O ex-dirigente conta detalhes da formação da diretoria do ano passado, diz que havia decidido pela demissão do então executivo Thiago Scuro no fim de 2016 e pela contratação de Mattos para o último ano da gestão de Gilvan de Pinho Tavares no Cruzeiro.
“No fim de 2016, entrei em contato com o Alexandre. Ele estava em Atibaia, e o Palmeiras estava prestes a ser campeão brasileiro. Mattos me disse que, naquele momento, estava totalmente focado no título, mas ressaltou que, assim que fosse campeão, estaria livre para negociar, já que tinha contrato no fim”, conta. “Naquela mesma semana, um grande conselheiro e patrocinador influente do clube esteve na Toca da Raposa II e sugeriu ao Gilvan que trocássemos de diretor de futebol. Ele reclamou do Thiago Scuro e ficou pressionando nosso presidente”, afirma.
Na mesma conversa, Gilvan revelou para o conselheiro seu objetivo de acertar o retorno de Alexandre Mattos. O patrocinador se empolgou e teria se colocado à disposição, inclusive, para bancar financeiramente o que fosse necessário para o retorno do diretor bicampeão brasileiro em 2013 e 2014. “Poucas horas depois (do encontro entre Gilvan e o patrocinador), Alexandre me ligou, já em tom mais preocupado: - Poxa, Bruno. Eu pedi para o negócio não vazar. Agora que já está na boca do patrocinador, vai acabar vazando”, relata o livro.
Mais à frente, há então o relato da conversa de um ex-presidente com Alexandre Mattos. O executivo do Palmeiras teria sido desencorajado a voltar à Toca da Raposa. “Isso quem me revelou foi o próprio Alexandre. Na ligação, este senhor o desencorajou a voltar ao Cruzeiro, alegando que Gilvan havia sido ingrato por não o ter valorizado depois de ganhar dois brasileiros. Até aí tudo bem. A conversa ganhou um contorno diferente quando o interlocutor ressaltou para Mattos que, no fim do ano, haveria eleição no Cruzeiro e toda diretoria seria trocada. Por conta disso, ele não teria estabilidade e poderia deixar o conforto de sua família em xeque. - Você tem filha para criar. Qualquer pessoa que escuta esse tipo de declaração reflete em dobro sobre decisões da sua vida”, descreveu Vicintin.
Em meados de dezembro de 2016, o Cruzeiro começava a viver momento político turbulento em função das eleições que estavam por vir um ano depois. Ex-presidente do clube, Zezé Perrella se apresentava como candidato para o pleito em oposição ao grupo capitaneado por Gilvan de Pinho Tavares. Em maio, depois de ver seu nome envolvido em escândalo de corrupção da JBS, Perrella retirou a candidatura e apoiou Sérgio Santos Rodrigues. As eleições acabaram vencidas por Wagner Pires de Sá, apoiado por Gilvan. Em momento algum o livro cita que Zezé Perrella é o ex-presidente envolvido no episódio.
Sem Mattos, Gilvan e Vicintin partiram para o segundo nome. Erasmo Damiani, então coordenador das categorias de base da Seleção Brasileira, era o preferido. O profissional, no entanto, decidiu seguir o trabalho na Confederação Brasileira de Futebol (CBF). A terceira opção foi caseira e acabou dando certo. Klauss Câmara, então executivo das categorias de base, na Toca da Raposa I, foi alçado à condição de diretor do profissional e ajudou na conquista do pentacampeonato da Copa do Brasil.
Outras passagens
O livro ainda traz uma série de revelações dos bastidores do Cruzeiro em 2017. O ex-dirigente relata, por exemplo, detalhes inéditos da contratação de Thiago Neves. À época, o Corinthians tentou ‘atravessar’ a negociação. Outro ponto curioso foi o mal-estar criado no clube quando o Gilvan de Pinho Tavares se precipitou e anunciou o acerto com o meia na missa de aniversário do clube, em 2 de janeiro. “De todos os momentos de angústia que passei no profissional, talvez esse tenha sido o mais difícil”, descreveu o autor.
"CAMINHOS DO PENTA"
Preço do livro: R$ 29,90
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