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COPA LIBERTADORES

Com desfalques, Cruzeiro sucumbe ao talento de Lautaro Martínez e leva quatro do Racing na estreia pela Copa Libertadores

Time celeste até teve bons momentos na partida em Avellaneda, mas foi castigado tanto pelas chances desperdiçadas quanto por erros defensivos

Tiago Mattar* Rafael Arruda
Cruzeiro até criou oportunidades em Avellaneda, mas cometeu falhas na defesa e foi derrotado por 4 a 2 - Foto: Ramon Lisboa/EM D.A Press
O Cruzeiro jogou de igual para igual contra o Racing na noite desta terça-feira e fez partida equilibrada no estádio El Cilindro, mas acabou castigado por erros de seu sistema defensivo e perdeu por 4 a 2 em noite inspirada do atacante Lautaro Martínez, uma das maiores joias do futebol argentino. Aproveitando-se de falhas dos zagueiros celestes, o camisa 10 da Academia anotou três gols em lances oriundos de cobranças de falta e escanteio. A Raposa esboçou reação com os tentos de Arrascaeta, na etapa inicial, e Robinho (de falta), no segundo tempo. Contudo, o Racing voltou a ficar folgado no placar ao balançar a rede com o meia-atacante Augusto Solari, sobrinho do ex-jogador Santiago Solari, ex-Real Madrid e Inter de Milão. A partir do quarto gol, os argentinos administraram a grande vantagem e largaram na frente no Grupo 5 da Copa Libertadores.

É preciso ressaltar que a equipe de Mano Menezes não contou com o goleiro Fábio, o lateral-direito Edilson e o zagueiro Leo. Enquanto o primeiro foi liberado para acompanhar o funeral do pai, falecido nessa segunda-feira, os dois últimos cumpriram suspensões relativas a torneios organizados pela Conmebol em 2017 (Libertadores e Sul-Americana). Os substitutos tiveram rendimentos distintos. Rafael não teve culpa nos três primeiros gols, mas poderia defender a finalização de Solari.
Lucas Romero foi firme na marcação e não comprometeu. Já Manoel se atrapalhou ao lado de Murilo e sofreu para conter os avanços da dupla Centurión e Martínez.

Mas mesmo sem as peças importantes – soma-se a isso a substituição do lesionado Fred por Rafael Sobis aos 7min do primeiro tempo –, o Cruzeiro criou muitas chances ao longo dos 90 minutos e mandou duas bolas na trave. Na primeira, com Arrascaeta, a partida estava empatada por 1 a 1. Na segunda, que saiu dos pés de Rafinha, o Racing vencia por 2 a 1. Segundo o Footstats, a Raposa finalizou 12 vezes, uma a mais que seu adversário. Faltou acertar o pé e aproveitar as oportunidades construídas além dos dois gols convertidos.

Lanterna do Grupo 5 – já que o Vasco só enfrentará a Universidad de Chile, em 13 de março, no Rio de Janeiro –, o Cruzeiro só volta a campo pela Copa Libertadores daqui um mês. O jogo em 4 de abril (quarta-feira), às 21h45, será contra o time carioca, no Mineirão. Antes, haverá compromissos pelo Campeonato Mineiro, a começar pelo clássico de domingo com o Atlético, às 11h, no Independência, pela nona rodada. O time celeste lidera o Estadual com 22 pontos, oito a mais que o segundo colocado América. Também no domingo, o Racing enfrentará o Vélez Sarsfield, em Avellaneda, pela 18ª rodada do Campeonato Argentino.


O jogo

Não bastavam apenas as dificuldades da própria partida contra o Racing, adversário complicado e com grande qualidade ofensiva. O Cruzeiro viveu problemas internos antes da estreia pela Copa Libertadores. Um dos pilares do grupo, o goleiro Fábio foi liberado pela diretoria para acompanhar o velório do pai, José Ramão de Oliveira Maciel, falecido na véspera do jogo. De última hora, o time também perdeu o lateral-direito Edilson e o zagueiro Leo, que, segundo a Confederação Sul-Americana de futebol, teriam de cumprir suspensões recebidas na Copa Libertadores e na Copa Sul-Americana de 2017, respectivamente.
Mas o técnico Mano Menezes deu seu jeito. Além da entrada de Rafael, ele confirmou as escalações de Lucas Romero e Manoel.

Taticamente, o Cruzeiro continuou o mesmo, distribuído no 4-2-3-1. E começou tocando bem a bola, com grande espaço no meio-campo e sem ser pressionado pelo rival. Só que aos 6min, a equipe sofreu a quarta baixa. O atacante Fred sentiu dores na panturrilha direita após dividir bola com Donatti na grande área. Ele até pediu à comissão técnica para esperar, mas não teve jeito. Precisou do auxílio do carrinho-maca para deixar o gramado do El Cilindro. Rafael Sobis entrou na equipe, que passou a ter um posicionamento diferente, sem ter a referência na grande área.

Fred se machucou nos primeiros minutos da partida e precisou ser substituído por Rafael Sobis - Foto: Ramon Lisboa/EM D.A Press

Quando a Raposa ainda se organizava em campo, o Racing abriu o placar. Em cobrança de falta pela esquerda, Neri Cardozo achou Lautaro Martínez, o craque da equipe, que desviou a redonda e superou Rafael: 1 a 0. Quatro jogadores argentinos estavam em posição de impedimento, mas o camisa 10 se encontrava atrás da linha do último defensor do Cruzeiro no momento da execução do tiro livre.
Jogada legal.

O Cruzeiro teve momentos atordoados em virtude do gol sofrido e começou a se complicar em campo. Além de não oferecer tanto perigo ao Racing, errou passes fáceis na transição e teve dificuldades para conter os avanços de Martínez e Centurión, sempre pelas beiradas. Mas como é o futebol, né?! Numa situação de lucidez, o time de Mano Menezes conseguiu o empate, aos 29min. Robinho deu belo lançamento para Egído, que dominou bonito e cruzou no segundo pau. O goleiro Musso e o zagueiro Donati, do Racing, não se entenderam, e Arrascaeta cabeceou para as redes: 1 a 1.

O gol empolgou a Raposa. A equipe avançou as linhas e acuou o Racing em seu campo de defesa. Uma pressão intensa aos 31min quase resultou na virada. No primeiro lance, Romero fez um passe longo em direção à área para Rafael Sobis, que chutou em cima de Musso. Na sobra, o camisa 7 rolou para trás, e Arrascaeta soltou a bomba. A redonda explodiu na trave. O Cruzeiro continuou com a posse de bola, e Sobis voltou a finalizar. Musso espalmou para o lado. 

O Cruzeiro, que alternava bons e maus momentos no primeiro tempo, mostrava-se satisfeito com o empate. O resultado parcial estava praticamente garantido, mas uma falta inexistente assinalada por Wilmar Roldán mudou os rumos da etapa inicial. A jogada ensaiada pegou todo mundo de surpresa. Lautaro Martínez ficou ao lado da barreira cruzeirense. No momento da cobrança, desvencilhou-se da proteção ao gol de Rafael e recebeu passe rasteiro de Neri Cardozo. Disperso no lance, Henrique não conseguiu desarmar o camisa 10 do Racing, que, respaldado pela parede feita por Lisandro López em cima de Egídio, chutou rasteiro e fez 2 a 1.

Lautaro Martínez marcou dois gols oriundos de cobrança de falta e um em cruzamento de escanteio - Foto: Ramon Lisboa/EM D.A Press

Seria o momento de recorrer a Thiago Neves no intervalo? Mano Menezes preferiu esperar, até por ter perdido Fred de maneira inesperada nos primeiros minutos. O Cruzeiro voltou o mesmo. Na segunda etapa, procurou fazer de forma semelhante ao início da partida: pressionar a saída de bola do Racing e tocar a bola com calma em busca de espaço para produzir. Aos 8min, o time perdeu uma chance claríssima com Rafinha. O artilheiro do time na temporada apareceu sozinho na grande área, após assistência de Rafael Sobis, e chutou no travessão.

O Cruzeiro pagou caro pelas chances perdidas. Principalmente porque o Racing tem Lautaro Martínez, o atacante que, segundo a imprensa da Argentina, é pretendido pela Inter de Milão – disposta a pagar 33 milhões de dólares por seus direitos econômicos. De estatura mediana – 1,75m –, o camisa 10 subiu mais que Henrique, cinco centímetros mais alto, e cabeceou no canto esquerdo de Rafael: 3 a 1. Foi o segundo hat-trick de Martínez neste mês de fevereiro: ele também marcou três vezes na goleada por 4 a 0 sobre o Huracán, no dia 4, pelo Campeonato Argentino.

Em Libertadores não há time que fique entregue à derrota. O Cruzeiro entendeu esse espírito e foi para cima tentar a reação. Thiago Neves, que entrou no lugar de Arrascaeta, sofreu falta na entrada da área. Naturalmente, era o camisa 30 quem faria o arremate a gol, mas Robinho surpreendeu todo mundo e chutou no ângulo, fazendo 3 a 2 aos 24min. Havia tempo suficiente para a Raposa tentar a igualdade, porém os descuidos defensivos brecaram a reação. Augusto Solari – sobrinho do ex-jogador Santiago Solari (ex-Real Madrid e Inter de Milão) – entrou no lugar de Zaracho e em poucos toques na bola fez o quarto do Racing: 4 a 2. A bola defensável passou por baixo dos braços de Rafael. Nos acréscimos, o lateral-direito argentino Renzo Saravia foi expulso por entrada violenta em Egídio, mas não houve tempo suficiente para que o Cruzeiro se aproveitasse da superioridade em número de jogadores e alcançasse um empate heroico.

Robinho diminuiu em cobrança de falta, mas pouco tempo depois a Raposa sofreu o quarto gol - Foto: Ramon Lisboa/EM D.A Press



RACING 4X2 CRUZEIRO

RACING
Juan Musso; Renzo Saravia, Alejandro Donatti, Leonardo Sigali e Alexis Soto; Nery Dominguez, Neri Cardozo, Matías Zaracho (Augusto Solari, aos 28min do 2ºT) e Ricardo Centurión (Pablo Cuadra, aos 42min do 2ºT); Lisandro López e Lautaro Martinez (Marcelo Meli, aos 36min do 2ºT)
Técnico: Ariel Broggi (Eduardo Coudet suspenso)

CRUZEIRO
Rafael; Lucas Romero, Manoel, Murilo e Egídio; Henrique e Ariel Cabral; Robinho (Mancuello, aos 35min do 2ºT), Arrascaeta (Thiago Neves, aos 21min do 2ºT) e Rafinha; Fred (Rafael Sobis, aos 7min do 1ºT)
Técnico: Mano Menezes

Gols: Lautaro Martínez, aos 13min e aos 44min do 1ºT e aos 17min do 2ºT; Augusto Solari, aos 31min do 2ºT (RAC); Arrascaeta, aos 29min do 1ºT. Robinho, aos 24min do 2ºT (CRU)
Cartões amarelos: Lautaro Martínez, aos 5min, Renzo Saravia, aos 29min do 2ºT (RAC); Mancuello, aos 39min do 2ºT (CRU)
Cartão vermelho: Renzo Saravia, aos 44min do 2ºT (RAC)
Motivo: primeira rodada do Grupo 5 da Copa Libertadores
Estádio: El Cilindro, em Avellaneda-ARG
Data: terça-feira, 27 de fevereiro de 2018
Árbitro: Wilmar Roldán (COL)
Assistentes: Alexander Guzman e Cristian de la Cruz (COL)

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