O primeiro processo em que Cruzeiro e Pedro Lourenço chegaram a um acordo foi envolvendo o lateral-direito Mayke. Ficou acertado que o clube celeste saldará a dívida de R$ 1 milhão - referente à participação de 20% nos direitos econômicos do atleta - em 24 parcelas de R$ 41.667,00. O pagamento será iniciado em fevereiro de 2020 e vai até janeiro de 2022.
A segunda disputa judicial resolvida é pelo “passe” do meia Arrascaeta, negociado em janeiro com o Flamengo por 13 milhões de euros (R$ 55,25 milhões, na cotação da época). Por ter auxiliado na contratação do ex-camisa 10 ao Defensor, do Uruguai, em janeiro de 2015, o Supermercados BH tinha direito a 6,5 milhões de euros (R$ 27,6 milhões), porém aceitou ficar com “apenas” 2 milhões, equivalente a R$ 9 milhões. O Cruzeiro quitará o débito em 24 vezes, também a partir de fevereiro de 2020.
Pedro Lourenço chegou a um consenso com o Cruzeiro após se reunir com Itair Machado, que retomou a função de vice-presidente de futebol depois de ficar quase dois meses afastado do cargo pela Justiça. De acordo com a Rádio Itatiaia, o empresário se dispôs a ajudar o clube a superar a situação financeira delicada, que resultou, por exemplo, em atraso das remunerações de julho e agosto.
Contratado em janeiro de 2015 com aporte dos Supermercados BH, Arrascaeta se tornou o maior artilheiro estrangeiro do Cruzeiro, com 50 gols em 188 jogos, além de conquistar três títulos no clube: Copa do Brasil, em 2017 e 2018, e Campeonato Mineiro, em 2018 - Foto: Leandro Couri/EM D.A Press
Em março, o Superesportes informou que Pedro Lourenço estudava se candidatar à presidência do Cruzeiro e desejaria contar como um dos vices Emílio Brandi, dono da distribuidora de alimentos Nova Safra e sobrinho de Felício Brandi, folclórico mandatário celeste de 1961 a 1982. No contato com a Itatiaia, Lourenço voltou a aventar a possibilidade de gerir o clube do coração.
No Cruzeiro, Pedro mantém amizade com o supervisor administrativo Benecy Queiroz, além de contato próximo com o gerente de futebol Marcone Barbosa, que por muitos anos ocupou a função de diretor de marketing. Por várias vezes, o empresário emprestou dinheiro para o clube honrar salários e realizar contratações.
A primeira vez em que o BH exibiu sua logo no uniforme da Raposa em 2009, num contrato pontual para a final da Copa Libertadores, contra o Estudiantes, da Argentina. A partir de 2013, a marca passou a ser frequente na camisa celeste, sendo que no segundo semestre de 2015 foi exibida no espaço master. Atualmente, o BH aparece nas mangas da peça.
O empresário
Pedro Lourenço de Oliveira, 63 anos, iniciou sua trajetória como comerciante com uma pequena mercearia no bairro São Benedito, em Santa Luzia, em maio de 1996. Vinte e três anos depois, o ex-supervisor de atacado é dono de um grande império, com mais de 200 lojas em Minas Gerais e faturamento de R$ 6 bilhões em 2018, de acordo com a Associação Brasileira de Supermercados (Abras).
A habilidade empreendedora de Lourenço foi vista com bons olhos pelo ex-presidente do Cruzeiro, Gilvan de Pinho Tavares, que procurava um conselheiro para concorrer na eleição de 2017 e sucedê-lo no clube. No entanto, Pedrinho manifestou a ideia de deixar o Supermercados BH somente quando seu filho estivesse preparado para assumir os negócios. Em razão disso, Gilvan apoiou o atual mandatário, Wagner Pires de Sá, e depois rompeu as relações por divergências políticas.
Embora não se considere oposição a Wagner Pires, Pedrinho disputaria contra ele em eventual eleição. Inicialmente, o atual presidente estaria disposto a tentar estender sua administração, porém cogitou mudar de ideia por causa de denúncias de corrupção divulgadas pela TV Globo, em maio. Conforme apurado pela reportagem, conselheiros ligados à situação não veem Lourenço como bom nome para o triênio até dezembro de 2022.
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