Na véspera da partida decisiva entre Cruzeiro e Boca Juniors, pelas quartas de final da Copa Libertadores da América, Mano Menezes foi personagem de uma matéria do jornal Olé. No artigo assinado por Pablo Ramón, jornalista que acompanha a equipe argentina em Belo Horizonte para o jogo desta quinta-feira, às 21h45, no Mineirão, o tradicional periódico argentino abordou o perfil e os fatos – polêmicos e bem-sucedidos – da carreira do treinador cruzeirense.
O início do texto destaca a trajetória de Mano no futebol e recorda a derrota dele, então como técnico do Grêmio, para o Boca na final da Copa Libertadores de 2007. A equipe xeneize, dos astros Palácio, Palermo e Riquelme, superou o Tricolor nos dois jogos – 3 a 0, na Bombonera, e 2 a 0, no Olímpico, em Porto Alegre. As estratégias e as declarações do gaúcho, à época da decisão continental, também foram resgatadas pelo Olé.
“Luiz Antonio Venker de Menezes, mais conhecido como Mano Menezes, era um atacante sombrio (posteriormente se tornou zagueiro) que jogou nos anos 70 e 80 por Rosário, Fluminense e Guarani (todos clubes do Rio Grande do Sul). Como tantos jogadores medíocres, o seu verdadeiro talento nunca foi fazer gols. Ele conseguiu um nome ligado ao sucesso por ter desenvolvido conhecimento tático e sabedoria para administrar climas e saber brincar com ambientes, talvez como nenhum outro. Levou o Gremio levou à subida (para a Série A, em 2005), ao título gaúcho (em 2006 e 2007) e à final da Libertadores de 2007, quando caiu para o Boca de Riquelme, mas não antes de tentar pressionar a equipe que estava imune. "Os fãs do Grêmio são melhores que os fãs do Boca", disse Mano na época, tentando fazer com que o torcedor contribuísse com algo. Mas Roman (Riquelme, autor de três gols nas finais daquele ano) foi demais para seus fogos de artifício”, escreveu o setorista do clube hexacampeão da Libertadores e tri mundial.
De acordo com a matéria, Mano, apesar do insucesso na final de 2007, apostou nos mesmos ‘truques’ e acabou derrotado novamente pelo Boca na Bombonera, agora como comandante do Cruzeiro, no jogo de ida das quartas de final desta edição da Copa Libertadores, por 2 a 0.
"Alguns anos depois, mais sábio, mas com os mesmos truques, questionou os encantos do Templo de La Boca, uma verdadeira ousadia pouco antes do primeiro jogo desta série.
A matéria, porém, ressalta que Mano não é apenas um 'falastrão' e tem competência para conduzir o Cruzeiro em decisões. “Mas seria aconselhável não confundir Menezes com um técnico que só tem a oferecer sua linguagem apimentada e afiada. Mano sabe preparar suas escolas. O Cruzeiro ganhou a Copa do Brasil no ano passado e o Campeonato Mineiro em 2018. Construiu uma equipe física e mentalmente granítica muito ao seu estilo, imagem e semelhança. Parece um time concebido para duelos de mata-mata”.
Com Mano Menezes, o Cruzeiro tem 100% de êxito em duelos eliminatórios cuja partida de volta acontece no Mineirão. Foram 14 classificações: duas pela Copa do Brasil de 2016, uma pelo Campeonato Mineiro de 2017, cinco pela Copa do Brasil de 2017, duas pelo Campeonato Mineiro de 2018, três pela Copa do Brasil de 2018 e uma pela Copa Libertadores de 2018. Os feitos do treinador são exaltados pelo jornal.
“Indo para a grosseria de estatísticas, o perfil do Cruzeiro de Menezes é mais do que claro: uma vez que o treinador assumiu o clube em julho de 2016, enfrentou 21 confrontos diretos (torneios locais e internacionais), dos quais ele ganhou 18. E este ano ele já conseguiu superar uma diferença contra dois gols. Foi na final do Campeonato Mineiro, quando perdeu por 3 a 1 para o Atlético e, na revanche, venceu por 2 a 0, em casa”.
“A torcida do Cruzeiro, a mais parecida com a do Boca por aqui, espera a revanche com alta tensão e expectativa desde o episódio de Dedé (expulso no jogo de ida após choque acidental com o goleiro Andrada). Mano Menezes, o ator principal, vai subir ao palco para falar com a imprensa hoje (quarta-feira). É o cara mau do filme. O Mau Menezes”, concluiu.
Derrotado pelo Boca por 2 a 0 na Argentina, o Cruzeiro precisará igualar o placar no Mineirão para levar a decisão para os pênaltis.