Vice-presidente de futebol do Cruzeiro e responsável por tomar decisões estratégicas no clube, Itair Machado convocou o ex-presidente Alvimar de Oliveira Costa (2003/2008) para uma reunião na última semana na tentativa de aproximar o empresário Pedro Lourenço, dono do Supermercados BH, da gestão de Wagner Pires de Sá. O objetivo de Itair é encontrar um grande parceiro capaz de auxiliar o Cruzeiro numa reestruturação financeira.
Muito ligado a Alvimar, Pedro Lourenço é apontado como candidato favorito da oposição para a eleição do segundo semestre de 2020 visando ao triênio 2021, 2022 e 2023. O desejo do atual vice de futebol era antecipar a entrada do empresário na gestão do clube, tendo voz ativa em decisões administrativas ou até mesmo ocupando posto de CEO - diretor-executivo.
Essa hipótese, porém, foi descartada por Pedro Lourenço. Embora a rede Supermercados BH seja uma das patrocinadoras do Cruzeiro, o empresário descartou, inicialmente, ocupar um cargo de executivo na atual administração. A pretensão do supermercadista é vencer a eleição de 2020 e montar sua equipe e estrutura, sem a presença dos atuais dirigentes. Emílio Brandi, dono da rede Nova Safra, também é cotado para compor esse grupo.
Durante o encontro, conforme apurou o Superesportes, Itair Machado se mostrou disposto a deixar o clube em 2020, sem trabalhar a reeleição de Wagner Pires de Sá, a partir da entrada de um novo grupo de gestão capaz de encontrar uma saída para a ruína financeira do Cruzeiro. Neste momento, porém, o grupo político que comanda o Cruzeiro descarta uma renúncia em bloco.
Oposição irredutível
Oposição irredutível
Apesar da tentativa do vice de futebol de buscar algum diálogo, a oposição se mostra resistente sobre esperar a saída da atual cúpula apenas no fim do próximo ano. Até por isso, o grupo, liderado pelos também ex-presidentes Zezé Perrella e Gilvan de Pinho Tavares, seguirá buscando saídas para antecipar um processo eleitoral.
Ciente da pressão e percebendo que não tem mais a força política de outrora, Wagner Pires de Sá iniciou uma ofensiva no Conselho Deliberativo do Cruzeiro para 'estancar a sangria' da perda de apoio. Conselheiros, inclusive de situação, ouvidos pela reportagem, relataram que o presidente os convocou para reuniões. O objetivo seria tentar justificar números apresentados pela Comissão de Sindicância.
Em relatório publicado no fim de julho, os conselheiros Jarbas Matias dos Reis e Walter Cardinalli Júnior apontaram oito pontos de 'inconsistências' na atual gestão. Entre eles um total 119.559 bilhetes distribuídos. Essa quantia poderia render R$ 13.257.100,00 ao clube. O novo Conselho Fiscal, eleito com o apoio de Wagner, respaldou todas as ações do atual presidente, sem ressalvas.