Clube fundado em 2 de janeiro de 1921 por imigrantes italianos, refugiados da Primeira Guerra Mundial, ocorrida entre 1914 e 1918, o Cruzeiro terá, quase um século depois, a oportunidade de proporcionar um dia especial a cem cidadãos de 26 nacionalidades que vivem hoje em Belo Horizonte. Dois torcedores cruzeirenses criaram uma campanha na internet para arrecadar fundos e levar esse grupo de estrangeiros ao Mineirão, em 9 de junho, na partida contra o Corinthians, pelo Campeonato Brasileiro. O clube já se prontificou a ajudar com a doação de ingressos.

Os idealizadores da ação são os cruzeirenses Fábio Militão e Christiano Rocco. Há algumas semanas, eles souberam que professores voluntários do Cefet-MG ensinam língua portuguesa a esses cem estrangeiros, a maioria deles de baixa renda. Vários deles precisam dominar o idioma para validar, no Brasil, diplomas obtidos no exterior. Só assim eles poderão conseguir a certificação para exercer suas profissões no país. O grupo de estudo também conta com crianças.

“São tunisianos, haitianos, iranianos, sírios, russos, venezuelanos, cubanos, dentre outros, que sonham com um recomeço em nosso país. Alguns já até se colocaram no mercado, são bem-sucedidos e estão felizes no Brasil. São pessoas capacitadas, preparadas e com muitas habilidades, que estão buscando essa virada. E já estão conseguindo”, conta Christiano Rocco.

Ao conhecer o projeto desenvolvido por meio da Secretaria de Relações Internacionais (SRI) do Cefet-MG, Rocco e Militão pensaram em meios de proporcionar um dia especial a esses imigrantes que escolheram BH para viver. Surgiu então o projeto “O Mundo é Azul, o Mundo é Cruzeiro”, que já arrecada fundos na internet por meio de uma vaquinha virtual. Em 9 de junho, a ação proporcionará a ida dessas cem pessoas ao Mineirão na partida contra o Corinthians pelo Brasileiro. Serão custeados transporte (ida e volta) e um café da manhã. Além disso, todos serão presenteados com camisas personalizadas do Cruzeiro que levarão o slogan da campanha traduzido em ao menos seis idiomas.

"O Cruzeiro está prestes a fazer 100 anos. O clube foi fundado por imigrantes operários, pessoas que passavam naquela época as mesmas situações que eles estão passando hoje: distância de casa, de familiares, de amigos, alguma situação adversa. Eles vivem como os italianos que fugiram da Segunda Guerra e chegaram ao país sem quase nada e deram a volta por cima. Foram eles que fundaram o Palestra Itália. Os imigrantes que hoje vivem em BH também estão dando a volta por cima, são pessoas qualificadas, muito capazes. Hoje, o Cruzeiro, quase centenário, é um gigante e pode proporcionar a eles um dia maravilhoso no Mineirão. A torcida do Cruzeiro ajudará nesse projeto e ganhará mais cem integrantes. Serão novos torcedores do Cruzeiro", destacou Christiano Rocco.

Em aulas no Cefet, os refugiados já ensaiam cantos da torcida celeste.

As contribuições podem ser feitas por meio do site Vakinha.com.br. Clique aqui e ajude a campanha!



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