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Conselho aprova, e Cruzeiro pegará empréstimo de R$300 milhões com fundo internacional

Proposta do presidente Wagner Pires de Sá teve aprovação quase absoluta

Tiago Mattar
Proposta do presidente Wagner Pires de Sá teve aprovação de 314 dos 316 conselheiros presentes - Foto: Vinnicius Silva/Cruzeiro
O otimismo da diretoria do Cruzeiro se confirmou na noite desta segunda-feira, na Sede Social do Cruzeiro, no Barro Preto, em Belo Horizonte. Por maioria absoluta dos votos, o Conselho Deliberativo do clube aprovou a proposta de um empréstimo de R$300 milhões a ser contraído com um fundo internacional de investimento. A reunião extraordinária foi convocada a pedido do presidente Wagner Pires de Sá e teve participação de 316 conselheiros. Houve apenas dois votos contrários à operação.


Alguns conselheiros deixaram a reunião antes mesmo da votação.

Durante a assembleia, o presidente Wagner Pires de Sá e o diretor financeiro Flávio Pena apresentaram detalhes do 'plano de viabilidade' pretendido pela diretoria. Em dado momento, a mesa diretora do Conselho Deliberativo pediu que os conselheiros contrários ao empréstimo se levantassem. Apenas dois presentes discordaram do empréstimo milionáro.

O ex-presidente Gilvan de Pinho Tavares, que anteriormente havia se declarado ser contrário à captação dos recursos com o fundo, não se opôs à negociação.


Com a proposta aprovada, a diretoria do Cruzeiro passará a tomar as medidas para, de fato, viabilizar a operação financeira com o fundo internacional, que não teve o nome revelado por cláusula de confidencialidade. A intenção é usar os R$ 300 milhões para quitar dívidas urgentes e passar a ter como credor apenas a instituição estrangeira.

As prioridades são dívidas com clubes, ex-parceiros e agentes por contratações e comissões não pagas. Algumas geraram ações na Fifa. Também estão entre as urgências débitos com instituições financeiras e fornecedores. Estima-se que o valor total do passivo gire em torno de R$ 470 milhões, incluindo impostos já renegociados com o Governo Federal.



“Fizemos a reunião exatamente para que eles nos dessem o voto de confiança que nós pedimos, porque, na verdade, a reorganização da dívida do clube é de responsabilidade do poder executivo, mas nos primamos pela transparência. Nós convocamos todos os conselheiros e explicamos exatamente qual é o conceito que nós temos de administração. A partir de agora vamos fazer tudo com transparência, os conselheiros vão saber de tudo que nós fizermos”, disse Wagner Pires de Sá.

Como o Superesportes adiantou no dia 8 de fevereiro, o acordo de empréstimo terá carência de um ano e meio a partir da assinatura do contrato. O pagamento será feito em sete parcelas semestrais. Os juros anuais serão de aproximadamente 9%.
“Vamos trocar dívidas que nós temos internamente com taxas de juros altíssimas, que chegam numa média de 2% ao mês, por uma de 0,68% (ao mês). Então, foi uma grande vitória, e graças a Deus nós tivemos a aprovação unânime do Conselho. Na verdade, teve dois votos contra. Bom isso, pois toda unanimidade é burra”, acrescentou Wagner Pires de Sá.


Vice-presidente do Conselho Deliberativo, José Dalai Rocha comemorou o 'passo importante' dado na noite desta segunda-feira. “Surpreendentemente, a reunião que se pronunciava bastante tumultuada transcorreu na maior tranquilidade”, disse. “Hoje demos um passo para concretizar o negócio. Não está assinado ainda. É um passo para assinar. Precisava desse respaldo do Conselho Deliberativo, com essa unanimidade toda, para dar força para decisão da diretoria”, complementou.


Reunião preliminar de esclarecimentos
Na manhã desta segunda-feira, a diretoria financeira do Cruzeiro se reuniu com integrantes da mesa diretora do Conselho Deliberativo para detalhar as condições do empréstimo. Dalai Rocha atribuiu a aprovação do 'plano de viabilidade' à transparência das informações.

Prestações podem ‘extrapolar’ mandato de Wagner Pires

A proposta de pagar o empréstimo em até cinco anos (um ano e meio de carência e três anos e meio de prestações semestrais) pode extrapolar um possível segundo mandato de Wagner Pires de Sá. Caso seja reeleito no pleito de outubro de 2020, o atual presidente ficaria no cargo até dezembro de 2023. Já as prestações poderiam chegar até mesmo a 2024, a depender da assinatura do contrato com o fundo internacional. Veja abaixo uma simulação:

Fevereiro de 2019 – aprovação no Conselho Deliberativo

Março de 2019 – assinatura do contrato

Setembro de 2020 – fim do período de carência e pagamento da primeira parcela semestral

Março de 2021 – segunda parcela semestral

Setembro de 2021 – terceira parcela semestral

Março de 2022 – quarta parcela semestral

Setembro de 2022 – quinta parcela semestral

Março de 2023 – sexta parcela semestral

Setembro de 2023 – sétima parcela semestral