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Pacificar vestiário, organizar equipe, recuperar veteranos: 10 desafios de Abel Braga para salvar o Cruzeiro

Técnico estreia pelo clube nesta segunda-feira, às 20h, contra o Goiás

postado em 29/09/2019 06:00 / atualizado em 28/09/2019 22:30

<i>(Foto: Alexandre Guzanshe/EM D.A Press)</i>
Abel Braga foi apresentado este sábado como novo treinador do Cruzeiro destacando o sentimento de “dívida” que tem com o clube que defendeu como jogador nos anos 1980 e que recusou assumir como técnico em três oportunidades. Em 34 anos de prancheta, Abel vai dirigir o 19º clube diferente e chega à Raposa em um dos momentos mais delicados de sua história: um clube marcado pela crise administrativa, um vestiário conturbado que derrubou um técnico com 46 dias de trabalho – Rogério Ceni, demitido quinta-feira – e na zona de rebaixamento do Brasileiro.

Abel tem experiência de sobra e um elenco com estrelas suficientes para salvar o time de seu primeiro descenso. Mas terá que trocar o pneu com o carro andando. Ele chegou a Belo Horizonte ontem por volta das 12h e foi apresentado às 15h, antes mesmo de conversar com os jogadores pela primeira vez. Enquanto os atletas faziam aquecimento sob o comando do preparador Anderson Nicolau, Abel e seus auxiliares – Leomir de Souza e Fábio Moreno, que chegaram com ele – assistiam vídeos do Goiás, adversário de amanhã, às 20h, no encerramento da 22ª rodada do Brasileiro. O Cruzeiro começou a rodada em 17º, com 19 pontos, sem vencer há quatro rodadas. A presença do treinador na partida depende da publicação do nome no Boletim Diário informativo (BID), da CBF.
    
“Eu sei que esse convite não veio antes porque eu tinha esse negócio comigo de não pegar trabalho no meio. Mas o mercado está louco demais, está tudo muito rápido. O cara dá treino de manhã e já tem outro dando treino à tarde”, comentou Abel, que recebeu de presente uma camisa com o número 81, em alusão ao ano em que chegou ao Cruzeiro como jogador. Contratado ao Paris Saint-Germain em junho de 1981, Abel teve uma passagem conturbada pela Toca da Raposa, marcada por lesão e brigas com o técnico Yustrich. Fez 29 partidas, marcando três gols. 

Abel terá muitos desafios, dentro e fora de campo. Nos bastidores, terá de blindar o grupo da crise financeira e administrativa, evitando que o ambiente turbulento respingue no futebol. Pacificar um vestiário, marcado pela insatisfação durante a passagem de Rogério Ceni e recuperar atletas experientes, dois deles campeões brasileiros sob seu comando no Fluminense, em 2012: Fred, que está suspenso do jogo de amanhã, e Thiago Neves, considerado um dos pivôs da queda de Ceni.   

“Conhecendo exatamente o que esses camaradas têm, acho que, com todas as informações, não vou ter problema, não digo nem ganhar o grupo, mas a me incorporar ao grupo. Problema maior está quando peguei o Fluminense em 2011. Ali tinham três grupos. Já dirigi o Vasco em 2000 com Edmundo e Romário brigados. E você não imagina o quanto aquela briga foi útil para a equipe”, afirmou, rechaçando a fama de “paizão”. “Sou do diálogo, mas cobro muito. Nem gosto que os caras falem ‘paizão’. ‘Paizão’ é porque defendo os jogadores. Se depois do jogo eles não estiverem deixando 10% para depois, vou morrer por eles”, afirmou.

TIME OFENSIVO


Dentro de campo, Abel terá a missão de mesclar jogadores experientes e jovens, como Maurício, Fabrício Bruno e Éderson, elogiado pelo treinador durante a apresentação. Contra o Goiás, nesta segunda-feira, terá o desafio de fazer o time vencer fora de casa depois de quase 16 meses pelo Brasileiro.

Abel prometeu um Cruzeiro ofensivo daqui pra frente.  “Eu gosto de três atacantes. Eu gosto de um atacante de área. Eu gosto de dois atacantes rápidos de lado”, disse. “O Cruzeiro vai ser ofensivo. Um cara que vier jogar contra o Cruzeiro, dentro ou fora de casa, e não tiver medo do Cruzeiro, alguma coisa não está bem.”

OS 10 DESAFIOS DE ABEL


1. Pacificar o vestiário, que tem atletas insatisfeitos

2. Organizar a equipe, que tem oscilado na defesa e no ataque

3. Contornar os constantes atrasos nos pagamentos de salários e premiações

4. Recuperar veteranos que caíram de produção, como Thiago Neves, Fred e Edílson

5. Não deixar os jovens de lado, casos de Fabrício Bruno, Éderson e Maurício;

6. Blindar os atletas da crise administrativa que o clube atravessa

7. Reaproximar a equipe da torcida, bastante insatisfeita com os resultados

8. Fazer o Cruzeiro voltar a se impor como mandante

9.Promover a reação como visitante, pois o time não vence longe de BH, pelo Brasileiro, há quase 16 meses

10. Garantir a permanência na Série A e planejar 2020, indicando contratações dentro da realidade do clube

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