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Funcionário do Racing apresenta livro sobre torcedores desaparecidos durante ditadura argentina

'Los Desaparecidos de Racing' conta a história de 11 torcedores desaparecidos

Matheus Muratori
Livro, lançado em março de 2017, conta história de 11 torcedores do Racing desaparecidos na ditadura - Foto: Superesportes/EM/D.A. Press
Um funcionário da área de comunicação do Racing aproveitou a viagem a Belo Horizonte para apresentar um livro sobre torcedores do clube desaparecidos durante a ditadura militar argentina. Julián Scher, de 31 anos, torcedor e profissional da “Academia”, esteve com a equipe na capital mineira. Ele apresentou, na manhã desta quarta-feira, sua obra “Los Desaparecidos de Racing”, no auditório do Museu Brasileiro do Futebol (MBF), no Mineirão.

O livro, lançado em março de 2017, conta a história de 11 torcedores do Racing desaparecidos durante a ditadura militar argentina, liderada pelo general Jorge Videla, que ocorreu entre 1976 e 1983.

O regime militar argentino foi um dos mais sanguinários da América Latina. Segundo estimativa apresentada por grupos defensores dos direitos humanos do país, como as Mães da Praça de Maio e o Serviço Paz e Justiça, 30 mil pessoas desapareceram no período. A  Comissão Nacional sobre o Desaparecimento de Pessoas (CONADEP), do governo, acredita que foram 9 mil. Na obra, o autor trabalha com a primeira estatística.

A data 24 de março é considerada no país como feriado nacional e o “dia da memória, verdade e justiça”. Nesse mesmo dia, em 1976, houve o golpe de Estado e a tomada de poder dos militares. Em 2018, os principais clubes da Argentina se manifestaram nas redes sociais sobre a data e utilizaram da hashtag #NuncaMás para relembrar o triste episódio.

Na manhã desta quarta, obra do escritor argentino foi apresentada no auditório do Museu do Mineirão - Foto: Matheus Muratori/EM/D.A. PressQuestionado sobre a diferença no aspecto do engajamento político e social entre clubes do Brasil e da Argentina, Julián foi direto e considera que o ‘senso comum’ em relação a este assunto atua da mesma maneira nos dois países.

“No futebol, creio que, aqui no Brasil, ocorre o mesmo que acontece na Argentina, e sei mais sobre a Argentina.
Há uma ideia muito forte, no senso comum, da noção de ‘apoliticismo esportivo’, um termo denominado por Meynot, um teórico francês, que é uma ideia que implica na construção arbitrária e involuntária de uma separação entre futebol e política, ou esporte e política”, salientou o escritor, que acredita nos vínculos entre esporte, política, sociedade e direitos humanos.

Julián Scher é graduado em Sociologia pela Universidade de Buenos Aires (UBA) e mestre em Ciência Política e Sociologia pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (FLACSO). Ele veio a Belo Horizonte com a equipe do Racing, que foi derrotada nessa terça-feira, pelo Cruzeiro, por 2 a 1, no Mineirão, pela sexta e última rodada do Grupo 5 da Copa Libertadores. O escritor já tinha apresentado sua obra na segunda-feira, na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (FAFICH) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Scher veio para BH com a equipe do Racing, que foi derrotada nessa terça-feira, para o Cruzeiro, por 2 a 1 - Foto: Matheus Muratori/EM/D.A. Press
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