O jogo entre Deportivo Lara e Cruzeiro, na Venezuela, pela quinta rodada do Grupo B da Copa Libertadores, colocará frente a frente dois treinadores com trabalhos duradouros. Leonardo González e Mano Menezes assumiram as equipes em julho de 2016 e, desde então, têm conquistado bons resultados. Eles se enfrentam nesta terça-feira, às 17h (de Brasília), no Estádio Metropolitano de Lara, em Cabudare.
Mano está na segunda passagem pelo Cruzeiro. A primeira durou cerca de três meses, de setembro a dezembro de 2015. Em julho de 2016, após treinar o Shandong Luneng da China, ele regressou à Toca com o objetivo de salvar o clube do rebaixamento à Série B. A missão foi alcançada com sucesso. A Raposa saltou da penúltima colocação, na 16ª rodada do Brasileiro (15 pontos), para a 12ª, ao término do campeonato (51 pontos). Na Copa do Brasil, perdeu nas semifinais para Grêmio.
Nos anos subsequentes, Mano Menezes teve oportunidade de indicar contratações e reformular o elenco. Respaldado pela diretoria, ele construiu equipes sólidas especialmente em duelos de mata-mata. Foram dois títulos consecutivos na Copa do Brasil, em 2017 e 2018, e dois no Campeonato Mineiro, em 2018 e 2019. Na Série A, a equipe cruzeirense desempenhou papel de coadjuvante: 5º em 2017, com 57 pontos, e 8º em 2018, com 53.
Em 2019, o Cruzeiro ganhou o Mineiro de maneira invicta, com 11 vitórias e cinco empates em 16 jogos. Foram 36 gols marcados e nove sofridos. Fred terminou o torneio como artilheiro, com 12 gols. Na Copa Libertadores, o time tem 100% de aproveitamento no Grupo B, com 12 pontos, e está classificado às oitavas de final com duas rodadas de antecedência. A missão é assegurar a melhor campanha geral para ser mandante nas partidas de volta dos mata-matas. De 2000 para cá, somente três equipes venceram os seis duelos da fase de grupos: Vasco, em 2001; Santos, em 2007; e Boca Juniors, em 2015.
Além dos troféus, Mano lapidou o modo de jogo de vários atletas. Antes de ser vendido ao Flamengo no início do ano, por 13 milhões de euros (R$ 55,25 milhões), Arrascaeta aprendeu a colaborar com a marcação. Lucas Romero, outrora considerado volante de contenção, adapta-se à função de ‘elemento-surpresa’ no meio-campo. Já o meia Rafinha, que divide opiniões entre os torcedores, goza de prestígio com o comandante justamente por ser um jogador aplicado taticamente e de bom condicionamento físico.
Nessa segunda-feira, o treinador de 56 anos completou 1.000 dias consecutivos no Cruzeiro. São 197 partidas desde 26 de julho de 2016, com 100 vitórias, 55 empates e 42 derrotas. Contando o período em 2015, o gaúcho tem 213 jogos (108 vitórias, 61 empates e 44 derrotas) e é o quarto que mais dirigiu a equipe, abaixo somente de Niginho (256), Levir Culpi (257) e Ilton Chaves (362).
Se cumprir o contrato até dezembro, Mano contabilizará 1.253 dias no Cruzeiro. Técnicos que também conduziram projetos em longo prazo ficaram menos tempo no clube. Campeão brasileiro em 2013 e 2014, Marcelo Oliveira comandou o elenco de 1º de janeiro de 2013 a 2 de junho de 2015 (882 dias). Adilson Batista, duas vezes campeão mineiro (2008 e 2009) e finalista da Copa Libertadores (2009), teve contrato de 1º de janeiro de 2008 a 3 de junho de 2010 (884 dias). Levir Culpi chefiou o grupo cruzeirense entre o primeiro dia de 1998 e 21 de novembro de 1999 (689 dias), enquanto Vanderlei Luxemburgo, marcado pela conquista da Tríplice Coroa em 2003 (Mineiro, Copa do Brasil e Campeonato Brasileiro), ficou na Toca de 13 de agosto de 2002 a 27 de fevereiro de 2004 (563 dias).
Leonardo González
Enquanto Mano jogou somente futebol amador por clubes do Rio Grande do Sul, Leonardo González, de 46 anos, teve experiência como atleta profissional entre as décadas de 1990 e 2000, atuando por Trujillanos e Caracas e fazendo parte da seleção da Venezuela nas edições de 1993, 1995 e 1997 da Copa América. O ex-zagueiro, que disputou 39 partidas com a camisa vinotinto, pendurou as chuteiras em 2010, quando deu sequência à trajetória no mundo da bola na função de assistente. Em 2014, consolidou o primeiro trabalho como técnico no Deportivo La Guaira, pelo qual faturou duas edições da Copa Venezuela, em 2014 e 2015. Em 31 de julho de 2016, foi contratado pelo Deportivo Lara, que se mantém nas “cabeças” do futebol no país. Com ele, a equipe celebrou o bi consecutivo do Torneio Apertura e o vice geral do Campeonato Venezuelano em 2017 e 2018.
Por causa da diferença entre os calendários do futebol brasileiro e da Venezuela, Leo González tem 130 jogos no comando do Lara, 67 a menos que Mano na segunda passagem pelo Cruzeiro. Segundo dados disponibilizados pelo site Ogol, são 54 vitórias, 39 empates e 37 derrotas, com 155 gols marcados e 133 sofridos.
Na Libertadores de 2019, o Deportivo Lara fez jogos parelhos contra Emelec (empates por 0 a 0, em casa, e 2 a 2, fora) e venceu o Huracán por 2 a 1, como mandante. Diante do Cruzeiro, o time venezuelano ficou bem postado na marcação e só levou o segundo gol da derrota por 2 a 0, no Mineirão, em finalização do volante Jadson no último lance da partida, aos 50min da etapa final.
O cumprimento das orientações de Leonardo González rendeu à equipe a segunda colocação do Grupo B, com cinco pontos. Ainda que não vença o Cruzeiro na Venezuela, o Deportivo Lara seguirá com chances de classificação inédita às oitavas de final. O último compromisso pelo Grupo B será contra o Huracán, na Argentina.
Mano Menezes no Cruzeiro
Desde 26 de julho de 2016 (1.001 dias)
213 jogos
108 vitórias
61 empates
44 derrotas
315 gols marcados
177 gols sofridos
Títulos: Copa do Brasil, em 2017 e 2018, e Campeonato Mineiro, em 2018 e 2019
Leonardo González no Deportivo Lara
Período: desde 31 de julho de 2016 (996 dias)
130 jogos
54 vitórias
39 empates
37 derrotas
155 gols marcados
133 gols sofridos
Vice-campeão venezuelano em 2017 e 2018