O presidente do Cruzeiro, Wagner Pires de Sá, e o presidente do Conselho Deliberativo, Zezé Perrella, cancelaram a reunião extraordinária dos conselheiros previamente agendada para segunda-feira, 8 de julho, no parque esportivo do Barro Preto, em Belo Horizonte.
Em nota, tanto Wagner quanto Perrella consideraram a “eleição do Conselho Fiscal, cujos membros já foram empossados”, para suspender o encontro do Conselho Deliberativo. Caso “entendam necessário, eles poderão “convocar nova reunião, conforme previsto no Estatuto Social”.
A assembleia do dia 8 de julho havia sido convocada pelo próprio Wagner Pires para prestação de esclarecimentos sobre as denúncias de irregularidades em sua gestão.
O presidente celeste enviou o comunicado aos conselheiros no dia 19 de junho e ignorou a posição de Perrella, que sugeriu a data de 5 de agosto por causa de possível falta de prazo para análise de documentos e por o time estar envolvido em “importantes disputas” na Copa do Brasil e na Copa Libertadores.
Na ocasião, Wagner ressaltou que o chamado ao Conselho Deliberativo era “faculdade incondicional do presidente do Cruzeiro Esporte Clube”, não cabendo a Perrella “deferir ou indeferir a situação”. Quase duas semanas depois, o dirigente aceitou mudar de ideia.
Por ora, a reunião extraordinária do Conselho Deliberativo convocada por Perrella para segunda-feira, 5 de agosto, está mantida.
Denúncias
Os escândalos no Cruzeiro apurados pela Polícia Civil e pelo MPMG envolvem suspeitas de lavagem de dinheiro, falsificação de documentos e falsidade ideológica, além de possíveis quebras de regra da Fifa, da Confederação Brasileira de Futebol e do Governo Federal.
As denúncias foram exibidas no programa Fantástico, da TV Globo, em 26 de maio. À época, vieram à tona irregularidades em transações e valores superfaturados pagos a empresas prestadoras de serviço. A PCMG já havia ouvido 15 pessoas que mantinham alguma relação com o clube, entre elas funcionários, ex-empregados, dirigentes e agentes esportivos.
O fato mais grave era sobre um empréstimo de R$ 2 milhões contraído pelo Cruzeiro com o empresário Cristiano Richard dos Santos Machado, sócio de firmas que atuam na locação de veículos e de equipamentos de proteção.
Para abater o débito, o clube, segundo inquérito da Polícia Civil, incluiu parte dos direitos econômicos de jogadores do profissional, como David (20%), Raniel (5%), Murilo (7%), Cacá (20%), e de outros que passaram pela base e foram negociados, casos de Gabriel Brazão (20%) e Vitinho (20%).
O Cruzeiro ainda inseriu participação em uma possível venda do promissor Estevão William, de apenas 12 anos, que, pelas leis trabalhistas, só poderá assinar vínculo laboral a partir dos 16.
Outras operações apuradas pela Polícia Civil e pelo MPMG são os aumentos substanciais nos salários de dirigentes, a contratação de conselheiros para prestação de serviços e o pagamento a torcidas organizadas.
Conselho Fiscal
Eleito na última segunda-feira e empossado nessa quarta, o Conselho Fiscal do Cruzeiro terá a missão de analisar as contas do primeiro ano de administração de Wagner Pires de Sá, que aumentou a dívida geral de R$ 384 milhões, em 2017, para R$ 520 milhões, no exercício de 2018.
Compõem o órgão fiscalizador do clube celeste os titulares Nagib Geraldo Simões, Paulo César Pedrosa, Wander Gonçalves dos Santos e Tarcísio Dionísio Vítor, assim como os suplentes João Luiz Silva e Afrânio Greco.