CRUZEIRO
Ministério Público instaura procedimento para apurar irregularidades na administração do Cruzeiro
Segundo o órgão, investigações no clube celeste ainda estão em fase inicial
postado em 26/06/2019 15:56 / atualizado em 26/06/2019 16:16
O Ministério Público de Minas Gerais instaurou procedimento investigatório criminal para averiguar possíveis irregularidades praticadas por dirigentes do Cruzeiro na administração do presidente Wagner Pires de Sá. Conforme o breve comunicado no órgão no Twitter, as investigações estão em fase inicial. O Superesportes entrou em contato com a assessoria de comunicação do MPMG, que afirmou não ter informações além da publicação na rede social.
A tendência é que o procedimento siga linha semelhante ao da Polícia Civil, que apura crimes de lavagem de dinheiro, falsificação de documentos e falsidade ideológica supostamente praticados pela diretoria do Cruzeiro, além de possíveis quebras de regra da Fifa, da Confederação Brasileira de Futebol e do Governo Federal.
Os escândalos no clube vieram à tona após matéria exibida no programa Fantástico, da TV Globo, em 26 de maio. À época, foram divulgadas irregularidades em transações e valores superfaturados pagos a empresas prestadoras de serviço. A PCMG já havia ouvido 15 pessoas que mantinham alguma relação com o clube, entre elas funcionários, ex-empregados, dirigentes e agentes esportivos.
A denúncia mais grave era sobre um empréstimo de R$ 2 milhões contraído pelo Cruzeiro com o empresário Cristiano Richard dos Santos Machado, sócio de firmas que atuam na locação de veículos e de equipamentos de proteção.
Como forma de quitação do débito com Cristiano Richard, o clube, segundo inquérito da Polícia Civil, incluiu parte dos direitos de jogadores do profissional, como David (20%), Raniel (5%), Murilo (7%), Cacá (20%), e de outros que passaram pela base e foram negociados, casos de Gabriel Brazão (20%) e Vitinho (20%). O Cruzeiro ainda inseriu participação em futura venda do promissor Estevão William, de apenas 12 anos, que, pelas leis trabalhistas, só poderá assinar vínculo laboral a partir dos 16.
Outras operações apuradas pela Polícia Civil são os aumentos substanciais nos salários de dirigentes - casos do vice-presidente de futebol Itair Machado e do diretor-geral Sérgio Nonato -, a contratação de conselheiros para prestação de serviços (pessoa física e pessoa jurídica) e o pagamento a torcidas organizadas.
Vale lembrar que o Cruzeiro aumentou a dívida geral de R$ 384 milhões para R$ 520 milhões de 2017 para 2018 e ainda não teve o balanço financeiro aprovado pelo Conselho Fiscal. Em 1º de julho haverá eleição para novos integrantes do órgão, já que os membros anteriores renunciaram em função do acesso restrito às informações das finanças do clube.
Nos últimos dias, o presidente Wagner Pires de Sá e o diretor jurídico Fabiano de Oliveira Costa foram intimados para prestar depoimento na sede da Polícia Federal em Belo Horizonte, no Bairro Gutierrez, Região Oeste do município. A ação fez parte da Operação Escobar, que investiga vazamento de documentos sigilosos da PF.
Márcio Antônio Camillozzi Marra e Paulo de Oliveira Bessa, escrivães da corporação, foram presos no último dia 5 de junho, bem como os advogados Carlos Alberto Arges Júnior e Ildeu da Cunha Pereira.
Curiosamente, Márcio Antônio Camillozzi havia sido nomeado por Zezé Perrella para fazer parte da comissão de sindicância que averigua denúncias de corrupção da diretoria do Cruzeiro. Ildeu da Cunha Pereira, por sua vez, já ocupou cargo de superintendente jurídico do clube. Já Carlos Alberto Arges Júnior representou o vice-presidente de futebol Itair Machado em um processo contra o ex-dirigente Bruno Vicintin.
O presidente Wagner Pires de Sá prometeu prestar esclarecimentos em reunião extraordinária do Conselho Deliberativo do Cruzeirono dia 8 de julho (segunda-feira), às 18h30, no Salão Nobre do parque esportivo do Barro Preto. Ele ignorou a negativa do presidente do órgão, Zezé Perrella, que desejava manter o encontro para 5 de agosto, marcado para discutir um possível afastamento da atual administração.
Em nota oficial, Wagner prometeu “tornar público e ainda mais transparentes as circunstâncias e a documentação entregue à Comissão de Sindicância instaurada”.
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