A eleição do novo Conselho Fiscal está marcada para o dia 13 de junho, das 18h às 20h, na sede social do bairro Barro Preto, em Belo Horizonte.
A reestruturação do Conselho Fiscal do Cruzeiro se deve à renúncia de todos os membros efetivos e suplentes em maio, sob a alegação de falta de transparência na gestão do presidente do clube, Wagner Pires de Sá.
Em 8 de maio, os efetivos Celso Luiz Chimbida, Geraldo Luiz Brinat e Ubirajara Pires Glória apresentaram pedido formal de desligamento em função da limitação de dados fiscais repassados pela diretoria administrativa do Cruzeiro. Uma normativa criada pela atual gestão criou impedimentos para que o Conselho Fiscal recebesse, por exemplo, informações sobre salários de dirigentes, jogadores e comissões.
Já em 28 de maio, os suplentes Valter Batista e Daniel Faria, que assumiriam como efetivos após as renúncias de Celso Luiz Chimbida, Geraldo Luiz Brinat e Ubirajara Pires Glória, também oficializaram suas renúncias em carta encaminhada ao Conselho Deliberativo.
Intenções
Segundo Aristóteles Lorêdo, o Tote, ex-diretor de Tecnologia e Arena do Cruzeiro, a intenção da chapa é devolver transparência ao clube. “Queremos que as coisas fiquem claras. O Conselho Fiscal anterior não teve documentos para aprovar o balancete e renunciou por não ter acesso a documentos essenciais, que permitissem fazer avaliações precisas das contas do Cruzeiro. O que queremos é o bem do Cruzeiro, não estamos aqui para ser oposição. Estamos a favor do Cruzeiro. O que estiver certo é certo e o que estiver errado é errado”.
Lorêdo julga ser inaceitável a existência de uma normativa, criada pela atual gestão executiva, que limita o acesso do Conselho Fiscal a dados estratégicos. “Cito um exemplo: se você analisa as contas e percebe que o clube gastou R$ 5 milhões com alimentação em 2017 e R$ 20 milhões em 2018, é o Conselho Fiscal que precisa entender essa diferença de um exercício para o outro. Ninguém pode assinar embaixo, pode aprovar as contas, se não sabe a origem dos gastos, se não toma ciência de eventuais abusos”.
Denúncias
A criação da chapa Transparência também foi motivada pela série de denúncias contra a atual gestão do Cruzeiro. A Polícia Civil tem uma investigação em andamento baseada em suspeitas de lavagem de dinheiro, falsificação de documentos e falsidade ideológica. O inquérito ainda apura supostas quebra de regras da Fifa, da CBF e do Governo Federal.
“A nossa chapa nasceu de um grupo de conselheiros que protocolou uma carta ao presidente do Conselho Deliberativo, Zezé Perrella, pedindo atitudes em relação às denúncias de irregularidades no clube que nasceram no Fantástico e que depois se espalharam em todos os veículos de comunicação. Essas denúncias levaram o nome do Cruzeiro à lama. Faço parte desse grupo que quer esclarecimentos, que quer fiscalização rígida, e não abriremos mão de fiscalizar caso sejamos eleitos”, disse Lorêdo.
Histórico no Cruzeiro
Aristóteles Lorêdo ocupou, entre 1995 e 2018, o cargo de diretor de Tecnologia e Arena do Cruzeiro nas gestões dos presidentes Zezé Perella (4), Alvimar de Oliveira Costa (2), Gilvan de Pinho Tavares (2) e Wagner Pires de Sá (foi demitido em setembro do ano passado).
Em meio às denúncias atuais de conselheiros que recebem salários do clube ou têm contratos de prestação de serviço, Tote informou que, em grande parte do período em que trabalhou no Cruzeiro, esteve licenciado do cargo de conselheiro e não participou de votações.
“O estatuto anterior dizia que todo conselheiro que se tornasse prestador de serviço teria de se licenciar o conselho, perdendo direito a voto e não participando das decisões. Durante todos esses anos eu fiquei licenciado. Assim como os outros conselheiros que tiveram cargos remunerados no executivo. Há alguns anos, eles mudaram isso no estatuto. O conselheiro que assumisse função de prestador de serviço passou a ser obrigado a deixar o Conselho, exceto os beneméritos. Mas como nós já estávamos no cargo há vários anos, era um direito adquirido nosso. Foi entendido assim por diversos juristas. Os novos conselheiros, sim, passaram a seguir essa norma. Hoje, quem é conselheiro e tem convite para ser funcionário ou prestador de serviço, tem que deixar o conselheiro”, explicou o integrante da chapa Transparência.
Ex-vice de Sérgio Santos Rodrigues
Giovanni Baroni, outro integrante do grupo Transparência, foi candidato a vice-presidente na chapa de Sérgio Santos Rodrigues na última eleição do Cruzeiro, vencida por Wagner Pires de Sá em outubro de 2017.