A Confederação Sul-Americana de Futebol anulou a suspensão do zagueiro Dedé referente ao cartão vermelho recebido na partida entre Cruzeiro e Boca Juniors, na Bombonera, em Buenos Aires, pelo jogo de ida das quartas de final da Copa Libertadores (derrota por 2 a 0, dia 19 de setembro). A entidade concordou que o lance envolvendo o defensor celeste e o goleiro argentino Esteban Andrada foi acidental, diferentemente do que havia sido interpretado pelo árbitro paraguaio Eber Aquino. Vice-presidente de futebol do clube celeste, Itair Machado agradeceu à Conmebol pela decisão justa.
“Agradecemos ao presidente da Conmebol (Alejandro Dominguez), que é uma pessoa honesta. Ele mesmo se mostrou indignado no dia com o erro do árbitro. Como já haviam feito isso (anular uma suspensão) para um time argentino, foi a vez de fazer para um time brasileiro. É o momento de os clubes brasileiros se unirem para fazer valer os direitos. Que o futebol seja decidido dentro de campo”, disse o dirigente, enaltecendo também a força política do Cruzeiro e do futebol brasileiro junto à instituição sul-americana.
“Mostrou a força do futebol brasileiro com o novo comando da CBF. Quando a notícia é ruim, todo mundo fala. Quando é boa, tem que falar também. Mostrou a força do Cruzeiro de bastidores. Nós trabalhamos firmes, nosso presidente amanheceu na porta da Conmebol, usamos a força política até de Brasília. Acho que temos que fazer valer a instituição, temos que ter representatividade”
Itair já tinha ciência de que o Cruzeiro teria sucesso na solicitação feita à Conmebol, mas admitiu certa surpresa pelo anúncio nesta quarta-feira, antes do duelo contra o Palmeiras, no Mineirão, pela semifinal da Copa do Brasil. “A gente já tinha ideia de que poderia ser publicado de ontem para hoje. E a gente foi pego de surpresa, pois pensei que seria amanhã. Os jogadores parabenizaram o Dedé. E o Dedé, como nós do Cruzeiro e da torcida, não queria ser punido duas vezes”.
Representado pelo presidente Wagner Pires de Sá e pelo supervisor administrativo Benecy Queiroz, o Cruzeiro foi à sede da Conmebol, em Luque, no Paraguai, na última quinta-feira, um dia depois do revés para o Boca Juniors. Tão logo protocolou o pedido, a direção celeste ressaltou a confiança em poder contar com o zagueiro no duelo de volta das quartas de final, dia 4 de outubro, às 21h45, no Mineirão.
A expulsão
No jogo entre Boca Juniors e Cruzeiro, Dedé foi expulso aos 29 minutos do segundo tempo ao atingir, sem intenção, uma cabeçada no rosto do goleiro Andrada. O defensor celeste se preparava para tentar finalizar a bola cruzada pelo lateral-esquerdo Egídio. E mesmo com as imagens mostrando claramente a casualidade da dividida, o árbitro paraguaio Eber Aquino decidiu dar cartão vermelho ao camisa 26 após consultar o árbitro assistente de vídeo (VAR, na sigla em inglês). Com um jogador a menos, a Raposa, que perdia por 1 a 0 - gol de Mauro Zárate, aos 35min do primeiro tempo -, levou o segundo aos 36min da etapa complementar, em finalização do meio-campista Pablo Pérez.
O 'caso Dedé' ganhou repercussão em noticários esportivos de todas as partes do mundo. Até então, o zagueiro não havia sido expulso com a camisa do Cruzeiro.
Com Dedé em campo, o Cruzeiro precisará vencer o Boca Juniors por três gols de vantagem para avançar às semifinais no tempo normal. Se ganhar por 2 a 0, a vaga será decidida nos pênaltis. Quem passar de fase enfrentará o ganhador de Palmeiras x Colo Colo. No embate de ida, os brasileiros bateram os chilenos por 2 a 0, no Estádio Nacional de Santiago.
Precedente
A Conmebol já havia anulado uma suspensão num jogo do Cruzeiro, mas favoravelmente ao adversário. Na Copa Libertadores de 2014, o meia Leandro Romagnoli, então atleta do San Lorenzo-ARG, foi expulso no duelo de volta das quartas de final, no Mineirão, por uma suposta agressão no atacante cruzeirense Marcelo Moreno. À época, o departamento jurídico do time argentino recorreu à Confederação Sul-Americana e conseguiu a liberação do meio-campista para a semifinal, diante do Bolívar-BOL.