Em 2013, um relatório pedido pela Justiça sobre a situação dos clubes apontou uma dívida trabalhista de R$ 8,6 milhões e cita que tanto o Ipatinga como o Betim foram usados como “barrigas de aluguel”, caracterizados pela “falta de transparência” em suas contabilidades. No texto, o perito judicial relata a falta de documentos relativos às transações do Ipatinga.
“Não consegui ter acesso a nenhum documento ou informação documentada ou registrada em computador relativa ao Ipatinga FC, o ex-presidente Itair Machado declarou que a sede em Ipatinga foi invadida por ‘vândalos’, que levaram todos os computadores e queimaram toda a documentação. Alega que tem boletim de ocorrência do fato, mas não o apresentou. Alega que o Ipatinga FC não deixou nenhum patrimônio ou outro bem de valor financeiro”, diz o perito em relatório enviado à Justiça.
Em 2014, uma ação movida pelo advogado especialista em questões trabalhistas, Fernando Cruz, apontou uma fraude em assinaturas em um documento apresentado pela direção do Ipatinga – o recibo de R$ 50 mil pagos ao zagueiro Pedro Luiz Barone, que atuou pelo Ipatinga entre 2011 e 2013 (veja abaixo). “Fizemos um laudo com um perito especialista em análise grafo documental que apontou que as assinaturas foram falsificadas. Eles foram na audiência e apresentaram os recibos falsos”, afirma o advogado do jogador. Cruz afirma que já venceu a causa no Judiciário, mas que até agora não existe previsão de pagamento.
Susto
'Acho que fui o único que conseguiu receber até hoje. Outros treinadores e jogadores ainda brigam para receber pagamentos atrasados', conta Barroso - Foto: Alex Locha/Jornal Vale do Aco - 16/11/2006
Ex-técnico do Ipatinga entre 2006 e 2007, e funcionário do Cruzeiro por 17 anos, Alexandre Barroso foi um dos profissionais do futebol vítima de falsificação de documentos da direção do clube do Vale do Aço, na época sob o comando de Itair Machado e seu irmão, Luciano Machado. Após ser demitido da equipe, ele não recebeu salários atrasados e multas contratuais. Barroso entrou na Justiça Trabalhista para cobrar os pagamentos, mas logo na audiência de conciliação ouviu dos representantes do Ipatinga que todos os débitos haviam sido quitados.
Ex-técnico do Ipatinga entre 2006 e 2007, e funcionário do Cruzeiro por 17 anos, Alexandre Barroso foi um dos profissionais do futebol vítima de falsificação de documentos da direção do clube do Vale do Aço, na época sob o comando de Itair Machado e seu irmão, Luciano Machado.
“Fui para essa audiência na expectativa de fazer um acordo e resolver a situação. Chegando lá, o Ipatinga falou que estava tudo pago e que tinham os recibos com minhas assinaturas. Foi um susto. Senti na hora o drama sobre com quem eu estava tratando. Um susto com tanta desonestidade”, conta Barroso. O treinador passou a lutar para provar que não havia assinado tais recibos e foi preciso uma perícia grafotécnica para comprovar que os documentos haviam sido fraudados.
Após ganhar em todas as instâncias da Justiça, começou uma nova disputa para receber os pagamentos atrasados. Foi então que seu advogado descobriu que os irmãos Machado haviam aberto CNPJs diferentes para o time de Ipatinga: Ipatinga Futebol Clube e Esporte Clube Ipatinga (veja abaixo). “No meu caso tive sorte, porque o advogado descobriu que o clube tinha aberto uma conta em cooperativa de Timóteo e receberia da Rede Globo pagamentos pelos direitos de transmissão da Série B. Acho que fui o único que conseguiu receber até hoje. Outros treinadores e jogadores ainda brigam para receber pagamentos atrasados”, conta Barroso.
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