O livro, lançado em março de 2017, conta a história de 11 torcedores do Racing desaparecidos durante a ditadura militar argentina, liderada pelo general Jorge Videla, que ocorreu entre 1976 e 1983.
O regime militar argentino foi um dos mais sanguinários da América Latina. Segundo estimativa apresentada por grupos defensores dos direitos humanos do país, como as Mães da Praça de Maio e o Serviço Paz e Justiça, 30 mil pessoas desapareceram no período. A Comissão Nacional sobre o Desaparecimento de Pessoas (CONADEP), do governo, acredita que foram 9 mil. Na obra, o autor trabalha com a primeira estatística.
A data 24 de março é considerada no país como feriado nacional e o “dia da memória, verdade e justiça”. Nesse mesmo dia, em 1976, houve o golpe de Estado e a tomada de poder dos militares. Em 2018, os principais clubes da Argentina se manifestaram nas redes sociais sobre a data e utilizaram da hashtag #NuncaMás para relembrar o triste episódio.
“No futebol, creio que, aqui no Brasil, ocorre o mesmo que acontece na Argentina, e sei mais sobre a Argentina. Há uma ideia muito forte, no senso comum, da noção de ‘apoliticismo esportivo’, um termo denominado por Meynot, um teórico francês, que é uma ideia que implica na construção arbitrária e involuntária de uma separação entre futebol e política, ou esporte e política”, salientou o escritor, que acredita nos vínculos entre esporte, política, sociedade e direitos humanos.
Julián Scher é graduado em Sociologia pela Universidade de Buenos Aires (UBA) e mestre em Ciência Política e Sociologia pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (FLACSO). Ele veio a Belo Horizonte com a equipe do Racing, que foi derrotada nessa terça-feira, pelo Cruzeiro, por 2 a 1, no Mineirão, pela sexta e última rodada do Grupo 5 da Copa Libertadores. O escritor já tinha apresentado sua obra na segunda-feira, na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (FAFICH) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).