No fim da partida, aliviados, jogadores do Cruzeiro se dirigiram à torcida para comemorar e agradecer apoio
A multidão vestida de azul e branco que compareceu ao Mineirão na noite desta quarta-feira levou um susto no confronto diante do Flamengo, porém comemorou muito a classificação do Cruzeiro às quartas de final da Copa Libertadores. Depois de desperdiçar chances claríssimas tanto no primeiro quanto no segundo tempo, o time celeste quase se complicou ao levar gol de cabeça do zagueiro rubro-negro Leo Duarte, aos 24min da etapa complementar. Só que a vitória por 1 a 0 não foi suficiente para a equipe carioca. À exceção do gol sofrido, o Cruzeiro foi muito firme na marcação, anulou as principais peças de seu adversário e celebrou a continuidade na competição continental em função da vantagem no placar agregado: 2 a 1.
Será a sétima vez que o Cruzeiro disputará as quartas de final da Copa Libertadores. Em 1997, o time celeste eliminou o Grêmio nessa fase e caminhou rumo ao título, conquistado sobre o Sporting Cristal, do Peru. Em 2009, passou pelo São Paulo antes de chegar à decisão e perder para o Estudiantes, da Argentina. Em 2001, 2010, 2014 e 2015 acabou eliminado para Palmeiras, São Paulo, San Lorenzo-ARG e River Plate-ARG.
O adversário do Cruzeiro nas quartas sairá do confronto entre Libertad-PAR e Boca Juniors-ARG. Hexcampeão da Libertadores, o clube argentino está à frente no placar por ter ganhado na Bombonera, em Buenos Aires, por 2 a 0. O segundo duelo acontece nesta quinta-feira, às 19h30 (de Brasília), no estádio Defensores del Chaco, em Assunção (PAR).
Conforme o cronograma da Conmebol, as quartas de final da Libertadores serão realizadas nos dias 19 de setembro e 3 de outubro. Se pegar o Boca Juniors, o Cruzeiro fará o segundo jogo no Mineirão. Caso o Libertad seja o adversário, a partida decisiva acontecerá no Paraguai.
Agora, o Cruzeiro se concentra novamente no Brasileiro. O jogo contra o Internacional será às 19h de domingo, no Mineirão, pela 22ª rodada.
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Primeiro tempo
Mano Menezes fez mistério no treinamento fechado do Cruzeiro, mas a escalação definida por ele não foi nenhuma surpresa. Lucas Romero, volante de origem, cumpriu novamente a função de lateral-direito, visto que Edilson, o ‘dono’ da posição, estava há duas semanas sem jogar por causa de edema na coxa direita. No ataque, pesou a experiência de Hernán Barcos, mantido titular, enquanto o talismã Raniel, muito querido pelos torcedores celestes, ficou no banco de reservas. No Flamengo, o técnico Maurício Barbieri mostrou uma cara nova: o colombiano Marlos Moreno entrou no lugar do centroavante Henrique Dourado. Com isso, Vitinho foi adiantado para a função de referência no setor ofensivo.
Barcos perdeu a principal chance do Cruzeiro na partida: na pequena área, ele desviou para fora
Com a bola rolando, as estratégias das duas equipes estavam bem definidas. O Cruzeiro, em boa vantagem graças à vitória por 2 a 0 no Maracanã, preocupou-se inicialmente com a marcação. Ainda que inflamado pelos mais de 50 mil torcedores no estádio, o time não tinha pressa. E nem precisava. A multidão cruzeirense compreendeu muito bem essa proposta. Quando o Flamengo, senhor da posse de bola (60% da etapa inicial), trocava passes na intermediária, um uníssono grito de “uuuuhhh” ecoava de grande parte das dependências do Gigante da Pampulha. E a cada roubada de bola, a cada carrinho, a cada desarme, o barulho feito pelos celestes aumentava ainda mais.
Arrascaeta fez grandes jogadas e esteve perto de deixar sua marca na etapa final
Com apenas Cuéllar de volante, o Flamengo dependia muito do recuo dos meias Diego e Lucas Paquetá para iniciar o processo de construção de jogadas. E numa dessas tentativas, aos 21min, o camisa 10 rubro-negro foi desarmado por Arrascaeta. O Mineirão testemunhou uma belíssima troca de passes entre o uruguaio e Robinho. De pé em pé, os meio-campistas cruzeirenses envolveram Cuéllar, Renê e Réver. Quase na linha de fundo, Robinho passou a bola para a grande área. Barcos, centroavante com quase 250 gols na carreira, estava sozinho na pequena área. Agora vai? Não foi. O Pirata se atrapalhou na finalização. Bateu de tornozelo, para fora. O estádio bradou o “uuuuhhh”, mas desta vez de lamentação por um lance tão claro, tão certo.
Se o gol não saiu na chance mais clara do primeiro tempo, o Cruzeiro teria pelo menos de se resguardar atrás. E os defensores cumpriram bem essa ordem. Por vezes, os zagueiros Dedé e Leo, bem como os laterais Romero e Egídio, recorreram a chutões para afastar qualquer possibilidade de o Flamengo chegar perto da área. Eles também bloquearam os avanços dos pontas Marlos Moreno e Everton Ribeiro e do lateral-direito Rodinei. O Fla só conseguiu assustar Fábio aos 40min, quando Lucas Paquetá, claramente impedido, deu linda bicicleta para o fundo das redes. A arbitragem invalidou o lance.
Segundo tempo
O Cruzeiro voltou para o segundo tempo com a mesma proposta dos primeiros 45 minutos: sem desespero e fazendo valer o placar construído no Maracanã. Já o Flamengo passou a ter o relógio e o nervosismo como adversário. Pressionado para fazer ao menos um gol, o time carioca não conseguia burlar o forte esquema de marcação montado por Mano Menezes. Um dos jogadores cruzeirenses mais compromissados nesse fundamento foi o lateral-esquerdo Egídio. Além de ganhar quase todas as jogadas no “um contra um”, o camisa 6 se destacou bastante em interceptações de passes. Robinho e Thiago Neves também foram empenhados, dando carrinho na lateral. Só que um componente importante desse sistema precisou ser substituído. Lucas Romero, machucado, deu lugar a Edilson aos 12min.
Thiago Neves também perdeu grande chance de marcar diante do Flamengo, nesta quarta-feira
Fazendo valer de contra-ataques, o Cruzeiro perdeu mais uma chance claríssima na partida. Aos 17min, Barcos recebeu cruzamento de Arrascaeta e, inteligentemente, escorou para o segundo poste. Ali chegou Thiago Neves, praticamente sozinho, sem nenhum defensor flamenguista para atrapalhá-lo. Quem salvou a pátria rubro-negra foi o goleiro Diego Alves, que, corajosamente, mergulhou aos pés do camisa 30 e segurou firme.
As chances perdidas pelo Cruzeiro custaram caro. Aos 24min, o Flamengo conseguiu um escanteio depois de trocar muitos passes no campo de ataque. Diego cobrou na segunda trave, a zaga celeste espirrou a bola, e Everton Ribeiro colocou a redonda novamente na pequena área. O zagueiro Leo Duarte se aproveitou do descuido cruzeirense e cabeceou para as redes, levantando os pouco mais de quatro mil torcedores rubro-negros no Mineirão: 1 a 0.
Léo Duarte marcou o gol do Flamengo, mas quem ficou com a classificação foi o Cruzeiro
Mano Menezes pediu calma a seus comandados, pois o placar agregado ainda era favorável à Raposa. Com Raniel em campo no lugar de Barcos, para a alegria de grande parte do público, o Cruzeiro quase empatou aos 26min. Lucas Silva tomou a bola de Lucas Paquetá, esticou a passada em direção à meia-lua e chutou forte, mas no meio do gol. Diego Alves precisou espalmar a bola. Aos 29min, Mano colocou Rafinha no lugar de Robinho, para ter sangue novo nos contragolpes e recomposição rápida na marcação.
A cada minuto transcorrido, o duelo ganhava contornos de drama e tensão. Confiante de que poderia levar pelo menos a disputa pela vaga para os pênaltis, o técnico Maurício Barbieri tirou Cuéllar, único volante da equipe, e colocou o atacante Lincoln. Pouco depois, sacou o lateral-esquerdo Renê e mandou a campo o também atacante Geuvânio. A estratégia ‘kamikaze’ de quem não tinha mais nada a perder gerou incertezas na torcida cruzeirense, mas o time se portou bem defensivamente e só não empatou porque falhou na conclusão de vários contragolpes. Como é uma decisão de 180 minutos, prevaleceram os gols de três semanas atrás, no Maracanã!
Espírito viking
Depois da partida, os jogadores do Cruzeiro comemoraram a vaga com a torcida, que retribuiu imitando a tradicional celebração islandesa, conhecida mundialmente desde a Eurocopa de 2016, na França (veja o vídeo).
O que falar da união entre time e torcida?
Quando todos jogam juntos, não dá nem para o cheiro!
A Nação Azul deu um show em sua casa mais uma vez e reconheceu a raça e a luta dos jogadores em campo.
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CRUZEIRO 0X1 FLAMENGO
CRUZEIRO
Fábio; Lucas Romero (Edilson, aos 12min do 2ºT), Dedé, Leo e Egídio; Henrique e Lucas Silva; Robinho (Rafinha, aos 29min do 2ºT), Thiago Neves e Arrascaeta; Barcos (Raniel, aos 25min do 2ºT)
Técnico: Mano Menezes
FLAMENGO
Diego Alves; Rodinei, Leo Duarte, Réver e Renê (Geuvânio, aos 44min do 2ºT); Cuéllar (Lincoln, aos 37min do 2ºT); Everton Ribeiro, Diego, Lucas Paquetá e Marlos Moreno; Vitinho (Henrique Dourado, aos 24min do 2ºT)
Técnico: Maurício Barbieri
Gols: Leo Duarte, aos 24min do 2ºT (FLA)
Cartões amarelos: Thiago Neves, aos 45min, Rafinha, aos 46min, Raniel, aos 48min do 2ºT (CRU); Renê, aos 41min do 1ºT. Leo Duarte, aos 13min, Rodinei, aos 21min, Diego, aos 47min do 2ºT (FLA)
Público Presente: 52.706
Público Pagante: 44.791
Renda: R$ 2.840.899,16
Motivo: jogo de volta das oitavas de final da Copa Libertadores
Estádio: Mineirão, em Belo Horizonte (MG)
Data: quarta-feira, 29 de agosto de 2018
Árbitro: Andrés Cunha (URU/FIFA)
Assistentes: Nicolas Taran (URU/FIFA) e Mauricio Espinosa (URU/FIFA)
Festa da torcida na chegada do Cruzeiro ao Mineirão