. Depois, empatou fora de casa por 1 a 1 com o CSA, sofrendo gol praticamente no último minuto, e bateu o Vasco por 1 a 0, em Belo Horizonte.

Desgaste


A confiança estava em alta para o duelo contra o Inter. A Raposa até começou bem o jogo no Beira-Rio, tendo chances para abrir o placar com Pedro Rocha, David e Thiago Neves. No entanto, erro de passe de Dedé, no primeiro tempo, proporcionou ao Colorado o ataque para fazer o primeiro gol, com Guerrero, de cabeça.

No intervalo, Rogério Ceni fez substituição inusitada: tirou Dedé, machucado, e colocou Ariel Cabral, deslocando assim o volante Henrique para  a zaga. Era a terceira improvisação na equipe, já que o volante Jadson estava na lateral direita, e o meia Robinho cumpria o papel de volante. No segundo tempo, o Cruzeiro sofreu mais dois gols, de Guerrero e Edenílson, e foi eliminado na semifinal da Copa do Brasil com derrota por 3 a 0.

Na entrevista pós-jogo, Thiago Neves expôs o desgaste ao reclamar das improvisações e da escalação “em cima da hora” de Rogério Ceni. “A gente ficou sabendo na preleção, sei lá, duas ou três horas antes do jogo. Na minha opinião, achei muito em cima da hora. Você improvisar três ou quatro jogadores numa linha que já vinha formada há dois anos. Nada contra, óbvio que queremos ganhar, jogadores que entraram jogaram bem, mas é muita coisa para um segundo jogo de semifinal”.

Rogério Ceni só foi se manifestar efetivamente sobre as declarações de Thiago Neves na coletiva depois do jogo seguinte, em que o Cruzeiro perdeu para o Grêmio por 4 a 1, no Independência, pelo Campeonato Brasileiro. Segundo o treinador, o camisa 10 respondeu daquela maneira por se chatear com o fato do amigo Edilson ter ficado no banco de reservas.

A partir daquele momento, a relação entre elenco e comissão técnica foi esfriando cada vez mais. Rogério foi demitido na última quinta-feira (26/9), depois do empate por 0 a 0 com o Ceará, no Castelão, em Fortaleza. Na sexta, a diretoria do Cruzeiro contratou Abel Braga e lhe atribuiu a missão de tirar o clube da zona de rebaixamento do Brasileiro (17º, com 19 pontos). A estreia foi com derrota para o Goiás, por 1 a 0, nessa segunda-feira, em Goiânia.

Impacto financeiro


A derrota para o Internacional na semifinal Copa do Brasil teve impacto nas contas do Cruzeiro, que deixou de arrecadar ao menos R$ 21 milhões, valor pago ao vice-campeão. Foi essa quantia, aliás, que o time gaúcho embolsou, pois o título e a premiação máxima, de R$ 52 milhões, ficaram com o Athletico Paranaense.

Brasileiro


No Brasileiro, o Cruzeiro tem 62,5% de probabilidade de ser rebaixado, segundo cálculos do Departamento de Matemática da UFMG. Para evitar o pior sem depender de outros resultados, o time precisará vencer nove dos últimos 16 jogos (56,25% dos pontos) - ou seja, praticamente dobrar o aproveitamento atual, de 28,78% (quatro vitórias, sete empates e 11 derrotas).

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