O que muitos no Brasil podem não saber é da trajetória dele como jogador. Apelidado de “Chacho”, o volante de boa técnica e qualidade em chutes de longa distância fez sucesso em grandes clubes da Argentina nas décadas de 1990 e 2000. O início da carreira foi no Platense. Em seguida, Coudet defendeu Rosario Central – do qual se tornou ídolo –, San Lorenzo, River Plate, Celta de Vigo-ESP, San Luis-MEX, Necaxa-MEX, Colón de Santa Fe-ARG, Philadelphia Union-EUA e Fort Lauderdale Strikers-EUA. Por este último, pendurou as chuteiras aos 37 anos, em 2011.
Com 11 participações e mais de 90 jogos em torneios sul-americanos, Coudet, de maneira até natural, foi adversário dos clubes mineiros. Em 1995, vestiu a camisa número 8 do Rosario Central e enfrentou o Atlético na decisão da Copa Conmebol. Três anos depois, foi a vez de encarar o Cruzeiro na fase de grupos e nas semifinais da Copa Mercosul.
Na Conmebol, o Rosario Central vinha embalado pelas classificações sobre Defensor-URU, Cobreloa-CHI e Atlético Colegiales-PAR. Os argentinos ganharam as seis partidas e chegaram à decisão com 100% de aproveitamento. Já o Atlético passou ligeira dificuldade contra o Guarani de Campinas, atropelou o Mineros de Guayana-VEN com duas goleadas (6 a 0 e 4 a 0) e bateu o América de Cali-COL nas penalidades.
Coudet, que ao longo da competição marcara três gols, passou em branco na decisão. No jogo de ida, em 12 de dezembro, no Mineirão, o volante viu sua equipe ser impiedosamente castigada pelo Atlético com uma goleada por 4 a 0, gols de Ézio, Cairo, Paulo Roberto e Elpídio Silva. Mas o troco veio uma semana depois. Num Gigante de Arroyito tomado por 45 mil torcedores, o Rosario abriu 1 a 0 logo aos 23min do primeiro tempo, com o atacante Da silva. O zagueiro Horacio Carbonari, exímio cobrador de faltas, acertou um canhão do meio da rua e ampliou aos 39min. Um minuto depois, Martín Cardetti fez 3 a 0, em finalização na saída de Taffarel. Acuado, o alvinegro tentou sustentar a pressão, porém Carbonari, dessa vez de cabeça, marcou o quarto. Nos pênaltis, os erros de Doriva e Leandro Tavares custaram caro ao time atleticano, que perdeu por 4 a 3 e amargou a perda de uma taça que estava praticamente em suas mãos.
O título da Conmebol de 1995 foi o único da carreira de Chacho Coudet. Em 1998, o volante bateu na trave a serviço do San Lorenzo e só não chegou à decisão da Copa Mercosul porque havia o Cruzeiro no meio do caminho. Mas os confrontos entre as equipes já começaram na fase de grupos.
Cruzeiro e San Lorenzo deixaram São Paulo e Colo-Colo para trás e foram às quartas de final. Enquanto os mineiros eliminaram o River Plate com vitórias em Buenos Aires (2 a 1) e Belo Horizonte (2 a 0), o Ciclón superou o Racing na disputa por pênaltis, após empates por 0 a 0 e 1 a 1 (não havia a regra do gol qualificado como visitante). E nas semifinais, os oponentes no Grupo A faziam novo duelo. Que terminou favorável ao Cruzeiro, ganhador no primeiro jogo por 1 a 0 e igual no confronto de volta por 1 a 1.
O detalhe da segunda partida, realizada em 2 de dezembro, é que o goleiro cruzeirense Paulo César, já experiente e bastante rodado no auge de seus 38 anos, foi expulso pelo árbitro paraguaio Ubaldo Aquino por supostamente fazer cera. Como já havia efetuado as três substituições – Valdir Benedito, Caio e Marcelo Ramos nos lugares de Djair (autor do gol em cobrança de falta ensaiada), Muller e Fábio Junior –, o técnico Levir Culpi tomou uma decisão inusitada e colocou o atacante Marcelo Ramos como goleiro. Acostumado a fazer tal função em rachões do clube, o artilheiro celeste praticou uma defesa após uma tentativa de avanço do San Lorenzo por intermédio do atacante Acosta. Assim, o Cruzeiro se segurou e avançou à final da Copa Mercosul, da qual foi vice-campeão ao ser derrotado pelo Palmeiras.
Coudet fez parte do bom elenco do San Lorenzo, que contava com o goleiro Oscar Passet (com convocações para a Seleção Argentina) zagueiro Iván Córdoba (ex-Inter de Milão e Seleção Colombiana), o meia Borrelli (ex-Panathinaikos-GRE e Seleção Argentina) o atacante Alberto Acosta (ex-Sporting de Portugal e Seleção Argentina).
O estilo de jogo de constantes chegadas ao ataque como elemento surpresa certamente influenciou Eduardo Coudet na montagem de suas equipes na função de treinador. O jovem comandante, contudo, ainda não conquistou título na carreira. Pelo Rosario, foi duas vezes vice-campeão da Copa Argentina, perdendo para Boca Juniors (2014/2015) e River Plate (2015/2016). No Campeonato Argentino de 2015, ficou em terceiro lugar, com 59 pontos em 30 partidas. O campeão foi o Boca Juniors, com 64, seguido pelo San Lorenzo, que somou 61. No comando do Rosário Central, Chacho contabilizou 81 partidas por competições, com 37 vitórias, 26 empates e 18 derrotas. Ele também trabalhou no Tijuana-MEX, em passagem pouco proveitosa na temporada 2017 (seis triunfos, sete empates e sete reveses em 20 jogos).
No Racing, Eduardo Coudet começou sendo derrotado de virada pelo surpreendente Unión, que faz boa campanha (6º, com 26 pontos), mas logo emplacou sequência de três vitórias sobre Huracán (4 a 0), Olimpo (2 a 1) e Lanús (3 a 1). O primeiro adversário do Cruzeiro na Libertadores de 2018 subiu do 14º lugar, na 13ª rodada, para nono, na 16ª. Com 25 pontos, o time pode saltar na tabela caso vença o Godoy Cruz fora de casa nesta sexta-feira, às 21h15 (de Brasília), pela 17ª rodada do Campeonato Argentino. Consequentemente, o eventual triunfo elevará ainda mais o moral visando ao encontro com a Raposa, às 21h30 da próxima terça-feira, no El Cilindro, pela rodada de abertura do Grupo 5.