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Diretor diz que exposição de 'problemas' do Cruzeiro inviabilizou empréstimo de R$ 300 milhões

Sérgio Nonato afirma que fundo internacional não emprestará dinheiro ao clube

Redação
Conselho Deliberativo chegou a autorizar captação de empréstimo de R$ 300 milhões - Foto: Vinnicius Silva/Cruzeiro
Desde que o programa Fantástico, da TV Globo, exibiu matéria denunciando irregularidades e suspeitas de crimes na gestão do Cruzeiro, a diretoria tem recebido críticas de grupos de oposição do Conselho Deliberativo e enfrentado dificuldades na obtenção de recursos financeiros. Tanto que a folha salarial de maio, que deveria ser paga até 7 de junho, ainda não foi totalmente quitada. Segundo o diretor-geral Sérgio Nonato, a exposição de problemas por parte da ala contrária à administração do presidente Wagner Pires de Sá inviabilizou até mesmo o empréstimo de R$ 300 milhões que seria captado junto a um fundo internacional.

“Os conselheiros do Cruzeiro não são omissos, eles são atuantes. Existem dois grupos: oposição e a situação. É isso que existe no Cruzeiro. E é muito bacana, tem que ter mesmo. É democrático você ter uma oposição. Só que não precisa atuar tanto contra o Cruzeiro.
Os problemas do Cruzeiro sempre foram resolvidos dentro de casa. Os problemas do Cruzeiro, agora, foram jogados aí. E isso atrapalha mesmo. Nem o empréstimo vai sair. Porque não vai emprestar o dinheiro para o Cruzeiro agora. Agora, conselho do Cruzeiro é atuante sim. A gente viu essa dívida crescer, mas como a gente fala. Por causa dos encargos vai crescer mesmo, naturalmente vai crescer 50 milhões ao ano. Se nós não pagarmos, não tivermos alguma solução para pagar. Tem que pagar”, afirmou o dirigente, em entrevista à Rádio 98

De acordo com Sérgio Nonato, a dívida herdada da gestão anterior, do ex-presidente Gilvan de Pinho Tavares, tem juros elevados, que dificultam a quitação em curto prazo. Uma alternativa seria negociar jogadores, tarefa sob responsabilidade do departamento de futebol. “A gestão herdou uma dívida muito grande, e esse encargos financeiros são altos. Se você pega uma dívida de 400 milhões e coloca 1%, você tem quatro milhões ao mês.
E vai dar 48 milhões ao fim do ano. Isso aí já vai aumentar a dívida extraordinariamente. Isso aí é um erro. Tem jogador, se tiver proposta por ele, tem que ser vendido sim. Isso aí foi um erro. Mas, como falei, eles cuidam do futebol, não sou eu quem cuida do futebol”.

A autorização para captação do empréstimo foi concedida pelo Conselho Deliberativo em 11 de fevereiro. Dos 316 membros do órgão, apenas dois se opuseram à operação. À época, o presidente Wagner Pires de Sá declarou que as taxas do fundo internacional seriam de menos de 9% ao ano, percentual inferior aos 24% cobrados por bancos brasileiros. A ideia da gestão era ter débitos com um único credor. O clube pagaria a dívida em sete parcelas semestrais, um ano e meio depois da assinatura do contrato.

De 2017 para 2018, o Cruzeiro aumentou sua dívida geral de R$ 384 milhões para R$ 520 milhões.
Em meio às dificuldades financeiras, integrantes da diretoria passaram a ser investigados pela Polícia Civil e pelo Ministério Público por suspeitas de crimes de lavagem de dinheiro, falsificação de documentos e falsidade ideológica, além de possíveis quebras de regra da Fifa, da Confederação Brasileira de Futebol e do Governo Federal.

A denúncia mais grave era sobre um empréstimo de R$ 2 milhões contraído pelo Cruzeiro com o empresário Cristiano Richard dos Santos Machado, sócio de firmas que atuam na locação de veículos e de equipamentos de proteção.

Como forma de quitação do débito com Cristiano Richard, o clube, segundo inquérito da Polícia Civil, incluiu parte dos direitos de jogadores do profissional, como David (20%), Raniel (5%), Murilo (7%), Cacá (20%), e de outros que passaram pela base e foram negociados, casos de Gabriel Brazão (20%) e Vitinho (20%). O Cruzeiro ainda inseriu participação em futura venda do promissor Estevão William, de apenas 12 anos, que, pelas leis trabalhistas, só poderá assinar vínculo laboral a partir dos 16.

Outras operações apuradas pela Polícia Civil são os aumentos substanciais nos salários de dirigentes - casos do vice-presidente de futebol Itair Machado e do diretor-geral Sérgio Nonato -, a contratação de conselheiros para prestação de serviços (pessoa física e pessoa jurídica) e o pagamento a torcidas organizadas.
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