Mas o gaúcho conseguiu muito mais. Desde então, são quatro títulos: duas Copas do Brasil (2017 e 2018) e dois Campeonatos Mineiros (2018 e 2019). A última conquista veio neste sábado: a Raposa levantou o troféu do Estadual ao empatar com o Atlético (1 a 1), no Independência, pelo segundo jogo da final - a primeira partida foi vencida pelo time de Mano, por 2 a 1, no Mineirão. Pelo elenco qualificado e em função do trabalho consistente, não seria nenhum exagero sonhar com outros canecos ainda nesta temporada.
Além da importância das conquistas, Mano entrou para a história ao integrar o 'top 4' dos treinadores que mais dirigiram o Cruzeiro. Somando as duas passagens (2015 - 2016/2019), já são 213 jogos no clube. Ele é o quarto em número de partidas, atrás de Niginho (256 jogos), Levir Culpi (257) e Ilton Chaves (362). No Cruzeiro, Mano contabilizou 16 jogos entre setembro e dezembro de 2015 (8V, 6E e 2D) e 197 desde julho de 2016 (100V, 55E e 42D).
Ainda na gestão do ex-presidente Gilvan de Pinho Tavares, o Cruzeiro acertou o retorno de Mano para ‘apagar incêndio’. À época, o time estava na 18ª posição no Campeonato Brasileiro, com apenas 15 pontos em 15 rodadas (33,33% de aproveitamento), fruto dos maus resultados obtidos pelo antecessor, o português Paulo Bento. Com a mudança de técnico, o clube celeste se recuperou na competição e saltou para o 12º lugar, com 51 pontos, além de atingir as semifinais da Copa do Brasil, sendo eliminado pelo campeão Grêmio.
Em 2017, Mano teve a oportunidade de implantar sua filosofia de trabalho desde o início da temporada. Apegado ao futebol de resultados, especialmente nas competições eliminatórias, ele quebrou jejum particular de oito anos sem títulos de maior expressão ao conquistar a Copa do Brasil de 2017, com uma classificação graças ao gol qualificado como visitante (contra o Palmeiras, nas quartas de final) e duas nos pênaltis (Grêmio, semifinal, e Flamengo, na decisão).
Em 2018, já na gestão Wagner Pires de Sá, o bi consecutivo do torneio nacional veio com duas vitórias sobre o Corinthians na decisão, depois de o time celeste passar por Athletico, Santos e Palmeiras nas fases anteriores. Para ampliar a alegria celeste, o treinador também levou o time ao bicampeonato Mineiro (2018 e 2019), derrotando o maior rival, o Atlético, nas finais.
Internamente, jogadores do Cruzeiro consideram Mano Menezes um técnico disciplinador e exigente no cumprimento de obrigações táticas. “Não é que é o mais bravo. Ele é o mais exigente. Ele gosta de disciplina, gosta que cumpre os horários, dentro de campo o jogador tem que ser disciplinado com ele, não pode fazer bagunça, tem que fazer a formação que ele pede. Com dois anos, já vimos que deu certo. Então, não tem como nós não seguirmos a linha do Mano. Ele é um pouco diferente dos outros, que deixam o time mais solto, deixam o time jogar mais. Mas acho que a gente, sendo campeão, não tem como não seguir a linha do Mano”, afirmou o meia Thiago Neves, em entrevista recente ao canal Fox Sports.
Atualmente, a relação do treinador com o torcedor é das melhores. Contudo, Mano ainda é criticado por uma parcela dos cruzeirenses em função do estilo de jogo pragmático, por pensar fixamente no resultado e deixar o jogo bonito, em muitas oportunidades, em segundo plano.
Longevidade
Se cumprir o vínculo até o fim do ano, Mano completará 1.253 dias no Cruzeiro. Técnicos que também conduziram projetos em longo prazo ficaram menos tempo no clube. Campeão brasileiro em 2013 e 2014, Marcelo Oliveira comandou o elenco de 1º de janeiro de 2013 a 2 de junho de 2015 (882 dias). Adilson Batista, duas vezes campeão mineiro (2008 e 2009) e finalista da Copa Libertadores (2009), teve contrato de 1º de janeiro de 2008 a 3 de junho de 2010 (884 dias). Levir Culpi chefiou o grupo cruzeirense entre o primeiro dia de 1998 e 21 de novembro de 1999 (689 dias), enquanto Vanderlei Luxemburgo, marcado pela conquista da Tríplice Coroa em 2003 (Mineiro, Copa do Brasil e Campeonato Brasileiro), ficou na Toca de 13 de agosto de 2002 a 27 de fevereiro de 2004 (563 dias).