Em nota, a diretoria celeste explicou ainda que desde junho de 2016 tem depositado 25% da renda líquida das partidas em uma conta judicial. A quantia acumulada está na casa de R$ 10 milhões. Também foi ressaltado que a pendência da administração do presidente Wagner Pires de Sá gira em torno de R$ 1,8 milhão.
Ao discordar do posicionamento da Minas Arena, o Cruzeiro alegou que só voltou a pagar as despesas operacionais porque vislumbrava melhor relacionamento com a operadora do Mineirão, além de observar que a receita da administradora é impulsionada pelo calendário de jogos do clube durante o ano.
“(...) A concessionária possui diversas fontes de receitas que só são estimuladas pelos jogos do Cruzeiro, entre elas 2/3 do lucro do estacionamento e dos bares, exploração publicitária de forma exclusiva do espaço do estádio que não sejam placas no gramado, venda de cerca de 6 mil ingressos nas áreas nobres do Mineirão, comercialização dos camarotes e de pacotes anuais de ingressos, uma vez que o Cruzeiro é o único clube que garante ao estádio um calendário fixo de eventos durante todo o ano”, diz trecho da nota.
Na parte final do texto (leia a íntegra no fim da matéria), o Cruzeiro cita que a Minas Arena é alvo de “investigações e denúncias em órgãos especializados”. Foram compartilhados no site oficial do clube duas matérias do portal UOL e uma do Estado de Minas sobre supostos desvios de verbas durante as obras de remodelação do estádio, entre junho de 2010 e dezembro de 2012.
Cruzeiro x Minas Arena
Cruzeiro x Minas Arena
Depois de o Cruzeiro revelar que enviou um ofício ao Governo de Minas Gerais manifestando desejo de administrar o Mineirão, o diretor comercial da Minas Arena, Samuel Lloyd, lembrou que a Minas Arena assumiu empréstimo de R$ 666 milhões para realizar a reforma do estádio, entre 2010 e 2012, e não abrirá mão do retorno financeiro.
“Eu acredito que tudo é possível, basta querer. Não é assim na vida? Acho que tem que pegar ônus e bônus. Não pode só pegar o estádio pronto, sem arcar com todo investimento que foi feito lá atrás. A Minas Arena colocou R$666 milhões na construção do estádio e espera que esse dinheiro retorne. Se o Cruzeiro quiser, estamos à disposição para negociar”, disse o diretor, em entrevista à Rádio Itatiaia nesta terça-feira.
À Rádio 98FM, também nesta terça-feira, o vice-presidente de futebol do Cruzeiro, Itair Machado, afirmou que se reuniu com o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo) para tratar da possibilidade de o clube gerir o Mineirão.
“Estivemos com o governador, há 15, 20 dias, entregamos ofício, explicando toda a situação, explicando que o Cruzeiro quer administrar o Mineirão. Pra ele levantar os erros que tem lá, acabar com o contrato dessas empresas, inclusive uma delas é da Lava-Jato, não sei falar qual”, afirmou o dirigente.
Na entrevista que concedeu ao Superesportes em 11 de novembro de 2018, Itair já havia manifestado o interesse do Cruzeiro de gerenciar o estádio. Na ocasião, ele revelou, pela primeira vez, um encontro com o então governador Fernando Pimentel (PT) para fazer a mesma solicitação de gerir o Mineirão. “Nada mais justo que, em vez de construir um estádio, o Cruzeiro administrar e fazer um comodato com o Mineirão. É disso que estamos atrás”, afirmou o dirigente na oportunidade.
O contrato do projeto de Parceria Público Privada do Mineirão foi assinado em 21 de dezembro de 2010, celebrado entre o Núcleo Gestor das Copas, a Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (SEPLAG) e a Minas Arena. O valor do contrato é de R$ 677.353.021,85, sendo que a concessionária financiou R$666 milhões. O prazo de vigência da concessionária é de 27 anos, finalizando no ano de 2037, com a previsão de prorrogação contratual até 2045.
Leia a íntegra da nota publicada pelo Cruzeiro na noite desta terça-feira
O Cruzeiro Esporte Clube vem a público se manifestar a respeito de declarações dadas nesta terça-feira, 9 de abril, em diversos veículos de comunicação pelo Sr. Samuel Lloyd, diretor da Minas Arena, envolvendo o contrato em vigência entre o Clube e a concessionária que está responsável pela gestão do estádio Mineirão.
Em suas declarações, Samuel alega que o Cruzeiro não teria repassado à concessionária um montante que ultrapassa os R$ 26 milhões, valor contestado pelo Clube, relacionado ao custo operacional de seus jogos no estádio.
Devido ao contrato de fidelidade firmado pelas partes no ano de 2012, o Clube possui a prerrogativa de analisar as condições que a Minas Arena oferece para que outros clubes atuem no estádio e, caso queira, adotar este modelo desde então.
Desta forma, desde o mês de julho de 2013, após o Atlético-MG atuar no Mineirão sem a necessidade de pagar pelos custos operacionais em uma partida, o Cruzeiro – se baseando no contrato – entendeu que tinha o direito do mesmo tratamento e a questão entrou na esfera judicial, na qual permanece.
Diferentemente dos valores declarados por Samuel Lloyd, o Cruzeiro acredita que o atual montante esteja na casa de R$ 18 milhões, motivo de nova contestação judicial, uma vez que a Minas Arena alega que o valor chega a R$ 26 milhões. O Clube ainda esclarece que, desde junho de 2016, 25% da renda líquida em todos os seus jogos são depositados em juízo, valor este acumulado em mais ou menos R$10 milhões.
Cabe ressaltar que o montante relacionado à atual gestão administrativa do Cruzeiro Esporte Clube, do triênio 2018-2020, presidida por Wagner Pires de Sá, está na casa de R$ 1,8 milhão.
O Cruzeiro reitera que, mesmo tendo voltado a pagar por tais despesas, isso não significa que o Clube concorde com o que é cobrado pela Minas Arena, mas, sim, uma sinalização pela busca de uma melhora na relação cotidiana com a concessionária.
O Clube ressalta que, apesar de algumas declarações de Samuel Lloyd darem a entender que a Minas Arena poderia ter prejuízo devido à parceria, a concessionária possui diversas fontes de receitas que só são estimuladas pelos jogos do Cruzeiro, entre elas 2/3 do lucro do estacionamento e dos bares, exploração publicitária de forma exclusiva do espaço do estádio que não sejam placas no gramado, venda de cerca de 6 mil ingressos nas áreas nobres do Mineirão, comercialização dos camarotes e de pacotes anuais de ingressos, uma vez que o Cruzeiro é o único clube que garante ao estádio um calendário fixo de eventos durante todo o ano.
Por mais que o discurso por parte da concessionária e de seu principal representante seja o de cumprimento de contrato, é de conhecimento público que a Minas Arena vem sendo alvo de investigações e denúncias em órgãos especializados, como a CPI da Minas Arena, requerida pelo deputado estadual Léo Portela, que será submetida à apreciação na Assembleia Legislativa de Minas Gerais.
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