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COPA LIBERTADORES

Erro de árbitro na expulsão de Dedé, do Cruzeiro, completa uma semana; veja questões que Conmebol não respondeu

Assessoria da Conmebol e Comissão de Arbitragem, comandada por brasileiro Wilson Luiz Seneme, não respondem indagações sobre caso polêmico

postado em 26/09/2018 11:00 / atualizado em 26/09/2018 15:17

AFP / EITAN ABRAMOVICH
Uma semana após o equívoco dos árbitros paraguaios Eber Aquino (principal) e Mario Díaz de Vivar (responsável pelo VAR) na decisão de expulsar o zagueiro Dedé, do Cruzeiro, por choque acidental com o goleiro Andrada, do Boca Juniors, na Bombonera, no jogo de ida das quartas de final da Copa Libertadores, a Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) ainda não se posicionou se anulará a suspensão do cruzeirense.

Na partida, o Cruzeiro foi derrotado por 2 a 0 pelo Boca. Um dos gols xeneizes foi convertido após a expulsão de Dedé.

No dia seguinte ao jogo com os argentinos, o presidente do Cruzeiro, Wagner Pires de Sá, esteve na sede da Conmebol e fez um protesto formal ao presidente da entidade, Alejandro Domínguez, contra a atuação dos dois árbitros paraguaios, ambos do quadro da Fifa. O clube mineiro solicitou que a suspensão de Dedé seja anulada diante do erro dos dois profissionais na interpretação das imagens do VAR (árbitro de vídeo). No lance, o zagueiro Dedé atingiu Andrada no maxilar com uma cabeçada não-intencional em disputa de bola aérea.

Em apoio ao Cruzeiro, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), por meio do diretor-executivo de gestão, Rogério Caboclo, divulgou nota oficial cobrando providências da Conmebol após a expulsão injusta do zagueiro Dedé. A entidade máxima do futebol brasileiro ainda considerou a ação dos árbitros “fora do protocolo de utilização do VAR” e exigiu justiça em relação ao prejuízo causado ao clube pela expulsão do zagueiro.

A única manifestação oficial da Conmebol sobre o episódio foi uma carta dirigida à CBF na qual a entidade sul-americana “compartilha da preocupação com a atuação da equipe de árbitros na partida mencionada”. No documento, o presidente Alejandro Dominguez diz que “já tomou medidas a esse respeito”. 

Na prática, a Conmebol não sinalizou com a anulação da suspensão de Dedé, o que permitiria ao defensor estar em campo na partida de volta, marcada para quinta-feira, 4 de outubro, no Mineirão. O Cruzeiro precisará de uma vitória por três gols de diferença para avançar à semifinal. Triunfo por 2 a 0 levaria a decisão para a disputa de pênaltis.

Nessa terça-feira, o Superesportes consultou a assessoria de imprensa da Conmebol, em Luque, no Paraguai, acerca da possibilidade de a entidade emitir uma posição sobre o pedido do Cruzeiro de anulação da suspensão de Dedé. Nenhuma resposta foi dada. (ver relação de perguntas abaixo)

A reportagem também procurou o chefe da Comissão de Arbitragem da Conmebol, o ex-árbitro brasileiro Wilson Luiz Seneme, sobre eventuais sanções impostas aos paraguaios pelo equívoco na expulsão de Dedé, mesmo após consulta às imagens do VAR. 

Oito perguntas foram enviadas a Seneme por meio do aplicativo Whatsapp, mas o chefe da arbitragem sul-americana preferiu não responder às indagações, mesmo passando boa parte da terça-feira no status Online (veja a relação de perguntas abaixo). 

Em entrevista à ESPN Brasil, nesta quarta-feira, o vice-presidente de futebol do Cruzeiro, Itair Machado, disse que espera a anulação do cartão vermelho, e frisou que o clube mineiro está fazendo um trabalho nos bastidores. "A gente tem uma expectativa de hoje (quarta) para amanhã (quinta) de ter um retorno positivo na anulaçao do cartão do Dedé. Anularam para os argentinos, tem que anular para os brasileiros. Estamos fazendo um trabalho muito forte nos bastidores, que a gente não pode ficar divulgando. Mas a expectativa nossa é positiva. Até por acreditar que, na minha opinião, o árbitro roubou, lesou o Cruzeiro. Até durante o jogo. A gente sabe quando o árbitro está mal intencionado. Mas eu acredito que o presidente da Conmebol não está nessa, pela conversa que ele teve com a nossa diretoria."

Perguntas enviadas pela reportagem a Wilson Luiz Seneme, chefe da arbitragem da Conmebol:

1) Qual a posição da Comissão de Arbitragem da Conmebol sobre a atuação do árbitro de Boca Juniors x Cruzeiro e sua interpretação no lance da expulsão do zagueiro Dedé?

2) Os árbitros paraguaios Eber Aquino (escalado como principal naquele duelo) e Mario Díaz de Vivar (responsável pelo VAR) vão continuar apitando jogos de competições organizadas pela Conmebol ou passarão por reciclagem? Se sim, qual o tempo de reciclagem e/ou afastamento em jogos internacionais?

3) Algum dos árbitros citados acima admitiu o erro no lance que resultou na expulsão do zagueiro Dedé, do Cruzeiro, depois do encerramento da partida? 

4) Ainda que não interfira na decisão do Comitê Executivo da Conmebol, a Comissão de Arbitragem da Conmebol considera justa a anulação da expulsão de Dedé de modo que o atleta possa atuar diante do Boca Juniors, no dia 4, em Belo Horizonte?

5) Em 2014, antes de sua gestão, iniciada em 2016, a Comissão de Arbitragem anulou a expulsão do meio-campista Romagnoli, do San Lorenzo, e permitiu que ele atuasse na partida seguinte da Copa Libertadores. Medidas parecidas já foram tomadas por ligas de países europeus após a constatação de erros de arbitragem. O senhor é a favor de medidas como essa, posteriores à decisão do árbitro, em jogos com ou sem uso do VAR?

6) O Cruzeiro fez um protesto formal pedindo correção do erro, anulação da suspensão de Dedé e pediu providências à Conmebol para investigar a postura dos árbitros paraguaios no lance polêmico. A Comissão de Arbitragem está investigando a atuação da dupla por eventual interferência de terceiros na interpretação do lance?

7) Em ofício enviado à CBF, a Conmebol admitiu que ficou preocupada com os erros dos árbitros no jogo entre Boca Juniors e Cruzeiro. No mesmo documento, afirmou que tomou medidas. A Comissão pode informar quais foram as medidas relativas à arbitragem?

8) Como brasileiro e indicado por uma confederação (CBF) que hoje tem pouca força política na Conmebol, o senhor admite sofrer alguma pressão de dirigentes argentinos para deixar o cargo de presidente da Comissão de Arbitragem ou não tomar medidas legítimas que possam vir a prejudicar os clubes da Argentina? A manutenção da suspensão de Dedé, por exemplo, poderia gerar benefício técnico para o Boca Juniors no confronto com o Cruzeiro.

Perguntas enviadas à assessoria de imprensa da Conmebol:

1) A Conmebol definiu uma data para informar se anulará ou não a suspensão de Dedé, do Cruzeiro?

2) Os árbitros paraguaios Eber Aquino e Mario Díaz de Vivar (responsável pelo VAR) foram sancionados de alguma maneira pela Conmebol?

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