Segundo a decisão da Fifa, “se o pagamento não for efetuado ao credor e a comprovação de tal pagamento não for entregue à secretaria do Comitê Disciplinar da FIFA e à CBF até a data limite, será proibida a inscrição de novos jogadores, seja nacional ou internacionalmente, a ser imposta ao devedor a partir do primeiro dia do próximo período de registro após o termino do prazo concedido para pagamento”.
Essa punição, entretanto, não será aplicada de imediato, já que o Cruzeiro vai recorrer da decisão.
Além do valor devido ao Defensor, o Cruzeiro ainda terá que pagar as seguintes multas:
- 5 mil francos suíços (R$ 20.630,00) como despesas processuais perante o Comitê de Status de Jogadores;
- 5 mil francos suíços (R$ 20.630,00) como contribuição para as despesas legais incorridas antes do processo do Corte Arbitral do Esporte (CAS);
- 10 mil francos suíços (R$ 41.260,00) como custos processuais;
- 30 mil francos suíços (R$ 123.780,00) no prazo de 30 dias a contar da notificação da presente decisão.
Versão do Cruzeiro
De acordo com Breno Tannuri, representante do Cruzeiro em ações internacionais, o caso será levado para a última instância, na Corte Arbitral do Esporte (CAS). A decisão final deve ser proferida no fim de 2020, no entendimento do clube. Logo, a Raposa não fará o pagamento ao Defensor neste ano, alongando esse imbróglio.
“A Fifa mandou uma decisão falando que o Cruzeiro tem que pagar o Defensor. Veio apenas a ementa, vou pedir o teor da decisão, que chega em dois, três meses. Mas o Cruzeiro vai recorrer à Corte Arbitral do Esporte”, disse Tannuri, ao Superesportes. “Quando o processo for para a CAS, a apreciação do caso deve demorar um pouco, podendo ocorrer no fim de 2020”, completou.
A venda
Em 2015, o acordo entre os clubes previa o pagamento, por parte do Cruzeiro, de 2 milhões de euros à vista e 29 parcelas de 70 mil euros ao Defensor-URU pela compra de Arrascaeta. O clube celeste, no entanto, deixou de pagar 15 dessas prestações, acumulando débito de 1,05 milhão de euros (R$4.620.315).
O montante aumentou com inclusão de multas e correções monetárias. Desde que assumiu o Cruzeiro, a gestão encabeçada pelo presidente Wagner Pires de Sá ainda buscou negociar com representantes da diretoria uruguaia o valor total. Nenhuma proposta, porém, agradou.
A venda de Arrascaeta ao Flamengo, em janeiro deste ano, causou irritação no Defensor-URU. Isso porque o Cruzeiro não fez nenhum movimento pela quitação definitiva da dívida. Somente pela parte dos mineiros, a transferência custou ao clube carioca R$ 55,2 milhões, pela cotação do euro à época. Desse valor, 3 milhões de euros (R$ 13.380.000,00 na cotação atual) serão pagos em dezembro.
Entenda o caso
Destaque do Defensor-URU na Copa Libertadores de 2014, Arrascaeta foi comprado pelo Cruzeiro por 4 milhões de euros (cerca de R$ 12 milhões por 50% dos direitos econômicos), em janeiro de 2015. O empresário Pedro Lourenço, dono do Supermercados BH, emprestou ao clube 50% do valor, repassado de imediato aos uruguaios.
A outra metade, conforme explicado à época pelo então gerente de futebol e atual diretor de comunicação Valdir Barbosa, seria paga de forma parcelada. Em função desse atraso, o Defensor-URU recorreu à Fifa para tentar receber o dinheiro.
Em quatro anos no Cruzeiro, Arrascaeta se tornou o maior artilheiro estrangeiro, com 50 gols em 188 jogos. O uruguaio balançou a rede em todas as finais conquistadas pelo clube: Campeonato Mineiro de 2018 e Copas do Brasil de 2017 e 2018.