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Carreira, características e números: saiba mais sobre Rodriguinho, reforço do Cruzeiro

Ex-meia de América e Corinthians assinará por três anos com clube celeste

Rafael Arruda
Rodriguinho conseguiu melhor rendimento na carreira jogando por América e Corinthians - Foto: DANIEL VORLEY /AGIF/ESTADAO CONTEUDO
O meia Rodriguinho chegou a Belo Horizonte nesta quarta-feira para realizar exames médicos e assinar contrato de três anos com o Cruzeiro, que contou com ajuda de seu novo patrocinador master, ainda mantido sob sigilo, para adquirir os direitos econômicos do jogador ao Pyramids, do Egito. Uma fonte do clube garantiu à reportagem que os valores da negociação serão anunciados quando a transferência estiver oficializada.

Em 2019, a diretoria do Cruzeiro já anunciou o lateral-direito Orejuela, o volante Jadson e o meia Marquinhos Gabriel. Rodriguinho, portanto, será o quarto reforço para o elenco de Mano Menezes (o quinto é o lateral-esquerdo Dodô, ex-Santos). Conheça um pouco mais sobre o ex-jogador de Corinthians e América, que completará 31 anos em 27 de março.

Início no ABC

Rodrigo Eduardo Costa Marinho nasceu em Natal, capital do Rio Grande do Norte, e fez toda a categoria de base no ABC. Em 2008, ele ganhou grande destaque ao marcar um dos gols da equipe no empate por 2 a 2 com o Potiguar de Mossoró, fora de casa, pelo jogo de ida da final do Estadual. Na volta, o novo empate por 2 a 2 favoreceu o ABC, que se sagrou campeão em função da melhor pontuação geral no campeonato (30 a 29).

Se dentro de campo Rodriguinho demonstrava muito talento, fora das quatro linhas dava trabalho. Os excessos cometidos em noitadas e o abuso no consumo de bebidas alcoólicas dificultaram sua sequência sob o comando do então técnico Ferdinando Teixeira, que relembrou o convívio com o atleta nos tempos de ABC.

“Garoto se empolga com retrato no jornal, com carro, com um dinheiro que não ganhava até então, com a mulherada dando em cima. Então teve dura e conselho.
O treinador vê o jogador treinar todo dia, então quando ele chega para treinar em um ritmo diferente, você percebe, te chama a atenção”, disse o ex-treinador, em entrevista publicada pelo portal UOL em 27 de outubro de 2016.

Tamanho era incômodo de Ferdinando Teixeira que o ABC colocou Rodriguinho para treinar à parte. Posteriormente, o meia foi cedido à equipe de futsal do clube e ajudou na conquista da Taça Nordeste em 2009. Há, inclusive, fotos do jogador atuando nas quadras em um blog dedicado ao atleta de futebol de salão Neto Caraúbas. Em novembro, Rodriguinho foi contratado sem custos pelo Bragantino.

Rodriguinho, terceiro em pé da esquerda para a direita, integrou equipe de futsal do ABC-RN - Foto: Tony Cavalcante/Página oficial de Neto Caraúbas

De São Paulo para o América 

O Bragantino se deu bem na história porque contratou um jogador a custo praticamente zero, ficando com 30% dos direitos econômicos. Rodriguinho defendeu a equipe do interior de São Paulo por um ano e meio. No geral, disputou 65 jogos e marcou 11 gols. Seu melhor rendimento foi na Série B de 2010, na qual balançou a rede oito vezes em 29 partidas. O América, que já tinha observado o meio-campista durante a segunda divisão nacional, acertou vínculo de empréstimo até dezembro, com opção de adquirir 60% dos direitos econômicos. Os responsáveis pelo negócio foram o presidente Marcus Salum, atual mandatário do Coelho, e o diretor de futebol Alexandre Mattos, atualmente executivo do Palmeiras. 

Rodriguinho não conseguiu evitar o rebaixamento do América à Série B (19° lugar, com 37 pontos), porém alcançou bom índice individual ao contabilizar seis gols em 36 presenças no campeonato nacional. Um dos lances, inclusive, rendeu placa na Arena do Jacaré, em Sete Lagoas. No dia 7 de agosto de 2011, pela 15ª rodada do Brasileiro, a jogada iniciada por Thiago Carleto teve assistência de Marcos Rocha e finalização do camisa 10 para o fundo das redes. Tudo de primeira, sem deixar a bola cair.

Em dezembro de 2011, o América confirmou a compra de 60% dos direitos econômicos de Rodriguinho. Os valores da transação não foram divulgados na época, mas, posteriormente, o presidente Marcus Salum confirmou ao Superesportes a quantia de R$ 700 mil.

Na ausência de Fábio Júnior, Rodriguinho chegou a ser capitão do América na temporada 2013 - Foto: Joao Miranda/Esp.EM D.A Press

Na temporada 2012, Rodriguinho ajudou o Coelho a chegar às finais do Campeonato Mineiro.
No confronto de ida semifinal, contra o Cruzeiro, ele marcou um belo gol de pé esquerdo de fora da área e contribuiu para a vitória americana por 3 a 2. Na partida de volta, fez a jogada que originou o gol contra marcado pelo zagueiro uruguaio Victorino, o primeiro do triunfo por 2 a 1. Na decisão, o América acabou superado pelo Atlético.

O melhor ano de Rodriguinho em Belo Horizonte foi em 2013, especialmente na Série B do Campeonato Brasileiro. Os bons resultados da equipe no turno coincidiram com a presença do camisa 10, autor de oito gols e quatro assistências em 17 partidas na competição. Com ele em campo, o América venceu sete partidas, empatou seis e perdeu quatro. Ao término da Segundona, sem Rodriguinho, o time encerrou na nona posição, com 57 pontos.

Transferência frustrada para o Catar

Antes de ser vendido ao Corinthians, Rodriguinho quase foi parar no Catar. O América anunciou a transferência do jogador para o El Jaish no dia 6 de setembro de 2013, horas antes de enfrentar o Guaratinguetá, no Independência, pela 20ª rodada da Série B. O valor era de 4,5 milhões de euros (R$ 13,5 milhões na cotação da época). Seria a maior negociação da história do clube. 

Descontados os impostos, o América receberia R$ 6,8 milhões. Mas o caso virou “novela”.
Segundo explicou o clube na ocasião, o El Jaish não enviou o visto autorizando a entrada do jogador ao Catar. Como os dirigentes da agremiação árabe ficaram “incomunicáveis”, a negociação melou.

Enquanto isso, Rodriguinho ficou por três semanas treinando separadamente no Lanna Drumond, até surgir o interesse do Corinthians. O Coelho aceitou negociar 50% de seus direitos econômicos por R$ 4 milhões, parcelados em duas vezes. A quantia só foi recebida integralmente em fevereiro de 2014.

Corinthians e Grêmio

Talvez pelo longo período de pausa no América, Rodriguinho demorou a se adaptar em seu começo no Corinthians. Tite o utilizou em oito partidas na reta final do Campeonato Brasileiro. Somente na última rodada, no revés por 1 a 0 para o Náutico, fora de casa, que o então camisa 17 atuou por 90 minutos.

Em 2014, Tite não renovou com o Corinthians, que anunciou Mano Menezes como substituto. Curiosamente, o atual treinador do Cruzeiro não se empolgou com o desenvolvimento de Rodriguinho. De quatro jogos como titular no Campeonato Paulista, o meia foi substituído em três (dois antes dos 15 minutos do segundo tempo).

Rodriguinho teve bom começo no Grêmio, mas perdeu espaço após saída de Enderson Moreira - Foto: LUCAS UEBEL/GREMIO FBPA

Em abril, Rodriguinho foi emprestado ao Grêmio. Treinado por Enderson Moreira, o jogador fez gols importantes nas vitórias sobre Fluminense (1 a 0) e Botafogo (2 a 1), mas perdeu espaço assim que o técnico foi demitido. 

Luiz Felipe Scolari, contratado para o lugar de Enderson, colocou Rodriguinho como titular em um clássico contra o Internacional, no Beira-Rio, pela 14ª rodada do Campeonato Brasileiro. A má atuação do jogador o fez perder espaço no grupo. Depois daquele 10 de agosto, ele não disputou nenhuma partida pelo Tricolor. Uma proposta do Al Sharjah, dos Emirados Árabes Unidos, surgiu como alternativa.

Al Sharjah

Embora não tenha lucrado com o empréstimo de Rodriguinho ao Al Sharjah, o Corinthians fez bom negócio pelo fato de o atleta ter a oportunidade de recuperar a confiança. Nos Emirados Árabes, ele se deu bem tanto na parte financeira quanto em oportunidades de jogo. Foram 29 partidas oficiais, com nove gols marcados. A melhor exibição de Rodriguinho foi no dia 11 de abril de 2015, na goleada por 4 a 1 sobre o Ajman, pela 22ª rodada do Campeonato Emiradense.

Retorno ao Corinthians e chance na Seleção

O Corinthians vivia dificuldades financeiras em junho de 2015 e por isso resolveu dar segunda chance a Rodriguinho. A presença de Tite à frente da equipe poderia facilitar a readaptação.

Embora tenha sido reserva no Campeonato Brasileiro, Rodriguinho se saiu bem quando acionado. Ele marcou dois gols em 12 partidas na competição.

Em 2016, já mais maduro, modificou o jeito de jogar. Se no América era o camisa 10, sem a expressa obrigação de marcar, no Corinthians virou uma espécie de ‘motor’, fazendo também a função de volante e sendo muito participativo na troca de passes no meio-campo.

No Timão, Rodriguinho ganhou duas edições do Campeonato Brasileiro (2015 e 2017) e duas do Campeonato Paulista (2017 e 2018). Nas conquistas estaduais, ele foi eleito para a seleção ideal do torneio. O bom futebol foi mantido sob o comando de Fábio Carille, substituto de Tite, que foi para a Seleção Brasileira em junho de 2016.

Tite, aliás, convocou Rodriguinho para dois amistosos da Seleção Brasileira, ambos em 2017. O meia participou dos duelos contra Colômbia, no Rio de Janeiro (vitória por 1 a 0, em 25 de janeiro), e Austrália, em Melbourne (vitória por 4 a 0, em 13 de junho).

Rodriguinho em treinamento com a Seleção Brasileira no Lakeside Stadium, em Melbourne (Austrália) - Foto: Lucas Figueiredo/CBF

Pyramids

Em julho de 2018, o Corinthians vendeu Rodriguinho para o Pyramids, do Egito, por 6 milhões de dólares (R$ 22,6 milhões). O investimento foi feito por Turki Al-Sheikh, ministro de Esportes da Arábia Saudita, que, posteriormente, retirou o aporte financeiro à agremiação egípcia. Diante do cenário de incertezas, o Pyramids aceitou negociar 100% dos direitos econômicos do camisa 8 ao Cruzeiro.

Rodriguinho disputou apenas 12 jogos pelo Pyramids e não balançou a rede. Seu ex-clube faz boa campanha no Campeonato Egípcio: está na vice-liderança, com 38 pontos em 19 rodadas (10 vitórias, oito empates e apenas uma derrota). O líder é o Zamalek, com 41 pontos em 16 partidas.

Características

Rodriguinho será provavelmente utilizado no Cruzeiro como meio-campista centralizado, em função semelhante à cumprida por Thiago Neves. Essa posição, aliás, é a que o novo reforço costuma render melhor. O técnico Mano Menezes, em entrevista à Rádio 98 FM no último dia 16 de janeiro, admitiu a possibilidade de mudar o jeito de o time jogar com a contratação do ex-corintiano.

“Marquinhos Gabriel tem uma característica de jogar por dentro, Rodriguinho também. Marquinhos Gabriel até joga por fora, mas é um canhoto. Vamos ver como as coisas evoluem e como a equipe se ajusta nas primeiras rodadas para sentir o que vamos fazer. Mas é bem provável que a equipe vá ter alterações em sua maneira de jogar. Talvez até dê para fazer aquele molhozinho incrementado e as coisas serem mais bonitas de se ver no campo pela qualidade dos jogadores”.

O próprio Rodriguinho, em matéria publicada pelo UOL em maio de 2017, considerou que rende melhor como uma espécie de ‘ponta-de-lança’. “A gente vai evoluindo e as coisas vão acontecendo. No América eu jogava mais perto do gol, praticamente como estou agora, mas nunca fui jogador de sair driblando dois ou três. Gosto de tabela, de chute de fora, de passe, vou aperfeiçoando o cabeceio. Não sou um velocista de sair driblando, cada um tem que aproveitar o que tem de bom”.

Outra virtude de Rodriguinho é a facilidade em chutar a bola com os dois pés. Embora o pé direito seja dominante, o meia já marcou muitos gols na carreira finalizando com a canhota (assista alguns lances):


Números na carreira

Rodriguinho disputou 412 jogos como profissional e marcou 85 gols. O Cruzeiro será o oitavo clube da carreira dele. Veja os números abaixo:

Seleção Brasileira: 2 jogos e nenhum gol

Pyramids: 12 jogos e nenhum gol

Corinthians: 175 jogos e 35 gols

Al Sharjah: 29 jogos e 9 gols

Grêmio: 12 jogos e 2 gols

América: 107 jogos e 23 gols

Bragantino: 65 jogos e 11 gols

ABC: 20 jogos e 5 gols

Na carreira, Rodriguinho conseguiu maior sucesso por América e Corinthians. Confira as estatísticas por cada clube:

América (2011 a 2013)

2011: 36 jogos e 6 gols
2012: 41 jogos e 7 gols
2013: 30 jogos e 10 gols

Mineiro: 19 jogos e 3 gols
Série A: 36 jogos e 6 gols
Série B: 39 jogos e 12 gols
Copa do Brasil: 10 jogos e 1 gol
Amistosos: 3 jogos e 1 gol

Corinthians (2013 a 2014; 2016 a 2018)

2013: 8 jogos e nenhum gol
2014: 7 jogos e nenhum gol
2015: 13 jogos e 3 gols
2016: 52 jogos e 10 gols
2017: 57 jogos e 11 gols
2018: 38 jogos e 11 gols

Paulista: 46 jogos e 11 gols
Série A: 92 jogos e 14 gols
Copa do Brasil: 11 jogos e 5 gols
Sul-Americana: 5 jogos e 2 gols
Libertadores: 11 jogos e nenhum gol
Amistosos: 10 jogos e 3 gols
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