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Fred tem lesão em dois ligamentos do joelho, e médico do Cruzeiro mantém prazo de recuperação de seis a oito meses

Segundo diretor médico do Cruzeiro, jogador está com cabeça boa

postado em 26/03/2018 16:23 / atualizado em 26/03/2018 23:06

Rafael Arruda/Superesportes
O diretor médico do Cruzeiro, Sérgio Campolina, concedeu entrevista nesta segunda-feira e deu detalhes das lesões sofridas por Fred em seu joelho direito. Após realização de exame de imagem, ficou constatado que o atacante teve ruptura do ligamento cruzado anterior e de um ligamento lateral secundário. O prazo de recuperação é de seis a oito meses, para alta definitiva. A cirurgia será realizada ainda esta semana, em Belo Horizonte. Campolina será o responsável pelo procedimento.

"No último jogo, o atleta Fred teve um trauma no joelho, naquele lance, um trauma atípico, onde fez um movimento de rotação e estresse, como nós chamamos, ou seja, ele fez um movimento giratório, que não é o comum de um atleta de futebol. Geralmente essas lesões acontecem com o pé no chão. Quando eu o examinei, percebi que havia algo de preocupante, levei para o vestiário e imediatamente o encaminhei para fazer exames de imagem, que confirmaram minha suspeita clínica de lesão do ligamento cruzado. Além dessa lesão, ele teve uma outra, da parte periférica, da parte não articular do joelho, de um ligamento lateral", explicou o ortopedista.

"Comentei com ele e vou comentar com vocês a mesma coisa, que pelo macanismo de lesão que ele teve, foi uma lesão menos grave que ele poderia ter, aquela lesão, aquele movimento, é uma lesão de movimento complexo, em que os ligamentos centrais rompem: cruzado anterior, cruzado posterior, menisco, ligamento colateral medial, ligamento lateral, e felizmente, de todas as lesões possíveis, ele teve associação menos grave. São lesões cirúrgicas, deve estar realizando esse procedimento cirúrgico esta semana ainda, está terminando exames pré-operatórios, e assim que for liberado pelo cardiologista, pelo anestesista, eu irei realizar o procedimento. Alguns exames nossos serão realizados com nossos parceiros", acrescentou.

O fato de Fred ter lesionado a perna dominante (que usa para chutar a bola), e não o joelho de apoio, auxiliará no processo de reabilitação. "A recuperação no lado dominante é muito melhor. Se for para escolher um joelho, escolha para machucar o joelho dominante. A recuperação do lado dominante é muito melhor. A perna de apoio é muito mais recrutada. Existe uma questão da inteligência articular, a inteligência do lado dominante é muito maior, a musculatura é mais responsiva, ou seja, ele perde massa muscular pelo repouso que está nele, mas vai recuperar muito mais rápido por ser o lado dominante do que se fosse o outro lado (esquerdo). E o Fred é um atleta muito forte. Isso vai ajudá-lo na cirurgia. O ligamento não tem como ser recuperado, a gente o substitui. E a gente usa uma estrutura do próprio joelho para fazer esse ligamento. E ele sendo forte, o ligamento fica mais forte", observou Sérgio Campolina.

Sem o camisa 9, o Cruzeiro tem até aqui Raniel e Sassá à disposição para a função de centroavante. Outro que pode jogar nessa posição é Rafael Sobis. O técnico Mano Menezes escolherá entre esses três o novo titular da função. Pela frente, o Cruzeiro terá os duelos com Atlético, pela final do Campeonato Mineiro (dias 1º e 8 de abril), e Vasco, pela segunda rodada do Grupo 5 da Copa Libertadores (quarta-feira, dia 4 de abril).

Leia, na íntegra, a entrevista coletiva de Sérgio Campolina:

A lesão

"No último jogo, o atleta Fred teve um trauma no joelho, naquele lance, um trauma atípico, onde fez um movimento de rotação e estresse, como nós chamamos. Ou seja, ele fez um movimento giratório, que não é o comum de um atleta de futebol. Geralmente essas lesões acontecem com o pé no chão. Quando eu o examinei, percebi que havia algo de preocupante, levei para o vestiário e imediatamente o encaminhei para fazer exames de imagem, que confirmaram minha suspeita clínica de lesão do ligamento cruzado. Além dessa lesão, ele teve uma outra, da parte periférica, da parte não articular do joelho, de um ligamento lateral. Comentei com ele e vou comentar com vocês a mesma coisa: pelo macanismo de lesão que ele teve, foi uma lesão menos grave que ele poderia ter. Aquela lesão, aquele movimento, é para uma lesão de movimento complexo, em que os ligamentos centrais rompem: cruzado anterior, cruzado posterior, menisco, ligamento colateral medial, ligamento lateral. Felizmente, de todas as lesões possíveis, ele teve associação menos grave. São lesões cirúrgicas, deve estar realizando esse procedimento cirúrgico esta semana ainda, está terminando exames pré-operatórios, e assim que for liberado pelo cardiologista, pelo anestesista, eu irei realizar o procedimento. Alguns exames nossos serão realizados com nossos parceiros."

Cirurgia e recuperação

"Em relação à cirurgia, não há muita diferença do habitual. Eu falo que, conversei isso pessoalmente com ele, a cirurgia em si não é mais importante, o mais importante na lesão é a reabilitação. Porque o resultado, o prazo biológico de uma cicatrização de lesão, é comum a qualquer pessoa. O que vai definir um bom ou mau resultado, claro, além da técnica de cirurgia ter sucesso, é a recuperação. Então, felizmente, o clube hoje tem condição de fazer uma reabilitação mais que adequada do Fred. Por quê? Prevendo situações como essa, fiz um pedido à diretoria que fizesse uma melhora do aparato técnico do departamento. Todo mundo conhece e sabe que o departamento humano é muito bom. O chefe do departamento de fisioterapia, o Charles (Costa), tem uma experiência que poucos no futebol têm, inclusive foi para a Seleção sub-20, é um profissional mais que capacitado, e com certeza ele vai ser o gestor dessa recuperação. Em cima disso, temos equipamentos novos que fazem a diferença na reabilitação cirúrgica de um joelho. Outros instrumentos virão também e felizmente vamos ter uma pausa na Copa do Mundo, vai dar tempo de esses instrumentos chegarem e ajudarem na recuperação dele. Então, estou muito otimista. Foi uma lesão mais grave que o habitual, mas não tão grave como poderia ser. Isso me tranquilizou muito e foi o que eu mais falei com o Fred."

Paulo Galvão/EM D.A Press

Prazo de recuperação

"Seis a oito meses de recuperação. Esse é o prazo que vamos trabalhar, sem pressão cronológica, podendo ter uma recuperação mais rápida ou um pouco mais prolongada. O que vamos utilizar são os resultados. Vocês têm o exemplo recente do Fábio. Ele teve lesão um pouco menos grave, foi só o ligamento cruzado, e teve recuperação em quatro meses. Foi operado com um outro colega, o doutor Marco é um cara muito bom, cirurgião de joelho muito bom, e a recuperação foi toda dentro do nosso departamento. Por isso que estou otimista em relação ao caso do Fred."

"Seis a oito meses é de liberação, é o prazo final dele. Essa é a expectativa. A cronologia não é o dado mais importante. Existe sim esse fundamento de respeitar esse prazo. Mas a gente utiliza isso no dia a dia, em atletas amadores, em que controla o seu paciente. No caso dele não, eu vou vê-lo todos os dias, todos os parâmetros vão chegar de imediato. Vou segurar se estiver rápido demais, mas vou tentar acelerar se estiver lento demais. Mas o prazo é esse, em torno de seis a oito meses."

Detalhes sobre as rupturas dos ligamentos

"O ligamento cruzado teve ruptura total. E a lesão periférica, a parte lateral do joelho, são vários ligamentos pequenos, mas que trabalham conjuntamente. O ligamento mais importante lateral não foi lesionado. Isso é o mais importante. Ele teve lesão no ligamento secundário. Esse ligamento muitas vezes passa despercebido na realização do exame de imagem. Mas como o profissional que fez o exame pra gente é um profissional muito bom, ele observou essa lesão. E foi ser abordado também por ter sido diagnosticado."

Lesão no joelho direito 

"A recuperação no lado dominante é muito melhor. Se for para escolher um joelho, escolha para machucar o joelho dominante. A recuperação do lado dominante é muito melhor. A perna de apoio é muito mais recrutada. Existe uma questão da inteligência articular, a inteligência do lado dominante é muito maior, a musculatura é mais responsiva, ou seja, ele perde massa muscular pelo repouso que está nele, mas vai recuperar muito mais rápido por ser o lado dominante do que se fosse o outro lado (esquerdo). E o Fred é um atleta muito forte. Isso vai ajudá-lo na cirurgia. O ligamento não tem como ser recuperado, a gente o substitui. E a gente usa uma estrutura do próprio joelho para fazer esse ligamento. E ele sendo forte, o ligamento fica mais forte."

Influência de idade na recuperação (Fred está com 34 anos)

"Teria diferença, pela idade, se o joelho dele não fosse virgem ou seja, se fosse um joelho que tivesse lesões anteriores e não tem. A cartilagem dele é boa, o menisco é bom. e esse prognóstico. que pode retardar uma recuperação, ele não tem alterado. O joelho dele é um joelho de um menino, é um joelho virgem, que não tem nenhuma alteração."

Reação do Fred após a lesão

"O Fred me surpreende a todo momento, é um cara de uma energia muito boa. Ele queria informações, exatamente por ser uma coisa nova para ele. Ele estava apreensivo quanto a isso. A primeira coisa que ele perguntou foi prazo, quando é que ele volta. Ai eu o tranquilizei, expliquei que das lesões que ele poderia ter, ele teve a associação menos grave. Ele quer se recuperar rápido e tudo que eu o pedi nesse curto tempo, ele fez. Então, tenho certeza que ele vai se empenhar no pós-operatório."

Agilidade para realizar a cirurgia

"O princípio nosso é o princípio biológico. Quando se fazia uma cirurgia de uma lesão de ligamento, você limpava a articulação toda por dentro, durante a cirurgia, para colocar um enxerto. Hoje não, quanto mais sujo o joelho, quanto mais fibras naturais dele, melhor dele para que aquele enxerto que vamos colocar, que ele cicatrize mais rápido. Então, por isso não tem essa situação (de esperar), quanto mais precoce, melhor."

Quando volta a colocar o pé direito no chão

"Teoricamente, o apoio é imediato ao momento em que ele tolerar. Não é uma pressa, mas não há porque retardar. Os instrumentos novos que estão chegando, compramos uma esteira antigravitacional. Você isola o atleta e você pode fazer um trabalho de corrida sem forçar a articulação. Ela foi desenvolvida pela Nasa e você controla a força da gravidade dentro do aparelho. Então, para ele, assim que ele tiver os parâmetros básicos, de condição de corrida, ele vai ser liberado para a esteira."

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