Mano Menezes vê justiça em vitória do Cruzeiro e nega falta de foco no Brasileiro

“Foi importantíssimo voltar a vencer. Quando demora um pouco, é mais difícil. Você tem que arrancar a vitória. Fizemos um primeiro tempo abaixo. Embora tenhamos marcado o gol, acho que fizemos um primeiro tempo abaixo. A equipe quis pressionar alto, mas sempre tinha um jogador livre às costas dessa pressão alta, que era Richard, que sempre rodou a bola e fez a gente correr muito mais do que deveríamos correr. Quando o time não consegue marcar na frente porque os volantes estão muito atrás, às vezes fizeram uma ação defensiva e não conseguiram sair, não adianta subir para marcar. Vamos correr, correr, correr, e não ficaremos com a bola. Nessa hora, tem que ser inteligente, respirar um pouco, deixar a bola sair com os dois zagueiros e, naturalmente, eles vão trazer a bola até um espaço do campo e aí nós vamos decidir subir a linha porque estaremos bem posicionados novamente. Ajustamos isso e melhoramos bastante no segundo tempo. Por isso, saímos vencedores. Jogamos bem contra uma equipe com meio-campo que joga bastante futebol”.

No primeiro tempo, o Cruzeiro abriu a contagem aos 14min, em cabeceio de Raniel, e levou o empate aos 26min, quando Henrique fez gol contra. No intervalo, Mano substituiu Marcelo Hermes por Egídio, que foi o responsável pelo cruzamento que originou o tento da vitória, também marcado contra por Ayrton Lucas, lateral-esquerdo do Fluminense, aos 27min do segundo tempo. Com o placar de 2 a 1, o time celeste quebrou jejum de seis partidas sem vencer no Brasileiro e manteve a sétima posição, agora com 30 pontos.

Questionado se houve falta de foco do Cruzeiro no período sem vitórias na elite nacional (três empates e três derrotas), já que o time divide as atenções com Libertadores e Copa do Brasil, Mano afastou essa hipótese e creditou as dificuldades enfrentadas na competição ao mérito dos adversários.

“Nunca faltou foco. É difícil mesmo jogar jogos decisivos no meio da semana, com regras diferentes, e manter o mesmo comportamento. Você não consegue fazer. Às vezes o jogador está lá, a vontade está lá, mas o corpo não obedece, o mental está mais frágil e você não consegue fazer uma preparação grande porque não recuperou do jogo anterior. Mas nós não deixamos de fazer resultados no Brasileiro porque nos faltou vontade. Faltaram outras coisas no futebol que faltam para muita gente em determinados jogos. Por isso a gente não conseguiu. Mas o time quer. Sempre que pudermos fazer, vamos fazer e nos entregar o máximo possível para conquistar as vitórias. Às vezes não vamos conseguir, por mérito dos adversários também, porque do outro lado tem gente competente querendo as vitórias também”.

O Cruzeiro agora se prepara para o jogo de volta das oitavas de final da Copa Libertadores. O confronto contra o Flamengo será na quarta-feira, às 21h45, no Mineirão. Na ida, os mineiros venceram por 2 a 0, no Maracanã, em 8 de agosto. Os gols foram marcados na ocasião por Arrascaeta e Thiago Neves.

“Minha reclamação com arbitragem é uma só. Vocês podem pegar o jogo do Maracanã (derrota do Cruzeiro por 1 a 0) e o jogo daqui. O goleiro do Fluminense tomou uns 20 minutos de jogo. Pode fazer todas as caídas que aconteceram lá e as que aconteceram aqui quando estava 1 a 1. E não acho justo que, no final, a gente pague essa conta nos acréscimos. Você não pode beneficiar o infrator. Vem o quarto árbitro dizer que é do futebol, que o jogo tem que ser jogado. Mas aí estaremos favorecendo quem cai. O futebol tem uma regra 18, vocês sabem, que chama bom senso. Tem que saber entender de futebol, tem que ver quando jogador cava falta, deixa o pé e faz um monte de coisa que vai além da regra fria do jogo. Tem que entender de futebol para apitar. E eu acho que ele tem que dificuldade para entender”.

“Quando nós fizemos o gol, o Marcelo quis acelerar, pedindo para o gandula acelerar a bola. Aí pedi para o goleiro dele cair (risos). Foi exatamente isso que eu falei, aí ficamos... mas é coisa do jogo. Você está envolvido. Eu sei que nem foi ele que mandou o goleiro cair (quando o Fluminense empatou), provavelmente, nem é do estilo do Marcelo. Mas a gente está envolvido aí, vale muita coisa. Dentro do respeito que a gente tem um pelo outro, eu quero ganhar aqui pelo Cruzeiro, assim como ele queria ganhar antes pelo Cruzeiro. Hoje, ele quer ganhar pelo Fluminense”.

“Tem uma propaganda, de uma emissora, numa chamada, falando assim: ‘Não é só futebol’. E não é só bola, não é só jogar. Jogar é a parte mais gostosa, a parte boa, todo mundo quer, mas tem dias que não joga bem. E quando não jogar bem? Você vai desistir, vai entregar os pontos? Não vai. Não pode. Aí você tem que tirar o algo mais, tem que se sacrificar, tem que acreditar naquilo que você está defendendo. Por isso sou muito leal aos jogadores, sou muito transparente com os jogadores que dirijo, porque eles têm que acreditar muito naquilo que é proposto. Só quando você acredita naquilo que é proposto você dá carrinho lá dentro de campo, você se entrega por uma causa, por um objetivo. E é isso que nós vamos fazer. Vai ter dias que vamos jogar melhor, porque o Cruzeiro tem qualidade para jogar melhor, e capacidade para jogar melhor do que jogou em determinados momentos hoje. Mas hoje tinha que vencer. Hoje não podia transferir, porque senão começa a aumentar a pressão da tabela e nós começamos a ter outros problemas que vão nos atrapalhar nos mata-matas que temos pela frente. A cabeça começa a ficar boa com o resultado, com a vitória, e eu tenho certeza que a gente sai bem melhor para primeiro descansar amanhã, durante o domingo, para voltar na segunda-feira e se preparar para o jogo com o Flamengo”.