Imóveis, carros, aviões: o que você faria se recebesse os R$ 55,25 milhões pagos pelo Flamengo ao Cruzeiro por Arrascaeta?

O Cruzeiro receberá 13 milhões de euros pela venda de 50% dos direitos econômicos de Arrascaeta ao Flamengo. Na moeda nacional, o valor chega a R$ 55,25 milhões, que serão pagos em três parcelas: a primeira, em janeiro, de R$ 29,75 milhões; a segunda, em junho, de R$ 12,75 milhões; e a terceira, em dezembro, também de R$ 12,75 milhões.

Desse dinheiro, o clube celeste deverá ficar com aproximadamente R$ 48 milhões, já que a rede Supermercados BH terá direito a uma fatia por ter ajudado na contratação do uruguaio ao Defensor, em janeiro de 2015. Além de usar parte da quantia para investir em reforços, a Raposa deverá quitar dívidas na Fifa. As mais urgentes são com o Defensor, pela compra de Arrascaeta (R$ 5 milhões), e o Atenas, referente à aquisição dos direitos econômicos de Gonzalo Latorre (R$ 13,7 milhões).

E se você, leitor do Superesportes, recebesse esses R$ 55,25 milhões, o que faria com o dinheiro? Compraria imóveis, carros, abriria algum negócio, investiria no mercado financeiro ou simplesmente deixaria as cifras rendendo na conta bancária? Veja abaixo algumas opções!

O dinheiro da venda de Arrascaeta compraria, à vista, 300 apartamentos de 50 a 60m² em Belo Horizonte por valor médio de R$ 184 mil. Em regiões mais distantes do Centro da cidade, como Barreiro e Venda Nova, é possível encontrar imóveis de até três quartos nessa faixa de preço. Se o proprietário recebesse R$ 1 mil de aluguel por cada unidade, terá renda fixa de R$ 300 mil mensais.

Mas nem seria preciso ‘torrar’ os R$ 55,25 milhões em apartamentos. Que tal adquirir apenas uma mansão de luxo em algum condomínio fechado de Belo Horizonte? Basta pagar entre R$ 3 e R$ 4 milhões, ficando ainda com mais de R$ 50 milhões para realizar investimentos.

O dinheiro da negociação de Arrascaeta compraria, por exemplo, 175 unidades do Chevrolet Camaro, carro bastante comum entre os boleiros, e 75 exemplares do Porsche Cayenne 4.0 Turbo modelo 2019. Até mesmo o Lamborghini Aventador Roadster, comercializado a partir de R$ 4,9 milhões, seria ‘fichinha’ perto das cifras que serão pagas pelo Flamengo ao Cruzeiro.

E os automóveis populares? Um dos veículos com preço mais em conta no mercado brasileiro, o Renault Kwid é negociado por R$ 30 mil em sua linha básica. Imagine agora uma frota com 1.841 ‘Kwids!’. Enfileirados, os carros formariam uma ‘linha’ de 6,7 quilômetros, equivalente a 83% da extensão da Avenida Antônio Carlos, uma das principais vias belo-horizontinas.

A fortuna paga pelo Flamengo por Arrascaeta não seria capaz de comprar aviões comerciais. Um Airbus A320, com autonomia de voo de 6,1 mil quilômetros e capacidade para até 180 passageiros, custa US$ 101 milhões (R$ 371 milhões).

Contudo, o dono desse dinheiro teria condições de adquirir aeronaves de menor porte, como o jato Phenom 300, fabricado pela Embraer e vendido por R$ 29,2 milhões. O modelo tem autonomia de voo de 3.650 quilômetros e pode levar até 10 passageiros. A velocidade máxima é de 839 km/h, com altitude de 13.716 metros.

O afortunado também poderá investir os R$ 55,25 milhões em alguma aplicação financeira. Na poupança, o rendimento mensal atual é de 0,3715%. Nos primeiros 30 dias, portanto, os juros proporcionam ganho de R$ 205 mil na conta bancária. Em três anos, a quantia saltaria para R$ 63,14 milhões.

As taxas dos títulos públicos do Tesouro Direto dariam rentabilidade maior, porém há uma regra: o limite máximo de investimento de uma só vez não pode ultrapassar R$ 1 milhão. A saída seria realizar aportes mensais.

No Tesouro IPCA+2045, com retirada em 26 anos, uma aplicação inicial de R$ 600 mil somada às mensalidades de R$ 170 mil resultaria em valor bruto de resgate de R$ 202 milhões. Com descontos de imposto de renda e manutenção da conta, o investidor arrecadaria R$ 169,8 milhões em cima dos R$ 54,3 milhões empregados.

O dinheiro da venda de Arrascaeta corresponde a mais de 55,3 mil salários-mínimos, baseado no valor de R$ 998 decretado pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, no dia 1º de janeiro de 2019.

De acordo com pesquisa realizada pelo DIEESE (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos) em agosto de 2018, o salário-mínimo necessário para sustentar uma família de quatro pessoas deveria ser de R$ 3.636,04. Essa quantia atenderia o que está estabelecido na Constituição: moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e Previdência Social.

Com esse gasto mensal, o dinheiro por Arrascaeta duraria 1.266 anos, sem considerar correções monetárias. É grana para sustentar mais de 50 gerações!