Vice-presidente de futebol do Cruzeiro, Itair Machado considerou ‘assalto ao torcedor celeste’ os preços dos ingressos vendidos pela Minas Arena (a partir de R$ 240) para o jogo contra o Boca Juniors, às 21h45 desta quinta-feira, no Mineirão, pelas quartas de final da Copa Libertadores. A declaração foi dada pelo dirigente em entrevista ao jornalista Artur Rodrigues, o ‘Vibrantinho’, representante do Cruzeiro na bancada democrática do programa Alterosa Esporte, da TV Alterosa.
“A gente só lamenta o preço que a Minas Arena coloca nos ingressos dela. Eu acho que isso é assaltar o torcedor do Cruzeiro. Colocar o preço que eles colocam naquele ingresso, até alguns torcedores denunciaram ao Ministério Público. Agora quero ver o Ministério Público ir lá e combater a Minas Arena. O que a Minas Arena está fazendo é um assalto diário, de dia, com o sol quente. Está, assaltando o torcedor do Cruzeiro. Esse preço de ingresso é um abuso, é uma exploração. Acho que não pode acontecer”.
Saiba mais
Itair Machado também prometeu, após as eleições, reunir-se com parlamentares da Assembleia Legislativa de Minas Gerais e também com o governador do estado para resolver o impasse entre o Cruzeiro e a Minas Arena. Existe uma cobrança de R$ 20 milhões por parte da concessionária do Mineirão ao clube celeste. O valor é referente aos custos operacionais do estádio de 2013 a 2017. Em 2018, o Cruzeiro começou a pagar essas despesas (entre R$ 150 mil e R$ 250 mil por jogo).
“Vamos esperar acabar a eleição para resolver a confusão entre Cruzeiro e Minas Arena. Não é hora de falar nisso, mas para vocês terem uma ideia, o Cruzeiro paga o quadro móvel, que a maioria é funcionário da Minas Arena, e eles ficam lá dando ordem contra o Cruzeiro, atrapalhando o trabalho do Cruzeiro no dia a dia. Isso é um absurdo. Vamos esperar passar a eleição e resolver isso ou na Assembleia ou no governo. O Cruzeiro não pode ser tratado dessa maneira. O estádio é do povo”.
Por fim, o vice-presidente de futebol do Cruzeiro insinuou que poderia existir alguma irregularidade no acordo entre a Minas Arena e o governo do estado, além de criticar o episódio em que a empresa ordenou a retirada da faixa ‘Toca da Raposa 3’ das dependências do Gigante da Pampulha. “O contrato com a Minas Arena tem que ser averiguado como foi feito, se houve mensalão ou não. Todos os estádios tiveram. Será que lá não teve? Eles têm que acalmar os ânimos e entender que ali é a casa do Cruzeiro, é sim a Toca 3. Eles notificaram o Cruzeiro por causa da faixa. Quem coloca a faixa ali é a torcida. E a torcida já avisou: a faixa não sai dali”.
Explicações
Na seção ‘Saiba Mais’ de seu site, a Minas Arena informava que, por força de contrato, deveria vender o ingresso unitário por um valor no mínimo 20% maior que o preço do bilhete do Cruzeiro em setor localizado no anel superior do estádio. As exceções são os passaportes negociados por toda a temporada (Mineirão Tribuna, Mineirão Embaixada e Mineirão Camarote).
“Com exceção das áreas que são comercializadas pela Minas Arena, a regra é que os preços dos ingressos são definidos pelo clube mandante. No caso do Cruzeiro, pelo contrato de fidelidade, à exceção das vendas por temporada, a Minas Arena é obrigada a precificar o seu ingresso unitário por um valor, no mínimo, 20% maior do que o valor do ingresso unitário do setor localizado no anel superior do estádio”, dizia a resposta para a pergunta ‘A Minas Arena define os preços dos ingressos para uma partida?’.
No jogo contra o Boca Juniors, o Cruzeiro estabeleceu preços de R$ 80 para o Setor Vermelho Superior e R$ 120 para o setor Roxo Superior. Nessa lógica, a Minas Arena deveria vender por, no mínimo, R$ 96 e R$ 144. Entretanto, ao tomar conhecimento da matéria, a assessoria do estádio explicou que, na verdade, o preço é calculado em cima do bilhete mais caro negociado pelo Cruzeiro – R$ 200 para a torcida do Boca. Até então, o site da administradora não deixava clara essa condição.
Assim, a Minas Arena comercializou ingressos do setor Vermelho Inferior por R$ 240 (aumento de 20%) e Roxo Inferior por R$ 400 (aumento de 100%).
Com relação às despesas da reforma estádio, a Minas Arena arcou com os R$ 666,7 milhões por meio de Parceria Público-Privada (PPP) e receberá do governo de Minas Gerais até 2038. Outras sedes da Copa do Mundo foram custeadas diretamente com dinheiro público, como o estádio Mané Garrincha, em Brasília (R$ 1,403 bilhão pagos pelo governo do Distrito Federal), e o Maracanã, no Rio de Janeiro (R$ 1,05 bilhão pagos pelo governo do estado do Rio de Janeiro).
Sobre as críticas de Itair Machado ao pagamento das despesas operacionais, a Minas Arena ressalta que os valores de R$ 150 mil a R$ 250 mil são facilmente cobertos por públicos superiores a 8 mil pagantes. Em 2018, o Cruzeiro tem média de 25.593 pagantes em 30 partidas realizadas no Mineirão.
Resposta da Minas Arena
Por meio do perfil oficial do Mineirão no Twitter, a Minas Arena respondeu às declarações do dirigente do Cruzeiro. A empresa administradora do estádio afirmou que gostaria de disponibilizar os ingressos a preços menores e que as informações prestadas por Itair Machado não estão corretas.
Nós gostaríamos muito de vender mais barato! %uD83E%uDD37%u200D%u2642 https://t.co/OObzADgJkZ
Se o Cruzeiro quer mesmo colocar preços baratos para a torcida, está no lugar certo, pois nosso custo é o menor do país, o mineirão custa ao Cruzeiro menos que R$6,00 por torcedor.