De acordo com a sentença da juíza Rogéria Maria Castro Debelli, da 4ª Vara do Tribunal Regional Federal (TRF), e com denúncia do Ministério Público Federal (MPF), Itair e seu irmão Luciano Machado de Souza movimentaram volumes de recursos incompatíveis com a realidade fiscal declarada. Os valores decorrentes de receitas obtidas com a venda de telebingos da empresa Campeão Promoções e Eventos chamaram a atenção da Justiça a partir de 1998.
“Os réus, de forma livre e consciente, deixaram de informar à Receita Federal, em 1998, valores referentes à real movimentação financeira da empresa Campeão Promoções e Eventos, que tinha nome fantasia Telebingão Campeão, com nítido intuito de sonegar tributos”, diz a denúncia do MPF. O irmão de Itair movimentou naquele ano R$ 8,4 milhões em suas contas, apesar de ter se declarado isento do pagamento de Imposto de Renda.
Sentença da juíza Rogéria Maria Castro Debeli que condenou Itair Machado e mais duas pessoas por sonegação de impostos - Foto: Reprodução
Segundo a juíza, ficou provado que a empresa deixou de recolher impostos aos cofres públicos na ordem de R$ 3,8 milhões e que houve “omissão e declaração de informações falsas às autoridades fazendárias”. O processo incluiu como evidências cheques emitidos em favor de concessionárias de veículos, que teriam sido comprados para sorteios dos bingos, e mais R$ 1,4 milhão que seriam usados para propagandas da empresa nas rádios e televisões.
Processos em andamento
Outro processo envolvendo o cartola cruzeirense completou 10 anos no mês passado e ainda segue tramitando na Justiça. Em abril de 2009, um ano depois que o Ipatinga Futebol Clube chegou ao auge nos gramados disputando a Série A do Brasileirão, Itair Machado foi denunciado pelo Ministério Público de Minas Gerais em ação que apontou irregularidades em contratos do clube com a Prefeitura de Ipatinga.
Outro processo envolvendo o cartola cruzeirense completou 10 anos no mês passado e ainda segue tramitando na Justiça. Em abril de 2009, um ano depois que o Ipatinga Futebol Clube chegou ao auge nos gramados disputando a Série A do Brasileirão, Itair Machado foi denunciado pelo Ministério Público de Minas Gerais em ação que apontou irregularidades em contratos do clube com a Prefeitura de Ipatinga.
O processo trata de vários convênios firmados desde o início dos anos 2000 sem prestação de contas ou averiguação de despesas, considerados pelo MP como “perfume, mera fachada, justificando os gastos exorbitantes, cuja destinação não vinha sendo devidamente comprovada”. O documento aponta que entre as explicações de gastos, o dirigente Itair Machado justificou o repasse de R$ 168 mil recebidos da prefeitura como pagamento para o transporte de seus atletas. No entanto, o clube recebeu no mesmo período recursos para a mesma finalidade da Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
Segundo o promotor de Justiça Fábio Finotti, alguns processos envolvendo Itair Machado tramitam há mais de 10 anos e enfrentam como obstáculo a lentidão da Justiça, que tem várias fases e etapas a serem cumpridas até a sentença final. “No caso de Itair, antes de ele aparecer como diretor do Cruzeiro, estava quase impossível encontrá-lo. Foram várias cartas precatórias para Belo Horizonte”, explica Finotti.
Em outra ação de improbidade administrativa apresentada em 2014, envolvendo a Prefeitura de Ipatinga, o clube e Itair Machado, o Ministério Público questiona novos repasses feitos dos cofres públicos municipais para fixar propagandas no Estádio Municipal de Ipatinga. “Salta aos olhos o fato de o município ter pagado para fixar propaganda em estádio que é seu (Estádio Municipal Epaminondas Mendes Brito, conhecido como Ipatingão). O Ipatingão é patrimônio do município de Ipatinga”, diz a peça.
Procurado pela reportagem, o vice-presidente do Cruzeiro não atendeu as ligações. Segundo a assessoria de imprensa do clube, Itair Machado não concederia entrevistas exclusivas nessa terça-feira, uma vez que participou de entrevista coletiva com mais de uma hora de duração na segunda-feira.
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