O comentário foi feito no programa de sábado, após a derrota do Cruzeiro para o Flamengo por 2 a 1, no Mineirão, pelo Campeonato Brasileiro.
“Eu vejo jogos do Cruzeiro, eu não vejo nenhuma reação com relação a estes cartolas. Parece que está tudo normal, não vejo nenhuma faixa, um cartaz. Não leio... é isso, falta indignação com essa gente que está afundando o clube. Eles eram festejados, tinha um cartola que era mito, juntava mito com o nome dele, tinha lá um apelidozinho bonitinho para ele”, disse, referindo-se ao vice de futebol Itair Machado, chamado por parte da torcida durante um período de 'Mitair'.
“Não é quebrar tudo, sair na porrada, é manifestar de forma civilizada, demonstrar indignação. Os caras estão afundando o Cruzeiro. Esse problema não é do campo, esse problema começa lá fora.
“Acho que o pessoal em Minas Gerais precisa ser um pouco mais indignado, sem quebrar nada, porque esses dirigentes, não todos, tem gente ali que não tem culpa, mas os cabeças dessas gestões colocaram o Cruzeiro nesta roubada. E continuam lá, ninguém renunciou. Teve afastamento por força maior, mas ninguém saiu. A indignação que os torcedores demonstram contra torcedor rival e jornalista que denuncia não demonstram contra os reais responsáveis pelo regime de pré-falência de um clube brasileiro”, destacou Mauro.
O presidente do clube, Wagner Pires de Sá, o vice-presidente de futebol, Itair Machado, e o diretor-geral, Sérgio Nonato, são investigados pela Polícia Civil e pelo Ministério Público por suspeita de falsificação de documentos, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro.
A Polícia Civil já fez diligências, recolhendo documentos e computadores na sede do clube e nas casas dos dirigentes. O delegado Domiciano Monteiro, chefe da Divisão Especializada de Combate à Corrupção, Investigação a Fraudes e Crimes Contra a Ordem Tributária, tem evitado se posicionar sobre o andamento das investigações. O Ministério Público segue a mesma linha.
Protestos da torcida
Vários protestos já foram realizados pela torcida do Cruzeiro contra a atual diretoria. Um deles, inclusive, ocorreu em frente à residência de Itair Machado. No dia 9 deste mês, cerca de 50 integrantes da principal organizada do Cruzeiro gritaram pela volta de Itair ao Ipatinga, o chamaram de “mercenário” e cantaram para que ele devolvesse o Cruzeiro.
Houve protestos em frente à sede do Cruzeiro, no Barro Preto, e na Toca da Raposa II, centro de treinamentos do clube. Além disso, um movimento mundial dos redutos do Cruzeiro ocorreu no dia 15 deste mês em mais de 40 cidades. Algumas manifestações foram tão incisivas que houve até ameaça de morte.
Crítica à imprensa mineira
Mauro ainda cobrou mais contundência da imprensa mineira. Como argumento, ele citou mensagens de torcedores.
O curioso é que, quando falavam sobre a crise do Cruzeiro durante o programa, os comentaristas utilizaram dados revelados pela mídia mineira. O comentarista Mário Marra chegou a dizer que mais de 130 conselheiros entraram na Justiça a favor de Itair Machado. Essa entre outras revelações foram feitas pelo Superesportes.
“Quem pode interferir, está do lado da direção. Tem um grupo de cento e trinta e tantos conselheiros que há pouquíssimo tempo estava com abaixo-assinado pela manutenção de tudo que está aí”, disse Marra.
“Eles (os conselheiros) não estão indignados com a situação do clube. Eles querem a manutenção. Então, o torcedor que ama realmente o clube precisa fazer alguma coisa. (…) A história desse clube, que mexe com a história geográfica do futebol brasileiro, não pode ficar na mão desses caras. Porque esses caras não querem o bem do clube. Eles querem o bem deles”, afirmou Marra.
Veja o comentário completo dos jornalistas neste link.
Conselho fiscal aprova gestão
Eleito no início de julho, o Conselho Fiscal do Cruzeiro não apontou irregularidades na administração do presidente Wagner Pires de Sá.
1. Valores pagos diferentes dos contratados;
2. Funcionários contratados por CLT que também prestam serviços através de empresas em que são sócios;
3. Contratos inativos que ainda recebem pagamentos;
4. Contratos de 2018 em o contratado recebeu pagamentos referente a serviços prestados em 2017, cuja função inexistia;
5. Mais de um intermediário para negociação de um mesmo atleta;
6. Pagamento de intermediação para renovação de contrato de atletas que já são do Cruzeiro;
7. Objetos contratados diferentes da prestação de serviço;
8. Contrato de prestação de serviço, cuja contratada não teve identificado no clube o seu trabalho.
Nos tópicos 1, 2, 3 e 4 do ofício publicado pelo Cruzeiro, os conselheiros avaliam que “os documentos apresentados pelo clube demonstram que todos os valores pagos estão em consonância com os contratos e seus respectivos aditivos”. O documento não esclarece os itens 5, 6, 7 e 8 das inconsistências apontadas pela Comissão de Apuração.