Inicialmente, a intenção da diretoria cruzeirense era fazer a operação com um fundo europeu. Os recursos seriam repassados ao clube de uma só vez e não de forma parcelada.
Nesta terça-feira, em entrevista à Rádio 98 FM, de Belo Horizonte, o vice-presidente de futebol do Cruzeiro, Itair Machado, revelou que o clube já conversa com uma segunda instituição financeira. Se nenhum empréstimo for aprovado, o plano B seria renegociar os débitos e parcelar os pagamentos.
"Depende de análise do banco. O Cruzeiro conversa com dois bancos e o que sair primeiro a gente faz o empréstimo. Vários clubes estão procurando este modelo. Acho que vai ser sim a salvação para os clubes. Imagina você acordar bloqueando suas contas? É difícil trabalhar. Acredito que o empréstimo vai sair. Se não sair, nós já temos o plano B, que é fazer um parcelamento a longo prazo com todos os credores do Cruzeiro. Acho que em 90 dias teremos a solução disso", disse Itair à emissora.
Por 316 votos a dois, o Conselho Deliberativo do Cruzeiro aprovou a proposta da diretoria para contrair o empréstimo de R$ 300 milhões junto a um fundo estrangeiro, que seria de Portugal. A intenção do presidente Wagner Pires de Sá é trocar todas as dívidas por uma apenas. A vantagem seria a redução dos juros.
Se o empréstimo for aprovado por algum fundo ou alguma instituição financeira, o dinheiro será usado para finalizar pendências com clubes, ex-parceiros e agentes por contratações e comissões não pagas. Também estão entre as urgências débitos com instituições financeiras e fornecedores. Estima-se que o valor total do passivo gire em torno de R$ 470 milhões, incluindo impostos já renegociados com o Governo Federal.
Na negociação original do empréstimo, feita inicialmente com um fundo internacional, o Cruzeiro teria carência de um ano e meio a partir da assinatura do contrato para começar a pagar a dívida, fatiada em sete parcelas semestrais e com juros anuais inferiores a 9%. O argumento utilizado pela diretoria para convencer os conselheiros é que os bancos brasileiros cobram taxas de até 24% ao ano.
A proposta de pagar o empréstimo em até cinco anos (um ano e meio de carência e três anos e meio de prestações semestrais) passará pela reeleição de Wagner Pires de Sá. Caso ganhe o pleito de outubro de 2020, o atual presidente ficaria no cargo até dezembro de 2023.
A diretoria, portanto, precisa acelerar os trâmites da assinatura do contrato, de modo que as prestações semestrais não ultrapassem um possível segundo mandato de Pires de Sá.
Veja abaixo uma simulação da negociação com um fundo:
Fevereiro de 2019 – aprovação no Conselho Deliberativo
Abril de 2019 – assinatura do contrato
Outubro de 2020 – fim do período de carência e pagamento da primeira parcela semestral
Abril de 2021 – segunda parcela semestral
Outubro de 2021 – terceira parcela semestral
Abril de 2022 – quarta parcela semestral
Outubro de 2022 – quinta parcela semestral
Abril de 2023 – sexta parcela semestral
Outubro de 2023 – sétima parcela semestral
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