Segundo o documento obtido pelo Superesportes, os bloqueios vão continuar até que se atinja a soma de R$ 325.719,21, valor total da dívida.
Baseado no salário de Itair Machado revelado recentemente pelo presidente Wagner Pires de Sá, no valor de R$ 180 mil, o bloqueio mensal será R$ 54 mil. O despacho autoriza interrupções de pagamentos feitos a Itair como pessoa física ou jurídica.
"Advirta-se ao destinatário Cruzeiro Esporte Clube que eventual pagamento realizado diretamente ao executado ou a terceiro indicado por ele, contra esta ordem será considerado ineficaz, assumindo a empresa a condição de executada diretamente nestes autos", alerta a sentença.
De acordo com o magistrado Daniel Gazola, a "interrupção de parte dos vencimentos de Itair Machado" ocorre porque o Sistema de Investigação de Movimentações Bancárias (Simba) não identificou qualquer patrimônio em nome do devedor. Portanto, "não restou outra possibilidade, senão o corte salarial". O Simba é vinculado ao Conselho Superior da Justiça do Trabalho (CSJT).
Esses atos pelos quais o cartola responde dizem respeito ao tempo em que ele presidiu o Ipatinga e o Betim Esporte Clube, quatro anos antes de assumir cargo na diretoria celeste.
A decisão foi assinada pelo juiz em 10 de abril deste ano. Já a ação que motivou o bloqueio foi protocolada por um nutricionista, que prestou serviços aos clubes até então dirigidos por Itair.
O Cruzeiro, através de sua assessoria, afirma que o tema não diz respeito ao clube, porque é de foro particular do vice-presidente de futebol. Já Itair Machado não quis comentar o assunto.
Nessa quinta-feira (30), o Superesportes mostrou que Itair Machado ainda é acusado, em outros processos, de falsificação de documentos e movimentações financeiras sem registros legais.
Em 2013, um relatório pedido pela Justiça sobre a situação dos clubes apontou uma dívida trabalhista de R$ 8,6 milhões e cita que tanto o Ipatinga como o Betim foram usados como “barrigas de aluguel”, caracterizados pela “falta de transparência” em suas contabilidades.
No texto, o perito judicial relata a falta de documentos relativos às transações do Ipatinga.
Reportagem exibida pelo Fantástico, da TV Globo, na noite do último domingo (26), revelou que a Polícia Civil de Minas Gerais investiga a diretoria do Cruzeiro por indícios de falsificação de documentos, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro.
O inquérito apura denúncias que indicam quebra de regras da Fifa, da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e do Governo Federal.
Itair Machado assumiu a vice-presidência do Cruzeiro em janeiro de 2018, ao lado do presidente Wagner Pires de Sá.
Em quase um ano e meio de gestão, a atual administração do clube fica marcada pelo contraste entre o sucesso dentro de campo, a partir da conquista de uma Copa do Brasil e de dois Campeonatos Mineiros, e as polêmicas fora dele, envolvendo as denúncias investigadas pela polícia e as críticas à saúde financeira.
Leia mais: Veja tudo o que sabemos (e noticiamos) sobre as denúncias contra a diretoria do Cruzeiro
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