O técnico Rogério Ceni lamentou os erros excessivos de passe do Cruzeiro - 50, no total - na derrota por 3 a 0 para o Internacional, nesta quarta-feira, no Beira-Rio, em Porto Alegre, pelo jogo de volta da semifinal da Copa do Brasil. As falhas nesse fundamento ficaram ainda mais evidentes depois de o time sofrer o primeiro gol, em cabeceio de Paolo Guerrero. O lance foi originado justamente de um equívoco na saída de bola do zagueiro Dedé. O meia Robinho, notabilizado pela qualidade no toque de bola e em lançamentos, também recebeu críticas do comandante.}
“O Cruzeiro ficou exposto depois que tomou o gol. Depois, você não tem tanto tempo para empatar e virar o jogo. É normal que você arrisque um pouco mais. Não é que ficou exposto, mas quando tinha o controle do jogo, errava passes simples, de cinco, dez metros, que normalmente não se erra, principalmente na construção do jogo. Se você não consegue ultrapassar a primeira linha do adversário e acaba errando passes primários, não é o padrão. O Robinho joga pela qualidade no passe, hoje ele não acertou tantos passes. A gente não conseguiu ultrapassar a primeira linha, isso gera contra-ataques, é normal. O seu time está saindo, é normal. Erramos passes cedo, com zagueiros e volantes. Isso acaba expondo mais o time”.
No geral, segundo o Footstats, o Cruzeiro teve mais posse de bola que o Inter (56,7% a 43,3%) e trocou maior quantidade de passes (545 a 331). No entanto, o aparente domínio nas estatísticas não significou bom rendimento, pois esse “volume” ficou concentrado na defesa e na intermediária do campo ofensivo. Perigoso em contra-ataques, o time colorado foi superior em finalizações: 19 a 11. Três ganharam a rede, com Guerrero, duas vezes, e Edenílson.
Mencionado por Ceni, Robinho terminou o jogo como recordista individual em posse de bola, com índice de 6,61%; passes certos (67); e passes errados (12). O meia também acertou três lançamentos e errou quatro. Na parte defensiva, desarmou duas vezes. Já os atletas responsáveis por produzir no ataque foram presas fáceis para a marcação do Internacional, casos dos atacantes Pedro Rocha e David, líderes no ranking de “perdas de posse” (6). Rogério chamou atenção para todas essas circunstâncias e elogiou apenas o volante Henrique, a quem considerou “muito bem na função” de zagueiro no segundo tempo.
“Vejo que todos estão se esforçando ao máximo, estão tentando, nos treinamentos, evoluir. Dependendo do jogo, você tem que ter uma característica definida do jogador. Recuar o Robinho para segundo volante, você não vai ter o melhor dele na marcação, mas você espera o melhor dele na construção. Hoje, infelizmente, o índice de acerto foi baixo. O Dedé pediu para sair por lesão, já vinha com o joelho inchado. Quando ele pisou no campo, sentiu e pediu para sair. Tentei colocar um volante com melhor saída de jogo. E o Henrique foi muito bem na função, independente do placar. Não conseguimos construir o jogo de trás. Quando ultrapassamos a primeira linha, perdemos a bola com muita facilidade, o que não é a característica do Cruzeiro, com Robinho, Thiago, Pedro, Marquinhos, o David, o Dodô. Hoje, construímos muito pouco. Não conseguimos trocar dez, 15 passes, apenas em algumas raríssimas exceções. Em direção ao gol, erramos muito quando tentamos dar um pouquinho mais de velocidade”.
Eliminado na semifinal Copa do Brasil, o Cruzeiro deixou de arrecadar ao menos R$ 21 milhões, valor pago ao vice-campeão. Pelas participações nas fases anteriores, a cota embolsada foi de R$ 12,35 milhões. Já o Inter brigará pelo prêmio máximo de R$ 52 milhões com o Athletico-PR, que superou o Grêmio nos pênaltis, por 5 a 4, depois de vitória por 2 a 0 no tempo normal, na Arena da Baixada.
O objetivo de Rogério Ceni em 2019 passa a ser exclusivamente salvar o Cruzeiro do rebaixamento no Campeonato Brasileiro. Em 17 rodadas, a equipe ocupa o 16º lugar, com 18 pontos (quatro vitórias, seis empates e sete derrotas), quatro a mais que a Chapecoense, 17ª. O próximo jogo será contra o Grêmio, domingo, às 11h, no Independência.