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Fiel escudeiro de Fábio e pegador de pênaltis, Rafael mostra boa experiência para encarar nova prova de fogo pelo Cruzeiro

Sem o time poder contar com titular, que foi liberado para acompanhar o funeral do pai, reserva tem missão de segurar o Racing na estreia pela Libertadores. Vivência adquirida em 10 anos mostra que ele está preparado

postado em 27/02/2018 15:50 / atualizado em 27/02/2018 20:43

Edesio Ferreira/EM/D.A. Press
Fábio já retornou ao Brasil para acompanhar o funeral do pai, José Ramão de Souza Maciel, que morreu nessa segunda-feira aos 66 anos na cidade de Cassilândia, no Mato Grosso do Sul. Em meio ao luto e às mensagens de solidariedade enviadas ao camisa 1, o Cruzeiro, por óbvio, prepara uma mudança de última hora. Rafael é quem joga na noite desta terça-feira, às 21h30, contra o Racing, no estádio El Cilindro, em Avellaneda, pela primeira rodada do Grupo 5 da Copa Libertadores. Terceiro goleiro, Lucas França viajou às pressas para Argentina e será o reserva imediato.
 
Será a primeira vez que Fábio ficará fora de um jogo de Libertadores pelo Cruzeiro. Desde que foi contratado, em janeiro de 2005, ele participou das 64 partidas disputadas pela equipe em seis edições do torneio continental. Rafael, por sua vez, foi terceiro goleiro em 2008 e 2009 e primeiro suplente em 2010, 2011 e 2015. Em 2014, o camisa 12 passou por uma cirurgia no joelho em fevereiro e não foi inscrito na competição. Elisson ocupou o posto de reserva de Fábio, e Alan completou a relação de goleiros.
 
Rafael é cria da base do Cruzeiro, clube que defende desde agosto de 2002. Nessa época, Fábio atuava pelo Vasco. O goleiro titular da Raposa era Gomes, hoje jogador do Watford, da Inglaterra. Os anos foram passado até o mineiro de Coronel Fabriciano conquistar a Copa São Paulo de Futebol Júnior e o Campeonato Brasileiro Sub-20, ambos em 2007, e enfim subir ao profissional. A estreia ocorreu há quase 10 anos, num amistoso com o América, em 29 de maio de 2008. O time celeste ganhou no Independência por 2 a 1, com gols de Reinaldo Alagoano e Jonathas. Nesse jogo, Rafael entrou no intervalo no lugar de Andrey.
 
Em 2009, Rafael foi destaque da Seleção Brasileira Sub-20 vice-campeã mundial da categoria. Na decisão por pênaltis contra Gana, defendeu as cobranças de Mensah e Addae, mas viu os colegas Souza, Maicon e Alex Teixeira desperdiçarem os tiros livres. O Brasil acabou derrotado por 4 a 3. Se na base o goleiro teve grande projeção, no time profissional do Cruzeiro ele só atuou uma vez naquela temporada. Foi no amistoso contra o Argentinos Juniors, no Mineirão, que marcou a despedida dos gramados do lateral-esquerdo Sorín. Rafael revezou com Fábio e Andrey no gol do time celeste, vitorioso na partida por 2 a 1.
 
A falta de minutos em campo em função da consolidação de Fábio não desanimou Rafael, que seguiu no Cruzeiro como segundo goleiro e sempre recusou possibilidades de ser envolvido em alguma negociação. Em 2011, o camisa 12 teve dois momentos marcantes. O primeiro foi no empate por 1 a 1 com o Palmeiras, no Pacaembu, pela 21ª rodada do Campeonato Brasileiro. Aos 46min do segundo tempo, ele defendeu cobrança de pênalti do volante Marcos Assunção, considerado à época um dos melhores chutadores do futebol brasileiro. Já na 38ª rodada, Rafael atuou no clássico com o Atlético que terminou com goleada azul por 6 a 1 e o consequente livramento da possibilidade de cair à Série B. Fábio, suspenso, desfalcou o time nessa ocasião.

Marcos Michelin/EM/D.A. Press

De 2013 a 2015, Rafael era utilizado em momentos esporádicos. Até que, no segundo semestre de 2016, ganhou uma grande sequência de partidas. O motivo? Fábio sofreu grave lesão no ligamento cruzado anterior do joelho direito no empate por 2 a 2 com o Coritiba, em 14 de agosto, e precisou parar por sete meses. O herdeiro da posição não comprometeu. E foi além, já que teve atuações destacadas em várias partidas do Cruzeiro no Campeonato Brasileiro e na Copa do Brasil.
 
Quando assumiu a titularidade, Rafael tinha 38 jogos pelo Cruzeiro. A sequência na equipe e as partidas realizadas mesmo depois da recuperação de Fábio fizeram o atleta saltar para 96 apresentações. O jogo contra o Racing será o de número 97. Com contrato até dezembro de 2021, Rafael, de 28 anos (fará 29 em junho), é visto na Toca da Raposa II como sucessor de Fábio, que completará 38 em setembro. Nessa terça-feira, na Argentina, o preparador de goleiros Robertinho exaltou as qualidades do reserva e o considerou preparado para encarar mais uma “prova de fogo”.
 
“Sobre o Rafael, eu nem tenho uma preparação especial pra ele num momento como este porque ele está preparado para qualquer situação, essa é minha grande preocupação, sempre foi. Não esperávamos uma coisa tão triste assim, ele jogar por uma situação tão triste, mas o Rafael está pronto e preparado sempre. E esperamos fazer um grande jogo mais tarde”.

Marcello Zambrana/Light Press/Cruzeiro

Em 2018, Rafael fez um jogo pelo Cruzeiro, na vitória por 3 a 0 sobre o Boa, sábado passado, no Mineirão, pela oitava rodada do Campeonato Mineiro. Os poucos ataques da equipe de Varginha praticamente deixaram o goleiro sem trabalhar na partida. Contra o Racing, as exigências serão maiores, já que o setor ofensivo do time argentino conta com os perigosos Lautaro Martínez, Lisandro López e Ricardo Centurión. A Academia vem de quatro triunfos seguidos no Campeonato Argentino: Huracán, 4 a 0; Olimpo, 2 a 1; Lanús, 3 a 1; e Godoy Cruz, 2 a 1.
 
Pegador de pênaltis
 
Conforme citado na matéria, Rafael é exímio pegador de pênaltis. Com 1,92m de altura e envergadura semelhante, o goleiro costuma dificultar as cobranças dos adversários. Ele já defendeu cinco como profissional do Cruzeiro (veja a lista abaixo):
 
1. Palmeiras 1x1 Cruzeiro (Brasileiro 2011): defendeu cobrança de Marcos Assunção
 
2. Cruzeiro 2x1 Atlético-PR (Primeira Liga 2016): defendeu cobrança de Nikão
 
3. São Paulo 1x0 Cruzeiro (Brasileiro 2016): defendeu cobrança de Andrés Chávez
 
4. Londrina 2x2 Cruzeiro (Primeira Liga 2017): defendeu cobrança de Marcinho (em disputa por pênaltis vencida pelos paranaenses por 3 a 1).
 
Goleiros reservas em Libertadores
 
Poucas foram as vezes em que o Cruzeiro utilizou dois goleiros numa mesma edição de Copa Libertadores. Em 1967, o titular era Raul, mas Tonho disputou duas das 12 partidas da equipe. Já em 2001, Bosco esteve em quatro confrontos, pois André, dono da posição, recuperava-se de lesão no joelho. Assim que terminou o tratamento, o camisa 1 regressou ao time e participou de seis jogos – inclusive o do revés nas penalidades para o Palmeiras (4 a 3), no Mineirão. Por fim, em 2004, Gomes fraturou a mão direita no segundo tempo do confronto contra o Deportivo Cali-COL, em Belo Horizonte, pelas oitavas de final. O reserva Artur, então, foi acionado e teve a responsabilidade de defender a meta celeste na disputa por pênaltis. Ele pegou uma das cobranças do time colombiano, mas o Cruzeiro errou três chutes – Alex, Edu Dracena e Dudu – e acabou eliminado (3 a 0).
 
Os goleiros do Cruzeiro em Libertadores desde a ‘era Fábio’:
 
2008 e 2009
 
1- Fábio
12- Andrey
24- Rafael
 
2010
 
1- Fábio
12- Rafael
24- Flávio
 
2011
 
1- Fábio
12- Rafael
24- Gabriel Vasconcelos
 
2014
 
1- Fábio
12- Elisson
24- Alan
 
2015
 
1- Fábio
12- Rafael
24- Elisson
 
2018
 
1- Fábio
12- Rafael
24- Lucas França

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