Falta de criatividade do meio-campo preocupa Dirceu Lopes, um dos maiores craques da história celeste - Foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A. PressA sequência de três partidas sem vitórias acendeu um sinal de alerta na Toca da Raposa II. Embora o Cruzeiro tenha conquistado o Campeonato Mineiro, ainda não venceu na Copa Libertadores e no Campeonato Brasileiro. Essa instabilidade ameaça inclusive o avanço no torneio continental. Para seguir vivo, o time celeste precisa a qualquer custo derrotar a Universidad de Chile na quinta-feira, a partir das 19h15, no Mineirão, pela quarta rodada do Grupo 5. Empate ou derrota pode tornar a classificação improvável.

Quais os motivos dessa queda de rendimento nesse mês de abril? O atual elenco pode levar o clube a feitos maiores em 2018? Para responder a essas perguntas, o Superesportes consultou quatro ídolos do clube: Dirceu Lopes, Evaldo, Douglas e Nonato.

O ex-atacante Evaldo, campeão da Taça Brasil de 1966, foi o mais crítico em relação ao atual elenco. Para ele, o time de Mano Menezes está sendo supervalorizado nesta temporada. Além disso, teria faltado empenho nas últimas apresentações.

Também campeão brasileiro em 1966, Dirceu Lopes, um dos grandes craques da história cruzeirense, aponta a falta de criação no meio-campo como o maior problema do Cruzeiro. 

O ex-lateral-esquerdo Nonato, multicampeão e exemplo de raça com a camisa azul nos anos 1990, cobra mais atitude do Cruzeiro diante da La U, na próxima quinta, em ‘decisão’ pela Libertadores. “Tem que mostrar o que é o Cruzeiro”.

O mais otimista foi o ex-volante Douglas, revelado na Toca nos anos 1980 e campeão da Supercopa de 1992 e da Copa do Brasil de 1993. Com o Mineirão cheio na quinta-feira, ele aposta em vitória sobre os chilenos. 

Veja a análise dos ídolos cruzeirenses:  

Aos 73 anos, o ex-atacante põe o dedo na ferida sempre quando é chamado para opinar sobre o momento do Cruzeiro. Para Evaldo, falta empenho ao time em muitos jogos, além de regularidade a jogadores decisivos. 

Atacante Evaldo atuou no Cruzeiro nas décadas de 1960 e 1970 - Foto: Arquivo/EM/D.A. Press“Esse time foi campeão mineiro e achou que estava pronto, mas não está e a imprensa também disse isso. Hoje, ganhar Mineiro é enganação. Brasileiro e Libertadores são outra coisa. O Cruzeiro precisa vencer, mas tem de mostrar que quer alguma coisa de fato. No Mineiro, no segundo jogo da final, o time foi para cima, mas não vimos isso nos outros jogos recentes. Contra o Fluminense, com 10..., deixou muito a desejar. Se não tiver atitude, entusiasmo, fica difícil vencer um time todo fechado. A gente não sente uma cobrança nem com diretor indo lá. O Cruzeiro não é este timaço todo, mas tem que se apresentar com mais vontade e entusiasmo. A torcida gosta de ver vontade em campo. O Cruzeiro precisa contratar um lateral-esquerdo para disputar a posição, a disputa é benéfica no futebol. O Thiago Neves, craque do time, faz gol e desaparece. Tem que melhorar. Igual ao Robinho, que foi mal contra o Fluminense e pouco apareceu. É preciso dar uma explicação, o torcedor não é bobo. Infelizmente, tudo isso está faltando. É preciso cobrar mais. Não precisa xingar, mas sentar, conversar e explicar o que tem que ser feito. Quando é campeão todo mundo bate palma e esquece de alguns problemas. Acho que tem que mudar a postura dos jogadores e da direção”.

O 'Príncipe' Dirceu Lopes atuou no Cruzeiro entre 1964 e 1977 - Foto: Arquivo/EM/D.A. PressUm dos maiores ídolos da história do Cruzeiro, Dirceu Lopes, hoje com 71 anos, mostra preocupação principalmente com o meio-campo celeste.

“Acho que o que aconteceu depois da decisão do Campeonato Mineiro, como um todo, é muito ruim. O time caiu muito. Mas acredito que pode voltar a jogar bem. É questão de capricho… No ataque, pesou a saída do Fred, do Raniel. O Sassá ainda buscando uma melhor fase. Mas, pra mim, o problema maior é o meio-campo, que não cria. Tem jogadores de muita qualidade ali, como Thiago Neves, De Arrascaeta, Robinho, e o time está criando pouco. Mas o plantel é muito qualificado, eu confio neste time. Futebol é momento e eu acho que, nesta quinta-feira, o Cruzeiro vai voltar a jogar seu melhor futebol, assim como estava até o segundo jogo da final do Estadual”.

Nonato atuou pelo Cruzeiro de 1990 a 1997 e acumulou títulos no período em que esteve na Raposa - Foto: Arquivo/EM/D.A. PressCampeão da Libertadores de 1997, bi da Copa do Brasil (1993 e 1996) e com tantos outros títulos pelo Cruzeiro no currículo, Nonato, de 51 anos, cobra mais atitude do atual elenco.

“Eu acho que isso acontece com qualquer clube, uma fase ruim como esta em uma temporada longa. O time não está jogando mal, o time está tentando. Isso acontece. A torcida está cobrando, o Cruzeiro tem um dos melhores elencos do Brasil e não pode estar na situação que está. Sem dúvida eu estou confiante para quinta-feira, tenho certeza que o Cruzeiro vai dar a volta por cima. A parte defensiva até que está mais tranquila, a gente está precisando é finalizar melhor. O Mano já botou Rafael Sobis, Sassá, Raniel… mas a coisa só vai melhorar quando a bola voltar a entrar. De qualquer forma, sinto que falta atitude às vezes. Na quinta, os caras têm que ganhar de qualquer jeito, não pode ficar conversando, achando que vai fazer o gol qualquer hora. Tem que mostrar o que é o Cruzeiro”.

Douglas foi revelado pelo Cruzeiro e teve duas passagens pelo clube: de 1982 a 1988 e 1992 a 1995 - Foto: Arquivo/EM/D.A. PressCria do Cruzeiro, Douglas, com 55 anos, tem quatro Mineiros no currículo, uma Supercopa (1992) e uma Copa do Brasil (1993). Hoje torcedor de arquibancada, ele aposta no trabalho de Mano Menezes e na reação do time contra a Universidad de Chile.

"O Mano fez certo, segurou bem contra La U. Foi um resultado excelente no Chile. O problema é que o time deveria ter ganhado do Vasco no Mineirão. Tudo ficaria muito mais fácil. Agora, vai ter que decidir no Rio de Janeiro, na partida seguinte. Mas, nesta quinta-feira, acho que ganha da La U. A torcida tem que encher o Mineirão. Os jogadores têm que entrar com o mesmo espírito que entraram na final contra o Atlético. Com pegada, raça. Ir para cima e propor o jogo desde o começo. Precisa arriscar mais. Acho que La U virá com medo, pois acharam que lá não alcançaram bom resultado diante do Cruzeiro”.