Perto de concluir sua quarta temporada no Cruzeiro, o meia uruguaio De Arrascaeta, de 24 anos, é hoje um jogador bem diferente daquele que chegou à Toca da Raposa em janeiro de 2015 vindo do Defensor Sporting. A timidez deu lugar a comemorações alegres no gramado. Sua participação com gols e assistências é regular. Já no aspecto tático, a evolução é mais recente. O técnico Mano Menezes revelou que uma conversa, após a Copa do Mundo da Rússia, fez o jovem talento amadurecer nesse sentido.
”O Arrascaeta, a partir de algum momento da preparação da Seleção Uruguaia, nós tivemos uma conversa. Eu peguei uma foto dele marcando na última linha defensiva da Seleção do Uruguai. Nós fizemos uma reunião, eu elogiei muito o posicionamento dele, e ele ficou muito feliz. Aí veio a segunda parte: você também vai fazer isso aqui. Se tem condições de fazer lá, pode fazer aqui. E nós precisamos que você faça. Porque para um meia jogar naquela função, não tem jeito”, contou Mano, sobre o bate-papo reservado com o meia.
Arrascaeta teria ainda mostrado ambição de se tornar mais completo e competitivo, principalmente pelo que viu de boa parte dos jogadores na Copa da Rússia. Ele começou o Mundial como um dos titulares de Oscar Tabárez diante do Egito. Em seguida, perdeu a posição frente à Arábia Saudita e só voltou a ser utilizado na formação mista contra a Rússia. Nesse confronto, especificamente, o cruzeirense esteve muito próximo de fazer um gol olímpico.
O Uruguai eliminou Portugal nas oitavas de final e caiu para a França nas quartas. Mas, nesses duelos eliminatórios, Arrascaeta não foi aproveitado e ficou apenas no banco.
”Depois da Copa, (Arrascaeta) voltou ainda melhor na ideia do que é futebol de ponta, de seleção. A primeira observação que ele fez foi que os caras lá são muito intensos e fortes. Disse a ele que tinha dois caminhos: ou desiste ou se prepara melhor para voltar lá. Ele quer voltar e está se preparando melhor. E nós ganhamos com isso”, acrescentou Mano.
No Cruzeiro, Arrascaeta é utilizado por Mano Menezes como um meia pela faixa esquerda do campo. Assim como na seleção, cabe a ele criar e recompor a marcação. Nesse sábado, na vitória por 2 a 1 sobre o Fluminense, no Mineirão, o uruguaio contribuiu com uma assistência para o gol de cabeça de Raniel e ainda roubou a bola que originou a jogada do segundo gol, marcado contra pelo lateral-esquerdo Ayrton Lucas, do Tricolor.
”Para um meia jogar naquela função, não tem jeito. Por isso os meias não gostam de jogar lá. Pergunte a Robinho se ele quer jogar na beirada. Robinho joga na beirada porque a vaga que tem para ele é na beirada. Mas se ele puder escolher, vocês já ouviram ele dizer que prefere jogar por dentro. Claro, não precisa acompanhar lateral na linha de furo, é duro, são 60 a 70 metros de recomposição muitas vezes, então o jogador se desgasta. E às vezes a equipe sofre mais com a posse de bola do adversário. Nesses jogos, é mais necessário voltar. Quando a gente consegue controlar mais o jogo, esse meia precisa marcar menos. E às vezes precisamos fazer uma cobertura para que ele não tenha que voltar tantas vezes, com um volante nosso por fora ou empurrando um lateral nosso para a segunda linha, para que ele economize um pouco e seja decisivo quando pegar na bola”, agregou Mano.
Na temporada, Arrascaeta atingiu a marca de oito assistências. Além disso, fez 11 gols. O artilheiro do Cruzeiro na temporada é Thiago Neves, com 12 gols, apenas um a mais.
Veja, a seguir, o histórico de Arrascaeta no Cruzeiro em participação ofensiva:
2015 – 9 gols – 4 assistências
2016 – 14 gols – 18 assistências
2017 – 12 gols – 6 assistências
2018 – 11 gols – 8 assistências