Na gravação feita no sábado, durante feijoada no Parque Esportivo do Barro Preto, em Belo Horizonte, o vice Hermínio Lemos pede a palavra no microfone, interrompe a música e ratifica o discurso anterior do presidente Wagner Pires de Sá.
Além de reclamar que a atual gestão, iniciada em 2018, encontrou os cofres vazios, ele se queixa da série de denúncias feitas contra dirigentes. O Cruzeiro é investigado pela Polícia Civil por supostos crimes de lavagem de dinheiro, falsificação de documentos e falsidade ideológica. O Ministério Público de Minas Gerais tem uma investigação paralela que corre em sigilo. O clube é também suspeito de quebrar regras da Fifa e da Confederação Brasileira de Futebol em transferências de atletas.
“Eu não quero interromper a alegria de ninguém, mas a observação que o nosso presidente Wagner Pires de Sá fez, ele fez sem ninguém ouvir. E ele tem toda razão. Nossa administração recebeu não foi o bagaço da laranja não, nós recebemos foi o bagaço do que não prestava. E nós estamos levantando o Cruzeiro com galhardia, sendo ofendidos 24 horas por dia, sem nenhuma comprovação de nada. Nossos adversários políticos não conseguem e nunca conseguirão mostrar um ato errado e desonesto da nossa administração”, disse Hermínio Lemos durante a feijoada de sábado.
Pouco antes, o presidente Wagner Pires de Sá também havia interrompido o show para dizer que a música ‘Bagaço da laranja’ representava o Cruzeiro neste momento. “Essa música, essa música é efetivamente essa situação do Cruzeiro. Eu fiquei com a mamucha (bagaço) da laranja. Sobrou pra mim”.
Em seguida, o cantor insistiu com o dirigente: ‘Bagaço da laranja sobrou procê, presidente?”. Wagner então disparou a polêmica insinuação de que antecessores ficaram ricos no cargo de presidente, diferentemente dele, que estaria empobrecendo. “Só eu. A maioria dos que vieram aqui vieram para ficar ricos. Eu já era rico, tô ficando pobre. A maioria deixou a mamucha (bagaço) da laranja. Sobrou pra mim”, declarou.
Curiosamente, o ataque de Hermínio Lemos não atinge apenas Gilvan de Pinho Tavares, mandatário anterior, mas o irmão José Francisco Lemos, que era vice-presidente.
José Francisco Lemos foi presidente do Cruzeiro em 1954 e é um dos mais influentes conselheiros do clube. Atualmente, por questões de saúde, ele está mais afastado da vida política.
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