Crescimento das despesas com a montagem de elenco, problemas de geração de receita e aumento da dívida de curto prazo. Esses são alguns dos argumentos apontados pelo economista e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Samy Dana, para indicar o Cruzeiro como a pior gestão financeira do futebol brasileiro.
“O endividamento do Cruzeiro sobe muito. Ele opera no negativo vários e vários meses. Ele foi o clube que aumentou, percentualmente, mais a dívida de curto de prazo, aquela dívida cara, de má qualidade. Também tem problema de geração de caixa, ou seja, ele não consegue se pagar”, detalhou o economista ao canal SporTV.
A análise considera os últimos dez balanços dos 24 primeiros clubes do ranking da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). O estudo foi apresentado por Dana na edição do programa Seleção Sportv, exibido nesta quarta-feira.
Samy Dana também criticou o balanço de 2018 do clube celeste, considerado por ele um 'doping financeiro'. “Ele já contabilizou o resultado da venda do Arrascaeta em 2018 (13 milhões de euros ou R$ 55,2 milhões na cotação da época da transação), o que não deveria. Deveria ser em 2019. Ganhou a Copa do Brasil, competição que rende R$ 60 milhões. Mesmo assim, ele não sai do negativo”, observou.
Oficialmente, a administração do Cruzeiro defende que a inclusão da venda do uruguaio na atividade financeira de 2018 aconteceu porque a Link Assessoria, que gerenciou as negociações com o Flamengo, apresentou a proposta ao clube em dezembro do ano passado.
O último balanço financeiro do Cruzeiro apresentou déficit de R$ 27.236.795,00. Enquanto a receita líquida foi de R$ 373.508.994, os custos diretos e as despesas operacionais chegaram a R$ 400.745.788.
A dívida total do clube era de R$ 557.477.179 em 2017 e fechou 2018 em R$ 575.625.942.
Já são sete exercícios seguidos de déficit. O último ano com fechamento das contas no azul foi 2011, com lucro de R$ 13,1 milhões. Na sequência, o Cruzeiro acumulou números negativos em 2012 (R$ 30,9 milhões), 2013 (R$ 22,8 milhões), 2014 (R$ 38,6 milhões), 2015 (R$ 25.7 milhões), 2016 (R$ 29,3 milhões) e 2017 (R$ 16,8 milhões).
Outros clubes
O levantamento de Samy Dana também apontou, além do Cruzeiro, o Botafogo e o Internacional entre as piores gestões financeiras do Brasil.
Em terceiro lugar no ranking dos piores, o time carioca tem o maior endividamento líquido entre os clubes analisados, segundo Dana. “O Botafogo tem uma dívida quatro vezes maior que sua receita. Ou seja, demora quatro anos, sem gastar nada, para quitar a dívida”, afirmou.
O Colorado, por sua vez, tem o segundo maior endividamento do país, de acordo com o estudo, perdendo apenas para o time da estrela solitária. De acordo com os números apresentados, o clube gaúcho arrecadou menos em 2018 que em 2015, ou seja, não houve crescimento da receita.
Por outro lado, a pesquisa também indicou as melhores gestões do Brasil. Na contramão do rival, o Grêmio liderou o ranking e apresentou dados mais consistentes. “Ele conseguiu matar a dívida de má qualidade, aquela de taxa de juros cara. É uma gestão muito racional, precisa”, ponderou o economista.
Em segundo lugar, ficou o atual campeão brasileiro, Palmeiras. Conforme o estudo, os dados positivos são puxados pelo patrocínio máster do clube, que dá ao alviverde a maior receita do futebol nacional.
A atividade financeira do Flamengo também foi ressaltada positivamente por Samy Dana. “Era o clube mais endividado em 2012 e foi a segunda maior receita em 2018. E a primeira em 2017. Então, a dívida caiu bastante”, analisou. Segundo o economista, o rubro-negro carioca também se destaca por ser “um clube muito bem quisto por patrocinadores”, devido a sua imensa torcida espalhada pelo Brasil.
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