Fechada a transferência do armador De Arrascaeta para o Flamengo, os cruzeirenses fazem balanço da passagem do uruguaio pela Toca da Raposa II. Ainda que a maioria tenha ficado chateada com a forma como o camisa 10 deixou o clube, a ponto de fazerem a hashtag #TchauJudas chegar aos principais assuntos do Twitter nessa quarta-feira, é inegável que ele deu retorno técnico e financeiro à Raposa.
Influenciado pelo empresário Daniel Fonseca, o jogador forçou a saída do Cruzeiro, com quem tinha contrato até o fim de 2021. Ele abandonou o CT celeste na quinta-feira, data da apresentação do grupo para o começo da pré-temporada depois de discussão entre o representante e a diretoria celeste, que não aceitou a proposta inicial apresentada, que seria de 10 milhões de euros pelos 50% dos direitos que o clube do Barro Preto detinha.
As conversas se transferiram para Montevidéu, para onde rumou o diretor-geral do Flamengo, Bruno Spindel, e também o empresário André Cury, destacado pelo Cruzeiro para cuidar da negociação, uma vez que ele próprio havia participado da transação para a contratação do atleta, em janeiro de 2015 – o clube pagou, com ajuda de parceiro, 4 milhões de euros e agora vai receber 13 milhões de euros.
Quando chegou, com 20 anos, De Arrascaeta era apenas uma promessa, que havia chamado a atenção um ano antes, quando enfrentou a própria Raposa na Copa Libertadores pelo Defensor-URU. Jovem e vindo de um clube pequeno até no Uruguai, ele demorou a se adaptar, ainda que desde o início tenha mostrado predileção por clássicos.
Só a partir de 2016 começou a se soltar. E em 2017, jogando pela esquerda, mas sem tanta obrigação de marcar, seguindo orientação do técnico Mano Menezes, ele se tornou jogador decisivo. O gol no primeiro jogo da final da Copa do Brasil, contra o Flamengo, é o exemplo mais claro disso. No ano passado, marcou gol nos dois jogos da final do Campeonato Mineiro, sendo fundamental para a conquista do título depois de três anos. Também fez gol na final da Copa do Brasil, contra o Corinthians.
De Arrascaeta nunca escondeu o desejo de alçar voos maiores, principalmente defender um grande clube europeu. Porém, esperava-se postura mais profissional e respeitosa tanto dele quanto do agente, que tem histórico de polêmicas.
OUTROS CASOS
Esta não é a primeira vez que um jogador querido pela torcida deixa o clube de maneira pouco amistosa. O último deles foi o também armador Montillo, que no início de 2013 forçou a barra para trocar o Cruzeiro pelo Santos.
Esta não é a primeira vez que um jogador querido pela torcida deixa o clube de maneira pouco amistosa. O último deles foi o também armador Montillo, que no início de 2013 forçou a barra para trocar o Cruzeiro pelo Santos.
A negociação, inicialmente rechaçada pelos cruzeirenses, acabou sendo benéfica. Com os 10 milhões de euros recebidos do Peixe, os dirigentes puderam contratar Egídio, Éverton Ribeiro, Ricardo Goulart, entre outros, que acabaram permitindo a montagem do time que foi bicampeão brasileiro.
Outro caso clássico foi o do goleiro Dida. Campeão da Copa do Brasil em 1996 e da Libertadores em 1997, ele queria se transferir para a Itália e acabou se desgastando com a torcida, principalmente pelos desentendimentos quanto aos valores da negociação.
Outros exemplos são o atacante Tostão, que foi para o Vasco na década de 1970, e o lateral-direito Nelinho, que se transferiu para o rival Atlético na década de 1980. Porém, era uma outra época no futebol, em que os jogadores costumavam começar e terminar a carreira no mesmo clube.
O CAMINHO DO URUGUAIO
17/1/2015
Cruzeiro vence disputa com o Internacional e contrata o camisa 10 para a vaga de Ricardo Goulart. Clube contou com ajuda de parceiro para pagar 4 milhões de euros – o empresário Pedro Lourenço teria emprestado R$ 6 milhões. O contrato foi de cinco anos
11/2/2015
Estreou com a camisa celeste na vitória por 3 a 1 sobre o Guarani, em Nova Serrana, pela terceira rodada do Campeonato Mineiro.
11/3/2015
Marca duas vezes na goleada por 4 a 1 sobre o Villa Nova, pela sétima rodada do Estadual, na Arena do Jacaré. Foram os primeiros gols com a camisa celeste
12/4/2015
Marca pela primeira vez em um clássico, no empate por 1 a 1 com o Atlético, no jogo de ida das semifinais do Campeonato Mineiro, no Independência. No lance, colocou a bola por entre as pernas do volante Josué antes de finalizar
5/2/2017
Completa 100 jogos com a camisa do Cruzeiro na vitória por 2 a 1 sobre o Tricordiano, no Mineirão, pela segunda rodada do Campeonato Mineiro
27/9/2017
Conquista o primeiro título com a camisa do Cruzeiro: Copa do Brasil, batendo o Flamengo na final na decisão por pênaltis. No jogo de ida, que terminou 1 a 1, marcou o gol celeste
20/1/2018
Torna-se, no empate sem gols com a Caldense, pela segunda rodada do Estadual, o estrangeiro que mais defendeu o Cruzeiro, superando o argentino Perfumo
15/6/2018
Estreia em Copa do Mundo na vitória por 1 a 0 sobre o Egito, em Ecaterimburgo, pelo Grupo A. Fica em campo 58 minutos e tem atuação discreta
22/7/2018
Com o gol marcado na vitória por 2 a 1 sobre o Atlético-PR, pelo Campeonato Brasileiro, chega a 29 no “novo” Mineirão e ultrapassa Willian como maior artilheiro do estádio depois da reforma para a Copa do Mundo de 2014
8/8/2018
Vira o estrangeiro com maior número de gols, 46, ao abrir o caminho da vitória por 2 a 0 sobre o Flamengo, no Maracanã, no jogo de ida das oitavas de final da Copa Libertadores
3/1/2019
Diretoria do Cruzeiro acusa o empresário Daniel Fonseca de exigir que o clube aceite proposta do Flamengo de 10 milhões de euros para ceder o jogador, que abandonou a Toca da Raposa II. Por outro lado, para convencer o jogador, clube carioca teria oferecido triplicar o salário
8/1/2019
Depois de muita negociação, que teria incluído até lágrimas, Cruzeiro, Flamengo e Daniel Fonseca chegam a acordo e jogador vai defender o rubro-negro carioca