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Time, favoritismo, parte emocional, 'pés no chão' e mais: Mano comenta planos do Cruzeiro antes de final contra o Atlético

Treinador falou sobre expectativas para primeira partida da decisão

Redação
Mano Menezes deve escalar força máxima para clássico contra o Atlético - Foto: Vinnicius Silva/Cruzeiro
Na final do Campeonato Mineiro, o Cruzeiro se encontra em momento técnico superior ao do Atlético, que, por sua vez, tem a vantagem de jogar por dois empates ou vitória e derrota pela mesma diferença de gols para ser campeão. Por isso, o time celeste tentará repetir o entrosamento adquirido na temporada 2019 para construir um bom placar na partida de ida, às 16h de domingo, no Mineirão. Nesta sexta-feira, antes do treino fechado à imprensa, o técnico Mano Menezes deu entrevista coletiva de 20 minutos na Toca da Raposa 2. Além de comentar os planos da equipe, o comandante abordou outros assuntos, como favoritismo, parte emocional e ordem de manter os “pés no chão” na decisão. O segundo duelo será no sábado (20), às 16h30, em local a ser definido pela diretoria alvinegra.

Expectativa para o primeiro jogo da final

“A gente tinha essa expectativa. A torcida do Cruzeiro certamente vem vivendo esse bom momento junto com a equipe e está confiante como nós estamos confiantes. Isso faz o estádio ficar lotado. É uma final, é um primeiro jogo de final, primeiros 90 minutos.
Será um jogo grande como sempre são os jogos de finais entre Cruzeiro e Atlético. Estamos preparando para a equipe fazer uma boa metade de decisão. Tentar diminuir a vantagem que o Atlético tem, pois fez a melhor campanha. E para a gente diminuir essa vantagem, é tentar construir uma vitória nesse primeiro jogo. Mas como sempre digo, de bem-intencionado o inferno está lotado, todos têm a mesma intenção. Não basta só a intenção, tem que fazer bem e executar bem esse primeiro jogo”.

Pensamento de “pés no chão”

“O pensamento é esse porque essa é a realidade. Nós não ganhamos nada mesmo. Temos um bom início de temporada, uma série de invencibilidade e tudo, mas você precisa, num momento decisivo, confirmar que isso tem seu valor. Se formos campeões, a campanha será diferenciada. Se não formos campeões, todo mundo vai olhar para ela (campanha) e diminuir sua importância. Por que? Porque ela só nos trouxe até aqui. Só serviu para nos trazer até aqui. Para ser campeão mineiro, tem que fazer bem os dois jogos da final.
E nós sabemos que serão jogos difíceis, sabemos da característica do jogo e da nossa capacidade, que é o mais importante. É isso que nós temos de fazer bem. A parte do adversário não nos pertence, temos que cuidar da nossa parte”.

Edilson e Egídio voltam ao time titular?

“Devem (voltar). Mas vamos confirmar a equipe 1h15 antes do jogo, como sempre fizemos. É a linha que temos aqui, é assim que vai ser. Vamos colocar os jogadores que estiverem em melhores condições para fazer um jogo forte. Sabemos que o jogo será forte, temos que ter condição de competir alto. Hoje num jogo de futebol se você não tiver condição de competir, as questões técnicas ficam bem prejudicadas. Se você não tiver força para jogar contra um adversário que te impõe força, você quase não tem oportunidade de fazer valer sua capacidade técnica. Por isso a gente roda, por isso escolhemos às vezes uns ou outros, e a tranquilidade que tenho é de pode escolher todos que estão à disposição, pois todos estão rendendo bem.
Esse é um jogo que ninguém está mal. Então, temos que ter cuidado para saber escolher bem baseado nas questões estratégicas do jogo e nas coisas importantes que achamos que vai acontecer na partida”.

Jogos grandes, com rivalidade entre Cruzeiro e Atlético, têm responsabilidade compartilhada de vitória?

“Os jogos entre equipes grandes têm a responsabilidade de vitória compartilhada. E quando essa responsabilidade está mais compartilhada, eles têm oportunidade, nós temos oportunidades, eles atacam, nós atacamos. Há momentos diferentes de cada equipe dentro dos mesmos 90 minutos. É isso que constrói a vitória: você saber se comportar nesses momentos diferentes do jogo de forma lúcida e inteligente para tirar proveito das situações que te favoreçam”.

O Cruzeiro é favorito na final do Campeonato Mineiro?

“O que coloca um time mais ou menos favorito é o que foi feito agora. Mas o que foi feito até agora não vai jogar. O que foi feito até agora não vai estar em campo nos 180 minutos, nos primeiros 90, não vai estar. O grupo do Cruzeiro é bastante experiente e tem um treinador que já passou por várias situações como essa. Pode elencar aí 100 situações que o favorito perdeu. Que aquele que tinha a melhor campanha perdeu. Nem é o caso, pois o Atlético tem a melhor campanha no Mineiro. Por um momento alguém pode achar que o Cruzeiro está melhor, mas se você olhar outro lado, o Atlético fez a melhor campanha. Está repartido isso. Não é uma questão de fugir, é que não tem valor. Isso é para o torcedor, é para vocês (imprensa), que têm de fazer suas avaliações. Vocês olham para o que aconteceu e fazem as avaliações. Mas a gente sabe que na hora que começar, nem às vezes quando você faz vantagem no primeiro jogo, no segundo se confirma. Prova disso foi ano passado. Fizemos a melhor campanha, perdemos por 3 a 1 o primeiro clássico, e quando todos achavam que o Atlético ia confirmar (o título), o Cruzeiro, ineditamente, fez uma reversão de dois gols de diferença contra. Não precisa inventar, não é uma questão de fugir disso ou daquilo, mas a gente sabe que o que vai valer é o que as duas equipes vão fazer. Ambas têm condições, disso eu tenho certeza”.

Critério para a definição da equipe titular

“Todos estão bem. A escolha será técnica. Já fizemos todas as avaliações. Mesmo quem teve seis jogos entrando como titular, quase que invariavelmente, com duas exceções, não completaram 90 minutos. Tiramos eles antes exatamente por causa do último terço do jogo, que é o mais desgastante. Dos 60 minutos para frente. Você pode olhar, já que pesquisou, que lá, a maioria deles, saiu nos 60 minutos para não completar. Se você olhar pela minutagem, alguns trabalharam menos exatamente para não entrar nesse momento desgastante. Consequentemente, a recuperação é melhor. No dia seguinte, todos estão inteiros e ficam à disposição”.

Mano explicou que todos os jogadores que vinham atuando estão em boas condições físicas - Foto: Vinnicius Silva/Cruzeiro

‘Peso’ da vantagem de jogar por dois empates ou vitória e derrota pela mesma diferença de gols (no caso, pertencente ao Atlético)?

“Nós só usamos muito bem na última parte, né?! Nos primeiros 90 minutos não usamos coisa nenhuma. Não dá para pensar nela 180 minutos. É uma coisa que você pode pensar nos últimos 15 minutos do confronto, se as coisas tendem a andar parelhas pelo histórico, pelo que está valendo. Vamos ter que jogar bem os dois jogos para estarmos aptos a brigar pelo título. É isso que defendo com meu grupo de jogadores”.

Experiência do time em mais uma final

“A experiência é exatamente isso. Não são apenas anos de idade e campeonatos que a gente acumula. São vivências que nós tivemos nesses campeonatos, nesses anos, que fazem com que a gente esteja preparado para situações que certamente vão se repetir nessa final. Muita coisa no futebol se repete, ou algo parecido. Quando você se depara com a situação, olha para trás e pensa: ‘já passei por isso’. ‘Fiz certo quando deu certo, fiz errado quando deu errado’. O caminho você sabe, mas, mesmo assim, o caminho será construído de novo. Mesmo assim teremos algumas coisas que só vão pertencer a essa final. Precisamos saber que o jogo será duro, o confronto será duro, e temos que preparar para fazer dois bons jogos. É o caminho que temos”.

Representatividade do resultado do jogo de ida

“A única parte psicológica que ele pode afetar é um time abrir grande vantagem sobre o outro. Ou abrir uma vantagem, mesmo que seja pequena, sobre o outro. Isso vai influenciar nos outros 90 minutos”.

Time ‘cascudo’ do Cruzeiro em mata-matas

“Eu assumi um grupo maduro. O Cruzeiro já tem a base do seu grupo desde os títulos dos Campeonatos Brasileiros. O grupo foi brilhantemente dirigido pelo Marcelo (Oliveira). É um grupo experiente que já havia convivido com muitas situações. Lógico que você vai tendo uma identidade maior com esse grupo e o treinador. Também vai tendo uma confiança maior na medida em que você vence e conquista títulos. O torcedor entende melhor a maneira da equipe se comportar nesse tipo de jogo, participa e ajuda mais, porque já tem confiança. Isso logicamente aumentou com as duas conquistas da Copa do Brasil em 2017 e 2018”.

Favoritismo apontado pela imprensa conta em campo?

“A gente joga com opiniões favoráveis da mesma maneira que jogamos com opiniões contrárias. Sabemos que essas opiniões não vão resolver o jogo para a gente, nem a favor e nem contra. Esse é o papel da imprensa. E também não tem sentido nenhum nos incomodar com os elogios, pois trabalhamos para ganhar, vencer e conquistar. Quando vem o elogio, temos de saber conviver com ele, pois faz parte da nossa vida, da mesma maneira que as críticas fazem parte. A experiência também nos ensina que na hora do jogo temos que deixar isso de lado e tentar dar mais razão ainda a esses elogios fazendo um bom jogo e lutando por mais uma conquista. Isso sim faz a diferença”.

Pedro Rocha e Thiago Neves podem ser relacionados?

“Vamos ver. Estamos avaliando tudo, como sempre fizemos. Não é hora de apressar uma coisa que não precisa ser apressada, mas se os jogadores tiverem condição, não vamos abrir mão. São jogadores muito importantes e nós queremos contar com todo mundo”.

Laterais em alta no elenco celeste

“É difícil encontrar nos últimos anos novos laterais no futebol brasileiro. Não está tão fácil. Mas conseguimos no ano ter dois jogadores (por posição). O Rafael é uma projeção mais em longo prazo, a gente trouxe exatamente para formar junto essa última etapa depois do sub-20, para que lá na frente ele seja um dos laterais do Cruzeiro. Mas especificamente falando de Orejuela, Edilson, Egídio e Dodô, a gente conseguiu ter dois jogadores confiáveis em cada função, de modo que eu possa começar com um ou outro. É isso que a gente quer. Não pode ter a desconfiança ou a necessidade de fazer improvisações. Num grupo como o nosso, até pode solucionar o problema de um ano, mas no outro temos que encontrar outras soluções. Foi isso que a gente fez. Realmente temos boas condições com os quatro jogadores das duas posições. Isso deixa o treinador muito contente”.

Parte emocional do rival devido à situação difícil na Libertadores e à troca de técnico

“Isso certamente afeta emocionalmente. Mas não posso te dizer se é positivo ou negativo o efeito que terá. O jogo é que nos vai mostrar. O que as experiências nos mostram é que um clube grande passa situações como essa e às vezes essas coisas não são nem notadas na hora dos 90 minutos. O que vai valer é o ambiente, é o grupo de jogadores que está há bastante tempo junto, é a equipe que vem jogando. Vai haver uma ou duas alterações táticas, pode nem haver. Pode haver uma alteração anímica, porque nessa hora você se junta por estar recebendo críticas fortes. Os grupos são assim, então estamos preparados para tudo”.

Jogo de volta com estádio a ser definido pelo Atlético

“Está no regulamento. A Federação cumpre o que está no regulamento. Pode ser assim. A questão do local do jogo não pertence ao Cruzeiro. O Cruzeiro vai jogar a primeira partida em sua casa, como mandante, é o que o desempenho das duas equipes previu em termos de regulamentação. Na segunda-feira eles vão definir onde será o segundo jogo, que certamente será sábado. Isso é o mais importante para nós: saber a data do segundo jogo exatamente para fazer um planejamento. Está de bom tamanho”.
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