Aproximadamente 30 pessoas enfrentaram a chuva para cobrar do Ministério Público a conclusão das investigações instauradas no clube no dia 26 de junho. Por meio do Twitter, o órgão anunciou, naquela data, o início de um "procedimento investigatório criminal para apurar possíveis irregularidades praticadas por dirigentes do Cruzeiro".
Em contato com o Superesportes, a assessoria do MP informou que o procedimento corre sob sigilo e não tem previsão para ser concluído. O órgão também não informou quem são os promotores resposáveis pelo caso.
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Os manifestantes carregavam faixas declarando apoio ao MP e direcionando palavras fortes à atual diretoria celeste. "Prendam esses criminosos. Estão destruindo o Cruzeiro", "Ministério Público, confiamos em vocês, não deixem o Cruzeiro acabar", "Assalto ao patrimônio do Cruzeiro", entre outras mensagens foram exibidas durante o protesto.
A crise no Cruzeiro
Os escândalos no clube vieram à tona após matéria exibida no programa Fantástico, da TV Globo, em 26 de maio. À época, foram divulgadas supostas irregularidades praticadas pela gestão do presidente Wagner Pires de Sá em transações e valores superfaturados pagos a empresas prestadoras de serviço.
Em paralelo ao procedimento instaurado pelo Ministério Público, corre também uma investigação realizada pela Polícia Civil, que apura a eventual prática de crimes como lavagem de dinheiro, falsificação de documentos e falsidade ideológica, além de possíveis quebras de regra da Fifa e da CBF.
A Polícia analisa, ainda, os aumentos substanciais nos salários de dirigentes - casos do vice-presidente de futebol Itair Machado e do diretor-geral Sérgio Nonato -, a contratação de conselheiros para prestação de serviços (pessoa física e pessoa jurídica) e o pagamento a torcidas organizadas.
Vale lembrar que o Cruzeiro aumentou a dívida geral de R$ 384 milhões para R$ 520 milhões de 2017 para 2018 e ainda não teve o balanço financeiro aprovado pelo Conselho Fiscal.
Após as denúncias, presidente Wagner e o diretor jurídico Fabiano de Oliveira Costa foram intimados para prestar depoimento na sede da Polícia Federal em Belo Horizonte, no Bairro Gutierrez, Região Oeste do município. A ação fez parte da Operação Escobar, que investiga vazamento de documentos sigilosos da PF.
Márcio Antônio Camillozzi Marra e Paulo de Oliveira Bessa, escrivães da corporação, foram presos no dia 5 de junho, bem como os advogados Carlos Alberto Arges Júnior e Ildeu da Cunha Pereira.
Curiosamente, Márcio Antônio Camillozzi havia sido nomeado por Zezé Perrella para fazer parte da comissão de sindicância que averiguou denúncias de corrupção da diretoria do Cruzeiro. Ildeu da Cunha Pereira, por sua vez, já ocupou cargo de superintendente jurídico do clube. Já Carlos Alberto Arges Júnior representou o vice-presidente de futebol Itair Machado em um processo contra o ex-dirigente Bruno Vicintin.