A última entrevista coletiva de Itair havia sido em 27 de maio, dia seguinte às denúncias feitas pelo programa Fantástico, da TV Globo, contra a diretoria. Ele, o presidente Wagner Pires de Sá, o diretor-geral Sérgio Nonato e outros integrantes da gestão são investigados pela Polícia Civil e pelo Ministério Público de Minas Gerais por supostos crimes de lavagem de dinheiro, falsificação de documentos e falsidade ideológica.
Ao ser perguntado sobre o que o mantém no Cruzeiro, Itair justificou em um pedido dos jogadores e na convicção de que o trabalho executado é de qualidade. O dirigente ainda desqualificou as denúncias que recaem sobre a cúpula do clube.
“Fico porque, uma: o grupo de jogadores pediu para eu ficar. Outra, porque acredito no meu trabalho e não quero que o time caia para a Série B. Eu, se quiser, vou lá na polícia amanhã e faço denúncia anônima de você (jornalista). O que você vai responder? Vou te perguntar, e aí está sendo acusado, e aí? Denúncia tem que ter nome, cara, e vocês deram muita importância a isso, mas não vim aqui falar disso hoje. E sobre se fico ou não no Cruzeiro, é opção minha, isso não é pertinente nesse momento”, disse.
Declaração de 2018
Durante a entrevista coletiva, Itair Machado foi lembrado pela reportagem do Superesportes sobre uma declaração dada em 10 de novembro de 2018, na qual julgava a demissão o caminho natural de quem não apresenta resultados.
Na gestão de Wagner Pires de Sá, o Cruzeiro ampliou sua dívida geral, está com um salário e direitos de imagem pendentes com atletas e vive sua maior crise institucional por conta de denúncias de várias irregularidades. A maioria delas recai sobre a diretoria de futebol, que é de responsabilidade de Itair Machado. Em campo, o time corre sério risco de rebaixamento no Campeonato Brasileiro. O técnico Rogério Ceni, contratado em agosto, acaba de ser demitido e substituído por Abel Braga.
Ao ser indagado pela reportagem se mantinha o seu posicionamento de 2018, Itair se defendeu e enumerou resultados obtidos pelo time, sem citar problemas de gestão. “Sobre a minha entrevista, não é surpresa vocês terem feito aquilo, ter replicado aquilo ali. Até porque, se você avaliar, meu trabalho não está ruim. Fui campeão mineiro, falando eu, porque você perguntou eu. Fui campeão mineiro, semifinal da Copa do Brasil e estamos mal no Brasileiro. Na Libertadores, demos azar no jogo do River. Você ser eliminado pelo River, não quer dizer que teve incompetência sua. Acredito que meu trabalho vai ser ruim se a gente não recuperar no Brasileiro, por isso que eu não saí. Não saí porque acredito que meu trabalho está bom”, retrucou.
Em seguida, Itair usou como parâmetro o rival Atlético e outros clubes que colheram insucessos nesta temporada. “Se você for olhar isso (não ter resultados), no nosso rival tem que demitir todo mundo. Tem dois anos que não ganha nada. Esse ano, ganhamos o Mineiro em cima deles, eliminados eles na Copa do Brasil, foram eliminados na Sul-Americana. Então, lá, todo mundo lá tem que ser demitido. No São Paulo, tem que ser demitido. No Internacional, tem que ser demitido. Se a avaliação do meu trabalho for ruim, não sou só eu que tenho que sair não. No futebol brasileiro vários têm que sair. Inclusive, no Flamengo, vocês não classificaram na Libertadores (na verdade, Copa do Brasil). Hoje, pra mim, (Flamengo) é o melhor time, inclusive mundial. Se for pegar dez clubes hoje, eu colocaria eles nos dez clubes mundial. Está bem, mas não está ganhando tudo. (sic)”, concluiu o vice de futebol do Cruzeiro ao justificar sua permanência.