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Diretor explica por que política anticorrupção dos EUA impediu Cruzeiro de contrair empréstimo milionário

Clube celeste tinha negociações avançadas com fundo de capital misto

Redação
Flávio Pena falou aos conselheiros, em 11 de fevereiro, sobre empréstimo com fundo internacional - Foto: Vinnicius Silva/Cruzeiro
Diretor financeiro do Cruzeiro, Flávio Pena admitiu nesta quinta-feira, em entrevista à Rádio 98, que os escândalos envolvendo dirigentes do clube inviabilizaram o empréstimo de R$300 milhões com um fundo misto, de capital inglês e americano. As políticas anticorrupção dos Estados Unidos, de acordo com o dirigente, teriam “esvaziado” a operação. 

“(A crise) Está dificultando, com certeza. Um dos investidores era aquele empréstimo de 300 milhões de reais, era um fundo misto, com capital inglês e americano. Obviamente, depois daquela reportagem do Fantástico, que não vou tecer comentários sobre ela porque tiveram ilações, eles imediatamente, em função da política dos Estados Unidos, anticorrupção, mesmo que a gente não tivesse a oportunidade da contraprova, aquela operação se esvaziou”, admitiu.

“Já estávamos na fase do draft, que é a fase do desenho do contrato. Uma semana antes da reportagem do Fantástico... Em função de tudo isso que está acontecendo na mídia – e eu não vou discutir se é política ou não, se é oposição ou não – atrapalhou de fato. E eu acho que esse fundo não traz mais essa oportunidade para a gente”, complementou Flávio Pena. 

A autorização para captação do empréstimo foi concedida pelo Conselho Deliberativo do Cruzeiro em 11 de fevereiro. Dos 316 membros do órgão, apenas dois se opuseram à operação.
À época, o presidente Wagner Pires de Sá declarou que as taxas do fundo internacional seriam de menos de 9% ao ano, percentual inferior aos 24% cobrados por bancos brasileiros. A ideia da gestão era ter débitos com um único credor. O clube pagaria a dívida em sete parcelas semestrais, um ano e meio depois da assinatura do contrato.

De 2017 para 2018, o Cruzeiro aumentou sua dívida geral de R$ 384 milhões para R$ 520 milhões. Em meio às dificuldades financeiras, integrantes da diretoria passaram a ser investigados pela Polícia Civil e pelo Ministério Público por suspeitas de crimes de lavagem de dinheiro, falsificação de documentos e falsidade ideológica, além de possíveis quebras de regra da Fifa, da Confederação Brasileira de Futebol e do Governo Federal.

De acordo com Pena, no entanto, apesar do momento turbulento, novos investidores ainda têm interesse na parceria com o Cruzeiro. “Porém, temos outras operações em andamento também. Pessoas acreditam na marca Cruzeiro, independentemente de tudo que está acontecendo. Eu não vou discutir aqui se é questão política, técnica, mas existem pessoas que acreditam que a marca Cruzeiro está entre as cinco ou seis melhores, que dão visibilidade extrema no mercado brasileiro e sul-americano”, garantiu.
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