“Quanto ao problema do jogador Vitor Roque, o Cruzeiro está absolutamente tranquilo dentro dessa situação. O pai do jogador procurou o Cruzeiro logo depois que ele tinha encerrado o vínculo dele com o América. O Cruzeiro fez uma consulta ao sistema da CBF e viu que o jogador, de fato, não tinha nenhum registro de contrato com nenhum clube. O jogador ainda, segundo a família dele, tinha a possibilidade de se transferir para outro clube. Esse clube, inclusive, era o Palmeiras. Mas como a família dele é de Belo Horizonte e torce pelo Cruzeiro, o pai insistiu para que deixasse o jogador participasse de um teste. Fizemos uma peneira aqui, com outros jogadores dessa idade, e ele passou pela peneira. A partir dali, o Cruzeiro fez todo o trâmite burocrático para incluir o jogador no elenco”, disse Barbosa, revelando, em seguida, uma denúncia feita pelo pai de Vitor Roque contra o América ao Ministério Público.
“Durante esse processo, o pai fez, inclusive, uma representação contra o América e contra a associação de clubes no Ministério Público em função de algumas ameaças que havia sofrido quando decidiu que o jogar não ficaria no América. A partir dali, o Cruzeiro tomou as medidas que precisava tomar para registrar o jogador. Essa situação está extremamente sob controle na ótica do Cruzeiro. Todas essas demandas que, porventura, vierem em função do registro do jogador, o Cruzeiro vai discutir cada uma delas no fórum próprio. O mais importante é que o Cruzeiro não aliciou nenhum jogador. O jogador chegou ao Cruzeiro depois de não ter tido o vínculo confirmado com o América”.
O Superesportes teve acesso ao documento enviado por Juvenal Ferreira, pai de Vitor Roque, à promotoria do Ministério Público da Infância e Juventude da Comarca de Belo Horizonte no dia 14 de março. Entre várias argumentações, o responsável pelo jovem diz que a decisão de acertar com o Cruzeiro foi tomada com base na vontade do filho, conforme o parágrafo 2º do artigo 1º da Lei Pelé. “A prática desportiva não-formal é caracterizada pela liberdade lúdica de seus praticantes”.
Também há discordância quanto ao posicionamento do Movimento dos Clubes Formadores do Futebol Brasileiro (MCFFB) de exigir o banimento da Raposa das competições sub-15 não organizadas pelas federações. Juvenal Ferreira ainda ressaltou que o contrato amador de Vitor Roque com o América terminou em 31 de dezembro de 2018, não havendo autorização para prorrogação por parte do Coelho. De acordo com o pai do atacante, o diretor de base americano, Paulo Bracks, fez pressão para tentar estender o vínculo.
Procurado pelo Superesportes, o América se posicionou oficialmente a respeito da denúncia realizada pelo pai de Vitor Roque. “O América tomou conhecimento do documento protocolado junto ao Ministério Público, mas não fará comentários sobre o mesmo, pois se trata de uma ação sigilosa e que envolve uma criança. O atleta Vitor Roque, menor com 14 anos, é inimputável e não responde por seus atos. Portanto, é uma vítima, tanto quanto o América, da falta de ética que gerou todo esse imbróglio. Esperamos que a questão seja resolvida da melhor forma possível e que o caso se torne um exemplo para combater no futebol brasileiro comportamentos como esse, de imoral assédio financeiro a um atleta em formação”.
Também há discordância quanto ao posicionamento do Movimento dos Clubes Formadores do Futebol Brasileiro (MCFFB) de exigir o banimento da Raposa das competições sub-15 não organizadas pelas federações. Juvenal Ferreira ainda ressaltou que o contrato amador de Vitor Roque com o América terminou em 31 de dezembro de 2018, não havendo autorização para prorrogação por parte do Coelho. De acordo com o pai do atacante, o diretor de base americano, Paulo Bracks, fez pressão para tentar estender o vínculo.
Procurado pelo Superesportes, o América se posicionou oficialmente a respeito da denúncia realizada pelo pai de Vitor Roque. “O América tomou conhecimento do documento protocolado junto ao Ministério Público, mas não fará comentários sobre o mesmo, pois se trata de uma ação sigilosa e que envolve uma criança. O atleta Vitor Roque, menor com 14 anos, é inimputável e não responde por seus atos.
Leia a íntegra da denúncia feita em 15 de março de 2019
Entenda o caso
Vitor Roque passou a jogar nos times de base do América aos 10 anos. Ao completar 14 - idade mínima permitida para a assinatura de contrato de formação -, o atacante não se reapresentou ao clube. Poucos dias depois, o diretor de futebol de base Paulo Bracks foi informado de que o atleta estava treinando no Cruzeiro.
A primeira reação do América foi informar o Movimento de Clubes Formadores do Futebol Brasileiro (MCFFB) e cobrar justamente o boicote ao Cruzeiro nas próximas competições da categoria. Neste mês, o clube alviverde acionou o rival no Ministério Público do Trabalho (MPT) sob a alegação de que a diretoria da Raposa desvirtuou o propósito de formação ao tratar um adolescente, ainda com contrato de formação, como um jogador adulto.
Promessa da base americana, Vitor Roque foi artilheiro do Mineiro Sub-14 de 2018, com oito gols. No perfil do atleta no Instagram é possível ver um vídeo de um belo gol marcado por ele contra o Atlético, na Cidade do Galo, pela partida de volta da final do torneio. No lance, o camisa 9 ajeitou a bola no peito, livrou-se de três marcadores e bateu rasteiro no canto esquerdo. O Coelho acabou derrotado por 3 a 2.
Na semifinal, contra o Cruzeiro, Vitor também foi destaque ao fazer o primeiro gol americano na vitória por 2 a 0, na Arena Gregorão, em Contagem, pelo jogo de ida. No duelo de volta, as equipes empataram por 1 a 1, na Toca da Raposa 1.
Conforme noticiado pelo Superesportes em 23 de março, o América esperava a reapresentação de Vitor Roque no CT Lanna Drumond em 4 de fevereiro, o que acabou não acontecendo. No dia 28 do mesmo mês, o garoto completou 14 anos e começou a treinar no Cruzeiro, que se recusou a liberá-lo para o Coelho.
À época, as duas diretorias deram suas versões à reportagem. O América alegou que o Cruzeiro teria feito assédio financeiro a Vitor Roque, com salário de R$ 10 mil. Por sua vez, a cúpula celeste negou o aliciamento e afirmou que o adolescente não tinha mais o interesse de jogar pelo Coelho.