Perrella afirma que precisa dividir responsabilidade com os conselheiros, uma vez que ocupa um cargo “transitório e com prazo de validade”. Em um dos trechos, ele também se mostra cansado com o momento turbulento vivido pelo Cruzeiro. “Vamos abaixar a bola, fazer uma coisa democrática, onde a opinião da maioria prevaleça. Sem briga, sem ataques pessoais. É o que eu peço. Essa coisa está me cansando”, disse.

Em outro momento, o líder do Conselho Deliberativo do Cruzeiro relembra a crise política vivida pelo rival Atlético há 20 anos. Em 1998, o então presidente alvinegro, Paulo Cury, renunciou ao cargo por elevado número de dívidas e denúncias. “Nosso adversário lá teve uma crise parecida há 20 anos e até hoje não conseguiram sair dela. Muita calma nessa hora e vamos pensar no Cruzeiro, deixar os interesses pessoais de lado e pensar no Cruzeiro”, pede Perrella.

A reportagem tentou contato com Zezé Perrella, mas ele não atendeu aos telefonemas. Nesta segunda-feira, ele divulgou nota em que promete reunião extraordinária do Conselho Deliberativo do Cruzeiro, para votar possível afastamento do presidente Wagner Pires de Sá, em 5 de agosto. A data distante se justifica, segundo Perrella, porque a equipe comandada por Mano Menezes tem "importantes disputas no mês de julho".

Leia abaixo, na íntegra, os três áudios enviados por Perrella a grupo de conselheiros do Cruzeiro.

“Eu não tenho lado. Qualquer resultado que acontecer, vou ficar feliz. Por uma única razão: foi decisão da maioria, democraticamente. Ponto. Um abraço a todos”.

“Amigos, é Zezé. Eu passei esses últimos dias com muitas cobranças. Pessoas me encontram até em restaurantes, dizendo que eu tenho que tomar essa ou aquela providência. Isso não depende de mim. Depende do colegiado. Qualquer decisão de afastamento ou não, não tem que ser eu. As pessoas acham que eu tenho o poder da caneta, de determinar o que tem que ser feito. Eu sou um dos 500 conselheiros do Cruzeiro, apenas isso. Estou na posição de presidente do Conselho que é transitória e com prazo de validade. O que eu quis com meu gesto foi transferir a responsabilidade para todos vocês conselheiros. Se a maioria entender que não precisa do afastamento, ótimo. Se entenderem que sim, ótimo também. Só quero dividir essa carga com vocês, porque ela não pode ser só minha. O que for melhor para o Cruzeiro, vai acontecer”. 

“Queria pedir para vocês, como amigo e não como presidente do conselho, não podemos deixar esse acirramento prejudicar o Cruzeiro. Muita cautela nos comentários e tudo mais. Vamos fazer a coisa sem ofensa. Somos um Cruzeiro só. Todos os conselheiros que estão lá, acredito eu, querem o bem do Cruzeiro. Vamos abaixar a bola, fazer uma coisa democrática, onde a opinião da maioria prevaleça. Sem briga, sem ataques pessoais. É o que eu peço. Essa coisa está me cansando. Eu não quis continuar na política porque a zorra que é política, a sacanagem que tem na política. Não podemos deixar isso tomar conta do Cruzeiro também. Vocês lembram que nosso adversário lá teve uma crise parecida há 20 anos e até hoje não conseguiram sair dela. Muita calma nessa hora e vamos pensar no Cruzeiro, deixar os interesses pessoais de lado e pensar no Cruzeiro”.